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Artigo: Como me relaciono com o diferente?

Flávia de Castro Silva – CRP 04/45856 Psicóloga e atende no Espaço Crescer/ Maria Bruna Mota Pereira – CRP 04/45107 Psicóloga e atende na Clínica Reabilitar e ASAP.

Diante da notícia de uma palestra de título “Como prevenir e reverter a homossexualidade”, que segundo divulgação ocorreu no último dia 24, questionamentos e reflexões surgiram em muitas pessoas, grande parte psicólogos.

Isso porque, a partir do código ética da profissão, não é permitido que o psicólogo induza a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou quaisquer tipos de preconceitos. Seria no mínimo estranho que um profissional conhecido por ser aquele quem escuta sem julgamento utilizar em suas atividades de pensamentos que não respeitem à diferença.

Mas indo a frente à discussão central desse texto, pensemos na proposta da palestra referida. Em primeiro lugar, homossexualidade não é doença, por isso não se emprega mais o termo “homossexualismo”, com o sufixo -ismo, que significa doença. Aí já surge um contraponto: não se previne algo que não é doença, nem considerado adoecedor do ponto de vista psíquico. Nesse mesmo sentido, também não há o que reverter, porque homossexualidade não é patologia, mas um modo de orientação sexual. Por que, então, muita gente ainda pensa dessa forma? Porque o diferente ainda não é visto como normal.

Tudo aquilo que é diferente da maneira como pensamos assusta, claro, pois por mais que o ser humano tenha capacidade para ir além, também traz em sua essência a tendência natural a evitar o novo, simplesmente pelo medo do que pode acontecer, seguindo na linha do dito popular que diz que “em time que está ganhando não se mexe”. Com a orientação sexual não é diferente.

De um modo geral fomos criados em famílias nucleares, recebendo a educação de quem homem deve se relacionar com mulher e ponto. Estamos acostumados a lidar apenas com o que está dentro dos padrões “normais”, de maneira que tudo o que não respeitar o padrão deve ser evitado e até exterminado. Mas o ser humano é muito mais complexo que um padrão cultural.

Prevenir a homossexualidade diz unicamente do preconceito e da ausência de tolerância com o diferente. De um resquício higienista da lógica manicomial, que tinha por objetivo varrer das ruas os excluídos. Mas ser diferente é NORMAL! É a diferença que marca cada sujeito como único; é a diferença que faz cada ser humano especial à sua maneira.

É preciso aceitar que o mundo muda a todo tempo, e assim também as pessoas. A homossexualidade, na verdade, sempre existiu, desde a Grécia Antiga e Roma. Hoje, apenas é mais aparente, talvez porque a população mundial é mais numerosa, talvez porque as pessoas começam a se libertar e se aceitarem, criando coragem para enfrentar a opinião alheia.

Cada um tem o direito de ser como é, de ter e emitir sua opinião, seja filosófica, moral, religiosa ou do que desejar. Vivemos num país livre, onde a convivência com a diversidade não deveria ser tema para discussão. Mas se ainda é, cabe continuar com as lutas contra injustiças e pensamentos ofensivos.

Pergunte-se; questione-se, reflita! Qual o real motivo que lhe faz abominar algo ou alguém que é distinto de você? Pode ser que a intolerância à diferença diga mais de você do que do outro.

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