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Renaldo Mendonça | Artigo

Foto: Ilustração

Os parentes são muito conhecidos na nossa região, em Lagoa da Prata, oriundos de Japaraíba: Zé do Paulo foi prefeito em Japaraíba, Marialves, esposa do querido e saudoso Lucão, prefeito em Lagoa, foi secretária de governo de Lucas, tendo ajudado tantas pessoas, Newton Cardoso e Maria Lúcia Cardoso, Governador de Minas, Prefeito em Contagem, Deputados Federais de muito prestígio e o filho destes, Newton Junior, também ingressando na carreira política prometendo galgar vários degraus na vida pública.

­­Tudo isso faz do Renaldo uma pessoa ímpar, não apenas pelos parentes importantes, mas por ser ele também muito inteligente. Cursou Direito por alguns semestres, sempre com notas boas, mesmo sem assistir aulas de espécie alguma. Não saía dos bares ao entorno da faculdade.

Infelizmente, Renaldo gosta de uma bebida. Ele não é doido nem nada. Muito inteligente, perspicaz, observador. Gosta de livros, gosta de conversas inteligentes, gosta de boa música, mas com pesar, gosta demais de uma bebida. Passa várias horas do dia embriagado, gritando pelas ruas de Japaraíba. É dócil apesar dos gritos.

Todos da comunidade acham o Renaldo um pouco chato quando ele está tonto. Contudo, gostam muito dele. Você pode reclamar dele. Mas, se você amolar o Renaldo, a comunidade lhe vira as costas.

Ele tendo dinheiro ou não, alguém lhe paga uma cerveja. Os antigos teem-lhe pena, visto conhecerem a família. Saúda todos os seus parentes e amigos. Sente saudade da madrinha, dos seus familiares.

Hoje, mais uma vez, estava a perturbar clientes da lotérica, situada a poucos metros do Quartel da Polícia Militar. Quando via algum militar saindo da sede do Destacamento, gritava: “Aí vem o sargento, calma que vem aí o sargento!”, estilo Fábio Assunção, mas com muito mais dignidade.

O militar, talvez um cabo da polícia, veio ao seu encontro certamente para chamar-lhe a atenção e pedir que se afastasse. Seus gritos e gestos parecem agressivos, mas nada mais são que os seus modos de expressar, sua alegria de viver.

O militar, mais gordo que forte, fez um gesto a chamá-lo para perto de si, tendo o Renaldo o atendido, com rosto sereno e calmo. O militar veio para perto do Renaldo e levantando uma das mãos, como se o indicador fosse-lhe em riste, o Renaldo, para espanto de todos, deu no policial militar um abraço.

Na tentativa do militar em afastar do corpo, o Renaldo, este deu-lhe com vontade um beijo no rosto, desses de encher os olhos.

O povo da lotérica riu… As pessoas das lojas próximas também riram… Aqueles que passavam de carro e haviam visto a cena, igualmente…

O Policial Militar com um sorriso no rosto, a rir do Renaldo e de si mesmo, abraçou-o e andaram juntos, de braços entrelaçados por alguns metros, cerca de meio quarteirão, com gargalhadas fartas e sinceras.

O militar abraçou o Renaldo mais uma vez, e este dirigiu-se ao Supermercado do Roberto, mais conhecido como “supermercado do prefeito”, a buscar alguém para pagar-lhe uma cerveja.

Alguém gritou com o policial, brincando acerca do beijo. Este respondeu de forma terna que havia feito o seu trabalho: afastar o Renaldo para que não perturbasse as pessoas, e de quebra, havia recebido um gesto de carinho, próprio de pessoas honradas, sinceras, alegres, de muito bom coração, o que na verdade constitui a história do Renaldo, história de tantas pessoas, ‘Histórias que o povo conta…

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