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Luis Tatico e o Monsenhor

Como todos sabem, não pergunto maiores detalhes sobre as histórias que me contam. Simplesmente as transcrevo como ouço e é só. Esta, por exemplo, é ótima e contaram-me na Praça da Matriz.

Bem, há algum tempo atrás, o Tatico, figura muito querida em nossa cidade, sempre aprontava das suas pregando peças nos amigos e nos demais desavisados. Alguns casos ele jurava de pé junto que eram verdadeiras. Contava com tal eloquência que até os mais chegados caíam em suas peças.

Na Praça do Cruzeiro, existia um bar bem na esquina, de frente para a praça (bons tempos aqueles), o coreto, as árvores, crianças brincando, alegres. Sombra fresca e descanso para os de mais idade. Diversão para os mais jovens. Estava lá muitos amigos reunidos.

O Tático sempre por lá passava, principalmente naquele dia: domingo pela manhã, bem cedo. Neste dia, passou ao largo do bar: taciturno, cabisbaixo, passou direto; mãos cruzadas atrás das costas, olhar triste, de quem está com um pouquinho de raiva. Os amigos estranharam e saíram todos para fora do bar dizendo: – Ô Tatico, quê isso rapaz? Venha cá, conte uma das suas histórias pra gente…

O Tatico, que não gostava que fizessem galhofas com as suas anedotas foi logo disparando: – Olha que hoje não estou pra brincadeiras. Vocês bebendo logo hoje, nesta data triste? Vocês estão de gozação comigo, insensíveis!

Os amigos do bar se entreolharam, não sabendo o porquê de tudo aquilo, tentaram contornar o imbróglio: – ô Tático, que isso! Venha cá e conte-nos o que acontece.

– Olha que vergonha, disse Tatico. Você bebendo e se divertindo… estão tripudiando do bom nome e da lembrança do nosso “Monsenhor” que hoje visita a Deus e pede a Ele por nós! Olha só isso!

Todos do bar ficaram baratinados, jogaram a bebida dos copos fora, vestiram camisas, o dono do bar fechou as portas afirmando que no dia da morte do Monsenhor ninguém mais beberia no seu bar e que o Tatico tinha toda razão. – Que Vergonha, Meu Deus!

Tatico foi-se, em direção à rua Modesto Gomes enquanto passavam os “fueiros” da Usina apinhados de gente se segurando uns aos outros pela rua afora.

Após alguns minutos, os amigos do bar já devidamente banhados e de “roupa de ir à missa” chegaram todos à Igreja Matriz para o suposto “velório do Monsenhor”. Qual não foi a surpresa de todos quando já à porta da Igreja foram recebidos pelos diáconos e obreiros da igreja. Aliás, muito bem recebidos uma vez que só iam à missa em casamentos de parentes e batizados dos filhos. Em nenhum outro dia. Apenas nesses… ao longe viram o Monsenhor a rezar a missa e agradecer a presença dos fiéis. Muito envergonhados e com uma baita raiva do Tatico se sentaram com as esposas nos bancos e se colocaram a acompanhar o cerimonial.

O Tatico, feliz da vida, estava todo que todo lá na frente da igreja, com um sorriso de canto de boca, alegre como se tivesse ganhado na quina da loteca. Naquele dia, o Tatico faria a leitura do cerimonial e queria que todos o vissem. Conseguiu realmente levar todos os amigos numa missa comum, dominical. Dizem as boas línguas que alinda levou 100 mil cruzeiros do dono do bar pela aposta feita.

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