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José Antônio – A perereca no leite

Um dos meus primeiros serviços foi de entregador de leite na rua. Eu estudava à tarde e na parte da manhã entregava o leite. Arrumei o serviço no sítio do Carlinho Norato, abaixo do bairro Dom Bosco, na zona rural, chamado “Cachoeirinha”.

Eu já descia à pé. Chegava lá, pegava o cabresto, pegava a eguinha no pasto e levava para o curral, arriava e preparava tudo direitinho. Na hora que ele terminava de tirar o leite, colocava duas latas de leite em cima da eguinha. As latas tinham uma torneirinha para tirar o leite para os clientes. E assim a gente fazia.

Nesse meio tempo, na hora que terminava de tirar o leite, montava o Zé Antônio nessa eguinha e corria a espora. Saía do sítio do Carlinho Norato, passava na porteira do curral do sítio do Zé Astolfo. Subia. Também tinha um terreno do Davi do Couto, onde passava em frente. Já no início do bairro Dom Bosco, na Travessa Ferreira, perto do boteco do Zauro, começava a entrega às primeiras clientes.

Eu gritava: “Óia o leite, dona Maria!”. Ela vinha com a leiteira, tirava um ou meio litro.

Eu debruçava em cima do arreio, onde eu alcançava a torneira e despejava na leiteira das clientes. Eu chamava todas de dona Maria. Elas não gostavam muito de mim. Tinha vez que errava a boca da leiteira e derramava leite no braço delas. Dava um banho de leite em pelo duas todos os dias.

Na segunda cliente não saiu leite nenhum na torneira. Pensei: “Uai, tá errado esse trem! Leite na lata tem!”. Então tirei o leite da outra lata em que tinha tirado para a primeira cliente. Eu não podia destampar a lata na rua e olhar. “Nesse angu tem caroço”.

Subi a Travessa Ferreira, passei na porta do boteco do João Jiló e do Bonito. Cheguei no campinho, onde hoje é o Centro Social Dom Bosco. Resolvi destampar a letã e olhar o que aconteceu. Estava cheia de leite. Despejar o leite não podia.

Enfiei o braço na lata de leite e dei uma mexida. Enfiei o dedo no buraquinho da torneira. Então saiu uma perereca lá de dentro. Ela pulou nos meus peitos, geladinho. Bururupu! Levei aquele susto danado! Até a égua assustou.

Aí fiz o teste na torneira e saiu o leite. Voltei no início rua e entreguei o leite. Não podia jogar fora. Era uma carestia. Uma “pitimba” danada! Entreguei o leite em todas as clientes. Hoje fico olhando os meninos, já homens feitos. Ninguém teve uma “perrenguice” por causa da perereca no leite.  Estão até mais sadios os que tomaram o leite com a perereca.

Ze Antônio
José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM
E- mail: [email protected]
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