O problema da falta de água em Pará de Minas pode ter uma solução dentro de cinco dias. Isso porque a Prefeitura enviou um projeto que prevê investimentos para a cidade à Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que deve apreciar o documento e dar uma resposta na próxima semana. O impasse, que teve início em outubro de 2013, é sobre o contrato de prestação de serviços da estatal, já vencido. A Prefeitura exige investimentos e a Copasa quer o contrato de concessão.
Mas enquanto o impasse não é resolvido, os moradores enfrentam sérios problemas, que oG1 acompanha desde o início. Por várias vezes a população teve cortes e rodízios no abastecimento. O problema foi amenizado com algumas chuvas na região durante alguns meses, mas não foi suficiente para evitar a falta de abastecimento.
[pull_quote_left]Tudo isso pela falta de abastecimento. Isso gera um transtorno muito grande porque não tem nem como pedir ajuda dos vizinhos, pois falta água no bairro todo. Esse problema tem sido constante[/pull_quote_left]
A dona de casa Silmia Darc Espindola mora com cinco filhos e uma neta de um ano. Na casa dela as louças já ficaram amontoadas em cima da pia e as roupas sujas ficaram sem espaço no tanque. “Tudo isso pela falta de abastecimento. Isso gera um transtorno muito grande porque não tem nem como pedir ajuda dos vizinhos, pois falta água no bairro todo. Esse problema tem sido constante”, contou.
[pull_quote_right]Se eu quiser tomar banho eu preciso esperar. A água que vem não é suficiente para encher a caixa, então eu fico acordado, só esperando a água cair na caixa. Mesmo assim tenho que tomar banho bem rápido[/pull_quote_right]
Cleiton Wilham dos Santos é filho da dona de casa e disse que tem ficado madrugadas acordado esperando a água chegar. “Se eu quiser tomar banho eu preciso esperar. A água que vem não é suficiente para encher a caixa, então eu fico acordado, só esperando a água cair na caixa. Mesmo assim tenho que tomar banho bem rápido”, salientou.
serviços domésticos
Os serviços domésticos da casa de Zilda Maria Anastácio muitas vezes foram feitos pela madrugada, quando a água chegava em épocas de rodízio. Para não deixar os afazeres domésticos pendentes, Zilda mantêm uma caixa de água reserva. “Se não for assim não tem jeito. Já faltou água aqui em casa três dias seguidos. Precisamos dessa água para lavar louça e as roupas. Mas até para o banho já tivemos que pegar dessa água reserva que não serve para o consumo”, contou.
Tatiane Nunes de Oliveira é comerciante e também tem sofrido com a falta de abastecimento. “Água tem sido item de luxo ultimamente. Preciso manter o supermercado limpo, mas dessa maneira não tenho condições. Na minha casa o problema é o mesmo”, relatou.
Sem solução
Enquanto a Copasa é acusada pela Prefeitura de não fazer nenhum investimento nos últimos 35 anos, a empresa rebate e diz que já investiu nesse prazo mais de R$ 100 milhões, um dos investimentos citados pelo diretor da região Metropolitana de Belo Horizonte, pela Copasa, Juarez Amorim, foi o de transporte de água do Rio Paraopeba para a cidade. “O fato de não ter havido a renovação do contrato nos últimos 55 meses impossibilitou investimentos superiores a R$ 50 milhões. Estamos exatamente fazendo manutenção no sistema e aguardando uma definição. Além disso, temos um problema na cidade que é a crise hídrica, problema que não é só do município, mas generalizado”, explicou.
[pull_quote_left]A empresa não fez nenhum investimento para a cidade. Essa falta de água era previsível, tínhamos água, tínhamos renda e agora com esse problema o que se percebe é que não houve investimento e nem planejamento prévio. A Copasa quer o contrato, mas sem nenhum investimento[/pull_quote_left]
“Nem com R$ 60 milhões se resolve o problema de falta de água em Pará de Minas”. Essa é a afirmação do prefeito Antônio Júlio, que voltou a afirmar que não houve planejamento da Copasa para enfrentar a crise hídrica. “A empresa não fez nenhum investimento para a cidade. Essa falta de água era previsível, tínhamos água, tínhamos renda e agora com esse problema o que se percebe é que não houve investimento e nem planejamento prévio. A Copasa quer o contrato, mas sem nenhum investimento”, afirmou o prefeito.
Em outubro do ano passado foi decretado estado de calamidade pública na cidade por falta d’água. A Copasa informou na ocasião que água chegaria em cada região da cidade, a cada 24 horas. A cozinha de Gislaine Silva já não aguenta a situação e espera que o problema seja resolvido. “Espero que agora tenha uma solução de fato. A população já não aguenta mais passar por tudo que está passando. Se isso não se resolver teremos que tomar atitudes radicais como nos mudar da cidade”, afirmou.
Dentro de cinco dias a Copasa deve se pronunciar informando se haverá ou não acordo com a Prefeitura. “Com acordo ou sem acordo iremos resolver esse problema. Seja com a Copasa ou com qualquer outra empresa”, finalizou Antônio Júlio.
Fonte: G1
Fotos: Tv Integração e Anna Lúcia Silva