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Manter a Esperança ou Desistir? Qual o melhor caminho?

Luciene Morais

“A esperança é a última que morre.’, ” Não devemos perder a esperança.” , são inúmeras as frases prontas que motivam-nos a mantermos a esperança. Mas afinal, será que o melhor que temos a fazer em toda e qualquer situação é mantermos a esperança? Em pesquisa feita nos dicionários online disponíveis no google, encontrei os seguintes significados para o termo ‘esperança’: expectativa otimista baseada na possibilidade de que alguma coisa que se quer muito ocorra; confiança ou fé na hipótese de que algo bom poderá vir a acontecer; designação de espera; tudo o que pode ser considerado irreal, utópico ou quimérico; fantasia, ilusão ou sonho. Os significados encontrados são diversos, mas há algo em comum em todos eles: a espera de que algo bom (possível ou impossível) aconteça futuramente.

Ser capaz de esperar pelo reforço (alívio, satisfação) provido a longo prazo, tolerar frustrações, são habilidades extremamente importantes! Pessoas que não desenvolvem essas capacidades tornam-se impulsivas, imediatistas, incapazes de engajarem-se em projetos de médio e longo prazo. Apresentam maior probabilidade de desenvolverem comportamentos compulsivos, comumente associados a vícios e dependência química.Imagine-se vivenciando as seguintes situações: estudando por um longo período, para então prestar vestibular ou concurso; cursando faculdade por 5 anos para, então formar-se; economizando dinheiro e juntando mensalmente uma quantia, para então comprar o automóvel desejado. Essas são situações cotidianas que exigem de nós a capacidade de mantermo-nos comportando, mesmo diante de privações e punições, com a esperança de futuramente acessarmos algo reforçador. Entretanto, apesar dos esforços, não há certezas quanto a atingirmos o objetivo!

Em reportagem exibida pelo programa Fantástico, em 2019, apresentaram a história de vários garimpeiros que, com a esperança de conseguirem ouro, mudaram-se para a região de Serra Pelada, sudeste do Pará. Manoel, garimpeiro, há 40 anos, deixou família, amigos, trabalho e mudou-se para a região, onde permanece garimpando e com a esperança de bamburrar, ou seja, encontrar uma grande quantia de ouro. Apesar de amigos e familiares aconselharem ele a voltar para a casa, ele não tem perspectiva de desistir, pois mantém a esperança. É a esperança ( e certamente outros sentimentos, que não cabe explorar neste texto) que mantém Manoel focado na possibilidade de encontrar ouro, deixando de lado vários outros aspectos de sua vida. Dirá que valeu a pena manter a esperança, caso encontre ouro. Não estando mais em condições de garimpar, ao notar que não encontrou ouro algum, talvez ele diga que não valeu a pena ter mantido a esperança,

Conheço pessoas que tentaram vestibular para Medicina por 3 anos, desistiram e fizeram outro curso. Algumas continuaram tentando e depois conseguiram. Outras, ainda continuam tentando.Onde há esperança há também incertezas, expectativas, sonhos. Não há como afirmar que o esforço será recompensado, o que existem são probabilidades. Cabe salientar, no entanto, que é preciso estabelecer limites até mesmo para a própria esperança! Na esperança de atingir um objetivo, uma pessoa pode comportar-se de forma estereotipada e repetitiva, demasiadamente hiperfocada. Assim, deixar de comportar-se em outras áreas de sua vida, privando-se inclusive, de outros reforçadores disponibilizados pelo mundo. Desistindo ou mantendo a esperança, o que de fato importa é o cuidado a manter-se consigo durante a caminhada. Cabe lembrar que a vida não é só sobre chegar lá, mas sobre o caminho que fazemos para chegar.

Luciene Morais
Psicóloga CRP 0437799
Especialista em Neuropsicologia e Terapia Comportamental e Cognitiva.

* A reportagem apresentada pelo Fantástico por ser acessada em pesquisa no You Tube por: 40 anos depois a Serra Pelada ainda fascina garimpeiros

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