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José Antônio – O caso do “toicinho”

Essa foi de arder!

Eu era menino e gostava muito de fazer favor para os outros. Andando ali perto do antigo bar do Zé do Tião, encontrei com a Vardete, do Jerônimo. Ela me disse:

–  Ô Zé Antônio, eu to com toicinho aqui e preciso de um favor. Te dou quarenta cruzeiros. Até não tenho o dinheiro agora, mas quero que você entregue esse toicinho na casa da Lúcia (do Xisto do Jerônimo, irmão da Valdete).

– Por que? O que aconteceu? – disse a ela.

O Zico Cabral tinha um armazém e ele costumava matar uns porcos. Ele já tinha os seus fregueses e entregava as carnes em casa. E assim mandou na casa do Xisto. A Lúcia recebeu o toicinho e depois de arrependeu. Disse que naqueles dias não estava com paladar para comer toicinho. Lucia, então, pediu à Valdete, a cunhada dela, para devolver o toicinho no Zico Cabral.

A Valdete então foi lá e o Zico não aceitou o toicinho de volta. Então, para ela não ficar para lá e para cá, me pediu a ajuda para tomar conta desse toicinho. Eu disse:

– Pode deixar comigo!

Bati na casa da Lúcia do Xisto (ela morava ali perto da casa do saudoso Afonsinho, perto do bar do Betinho do Rasteira, no Dom Bosco. Falei para a Lúcia:

– O seu Zico Cabral não quer o toicinho não. É para você ficar com ele?

– Mas que toicinho?

– A Valdete me pediu o favor de te entregar o toicinoh.

– Não vou ficar, Zé Antônio. Você pode levar para o Zico Cabral.

Eu com o sentido nos quarenta cruzeiros que a Valdete falou que ia me dar, fui lá no Zico Cabral. Falei:

– A Lúcia não vai querer o toicinho não.

Ele disse:

– ‘Cê pode ir embora daqui. É para eles ficarem com o toicinho.

Era de manhã e o sol já estava quente. O toicinho estava num papel de embrulho, que começou a derreter em meus braços. Era uns cinco quilos de toicinho. Então voltei para a casa do Xisto.

Quando eu cheguei lá na casa da Lúcia novamente, disse a ela que o Zico

Cabral não iria ficar com o toicinho. A Lúcia falou que também não queria. Resolvi me arriscar e voltei no Zico Cabral. Ele ficou bravo:

– Eu já falei! ‘Cê desaparece daqui que não quero ver ‘ocê’ e nem o toicinho! Pode sumir daqui, baixinho!

O Zico Cabral estava nervoso demais. Mas a Lúcia também estava. O recurso era voltar na Lúcia novamente.

Passei na porta do bar do Zé do Tião, passei também na porta do Bastião Dino, pai do Zé, que também tinha um armazém. Nesse meio tempo parei na porta do saudoso Silvio, que consertava relógio.

Cheguei na casa da Lúcia e gritei:

– Ô, Lúcia!

Lá do quintal ela já berrou:

– Se for o toicinho com você e tudo pode desaparecer da minha porta. Some daqui!

Pensei: se eu jogar esse toicinho fora, meu pai vai fazer eu pagar esse toicinho. O jeito era voltar no Zico Cabral. Cheguei lá igual como se estivesse com uma batata quente na mão. Caía toicinho para todos os lados. Quando eu cheguei, ele deu um salto mortal de dentro do balcão para fora e veio em minha direção para me catar pelos colarinhos.

Joguei esse toicinho nos pés dele e corri. Estou correndo até hoje! Já não vi toicinho, nem Zico Cabral, nem a Valdete com os quarenta cruzeiros, nem a Lúcia… Esse foi o pior favor que eu fiz. Ô peleja!

 

José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM E- mail: bandeirantes@isimples.com.br
José Antônio – Locutor da rádio Samonte FM
E- mail: [email protected]
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