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Carlos Lúcio Gontijo – De García Márquez a Einstein

Carlos Lúcio Gontijo é Poeta, escritor e jornalista | www.carlosluciogontijo.jor.br

Gabriel García Márquez escreveu: “O mais importante que aprendi a fazer depois dos quarenta anos foi a dizer não quando é não”. Eis aí uma frase irretorquível, pois o tempo vai, realmente, nos ensinando. Hoje, por exemplo, quando um radical me provoca, chamando-me para transformar a discussão de ideias num ringue, eu não vou… Aprendi que o problema de pessoas assim é com elas mesmas – e eu não vou lhes servir de para-raios.

Demoramos muito a compreender que não há como ser ouvido por quem não quer nos escutar. O suicida você o salva uma, duas, três vezes, mas um dia ele acabará alcançando o seu desejo de morte! Estou na estrada literária desde 1977, quando lancei dois livros e, a partir dali, já são 17 livros e duas segundas edições, o que me deu uma visão clara de quem é mesmo de leitura, de quem é de fato apoiador de cultura.  Em muitos casos, há escritores com dois, três livros editados e que nunca prestigiam (ou prestigiaram) os colegas em suas noites de autógrafos.

O ensino brasileiro precisa de uma reforma urgente na qual a cultura seja contemplada como alicerce e moldura do conteúdo, que sozinho não tem o poder de sensibilizar e humanizar o aluno. Quando o ensino se desatrela da cultura, que carece de abertura para ações extracurriculares, transformamos a escola em fábrica de gente desprovida de sensibilidade e compromisso social, agindo como se ignorantes fossem.

Assim como até pouco tempo cuidar de saneamento não era questão integrante de programas de governo, porque canos e manilhas ficam debaixo da terra e não têm como receber reluzentes e visíveis placas aos olhos da população, também não encontra o devido apoio a verdadeira cultura, aquela que agrega público mais restrito, seletivo, mas que por outro lado é a essência da raiz familiar, moral, espiritual, comportamental e histórica da sociedade, firmando regras e conceitos de senso comum, fatores indispensáveis à convivência harmônica e pacífica em comunidade. Dessa forma, quanto maior é o desprezo pelas tradições folclóricas e culturais maiores também são o individualismo e o desrespeito pelo próximo – e tome violência!

Através da palavra a educação ensina, mas quem guia é a cultura, por intermédio do exemplo. Tudo indica que estamos, então, formando alunos com conteúdo (conhecimento) e sem capacidade de análise crítica, o que é determinante para a deterioração das estruturas sociais, que caem nas mãos de espertos agentes e gestores do mundo político, dispostos a tirarem proveito da inércia e baixo poder de mobilização da sociedade, que mesmo quando age aceita a intromissão de descomprometidos grupos aproveitadores.

Preparo-me para apresentação aos leitores do livro infantil “O guarda-chuva do Simão” e a faço graças ao apoio de alguns bons amigos, à força do meu idealismo e ao estímulo de minha família, que compreende e aceita o meu investimento na propagação de minhas ideias, ao longo dos últimos 38 anos, seja no jornalismo, na literatura, na poesia ou em meu site (no qual se encontra exposta, em livre e total acesso, toda a minha obra), que neste ano de 2015 completa 10 anos no ar da virtualidade, sob o patrocínio de primeira hora do “Credimonte”.

O Brasil não dispõe de política cultural e, por intermédio da Lei Rouanet, instalou-se a prejudicial cultura empresarial, pois ao empresário só interessa (quase sempre) produto artístico que seja palatável e comercial, capaz de ser rapidamente aceito e consumido pelo público, independentemente de seu valor cultural. Hoje, para se projetar uma única música no território nacional afora é necessária a colossal soma de pelo menos 500 mil reais.

Para terminar, como abri este texto com frase de García Márquez, e fazendo jus às dificuldades que sempre enfrentei no que diz respeito à busca de apoio para edição e lançamento de meus livros, eu o fecho com pensamento de Albert Einstein: “Eu sou grato a todos aqueles que me disseram não. Por causa deles, eu mesmo fiz”.

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