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Jovens, bebida e direção: uma combinação perigosa

Psicóloga explica o que se passa na cabeça de jovens que assumem o risco de dirigir alcoolizados

 

Um jovem casal santantoniense morreu após o veículo em que estava bater em um poste de energia elétrica. O acidente aconteceu no último dia 11 após os namorados Geraldo Magela da Silva Filho (20) e Bianca Caroline Rodrigues Silva (18) saírem de uma festa.

Na madrugada do dia 11 de abril, os amigos Vinícius e Diego voltavam para Lagoa da Prata, quando bateram de frente com um caminhão na rodovia MG429, no trecho entre Samonte e Lagoa da Prata. Os dois faleceram no local.

De acordo com a polícia, não pode se afirmar que esses jovens estavam sob efeito de álcool antes de um laudo da perícia, mas a imprudência sim, é a principal causa de acidentes de trânsito com vítimas fatais, principalmente
os jovens. A imprudência neste caso, segundo a polícia, seria dirigir
após ingerir bebida alcoólica (mesmo que seja “apenas” um copo de cerveja”),
com sono, fazer ultrapassagens em locais proibidos, direção agressiva,
entre outros.
Um levantamento da Polícia Rodoviária Estadual da região de Formiga mostra que 57 jovens morreram em acidentes de trânsito nas rodovias entre janeiro de 2012
a abril de 2014. Dessas vítimas, pelos menos 26 apresentaram sinais de terem
ingerido álcool.

Estatística

infográfico

 

De acordo com o Cabo Bessas, da Polícia Militar em Santo Antônio do Monte, nos últimos anos os acidentes com jovens vêm aumentando e muitos estão relacionados com o excesso de bebidas. “Os jovens saem para beber e sequer lembram que, ao dirigirem, colocam em risco a própria vida e a vidade outras pessoas”, afirma.
Segundo o soldado Henrique, da Polícia Rodoviária, é muito comum em uma ocorrência de acidente que foi ocasionado pelo excesso de bebida a pessoa nem saber dar detalhes do que aconteceu. “Muitas vezes eles nem conseguem explicar o acidente. Na delegacia, às vezes mal conseguem lembrar sua data de nascimento, dizem apenas o nome, e quando perguntamos sobre a carteira de
motorista, eles não sabem dizer. E muitas vezes, quando vamos averiguar, descobrimos que a tal carteira não existe e nunca existiu. Ou seja, imprudência em cima de imprudência”, lamenta o soldado.
CAMPANHA NA WEB
A morte do jovem casal em Santo Antônio do Monte causou uma comoção entre os moradores da cidade. Uma campanha educativa foi criada e divulgada na internet por meio do Facebook e Whatsapp, na qual os internautas
prestam condolências às famílias de Geraldo e Bianca e alertam sobre a prevenção: “Jovem, se você não se preocupa com você, pense na sua mãe e na sua família”; “Jovem, você pode salvar a vida do seu amigo e a felicidade da família dele se fizer duas coisas simples: tomar a chave do carro dele e trocar o copo de bebida dele por um copo de refrigerante. Ele pode brigar com você na hora, mas vai lhe agradecer no dia seguinte. Se você é apenas conhecido, peça a um amigo dele para fazer isto”; “Garçons e seguranças, vocês estão sóbrios na festa e podem salvar vidas apenas pedindo aos amigos do jovem alcoolizado para fazer o que está escrito acima”; “Jovem, não ache graça do amigo bêbado, pode ser você amanhã. Precisamos cuidar uns dos outros, senão continuaremos a perder amigos, primos e irmãos”.

 

Entrevista com a Psicóloga Especialista em trânsito

 

Natural de Santo Antônio do Monte e residente em Lagoa da Prata, a psicóloga Patrícia Ângelo Pinto, especialista em trânsito, explica o que se passa na cabeça do jovem ao assumir a direção de um veículo.

[pull_quote_left] O jovem não acredita que o acidente pode acontecer com ele.[/pull_quote_left]

JORNAL CIDADE: O que o automóvel representa no inconsciente
da pessoa?
PATRÍCIA: O carro funciona não somente para o jovem, mas para todos os condutores, como o prolongamento do eu. Muitas vezes a pessoa faz do veículo uma arma. Quando a pessoa pega o carro, a personalidade dela está ali. E em se tratando de jovens, que são aventureiros, com ou sem habilitação, ele gosta de testar os limites, o que é característica da idade. O jovem não acredita que o acidente pode acontecer com ele.

 

 

JORNAL CIDADE: O jovem gosta de testar os seus limites…
PATRÍCIA: É comprovado cientificamente. A pessoa alcoolizada reduz a capacidade de percepção e afrouxa os limites que ela tem. Se eu tenho uma censura do que eu não posso fazer, com o álcool, eu faço. O jovem já tem essa
ideia de desafiar os limites, e o álcool só ajuda.

 
JORNAL CIDADE: O álcool está relacionado com muitos
acidentes. Como a família pode atuar para evitar uma
tragédia no trânsito?
PATRÍCIA: Isso é complicado. Até os 18 anos o jovem não ouve o que os pais falam. Eles apenas ouvem o grupo ao qual pertencem. É neste grupo que os pais
devem ficar atentos. Olhar sempre com quem o filho anda. É um grupo que bebe? É um grupo que usa drogas? Os pais devem orientar e dar exemplo. O correto é trazer o grupo de amigos dos filhos e conversar, tentar convencê-los, pois o filho só ouve o grupo e raramente os pais.

 

JORNAL CIDADE: Quer dizer que o exemplo deve vir de berço?

PATRÍCIA: Muito se fala que isto é um problema do governo. Mas é o exemplo em casa que muda atitudes. Se você vai sair com seu filho no carro, use cinto de segurança e faça a revisão no carro. O filho cresce vendo o pai beber e dirigir, e isso passa a ser normal para ele. Tem pais que ensinam os filhos a dirigir antes da hora e quando o menino completa 15 anos ele vai e dá um carro. Quer dizer, ele não ensina que o correto é esperar até os 18 anos e ir para um centro de formação de condutores. Tudo isso que tem acontecido é uma consequência de vários erros que foram cometidos lá atrás. Hoje se compra muito facilmente um carro e uma moto, tudo ficou muito fácil. É fundamental também que se preconize a educação nas escolas, pois criança leva as coisas muito a sério. É fundamental educar as crianças para que se tornem jovens mais conscientes.

[pull_quote_right]Se eu dei um carro para meu filho, eu preciso saber como é que ele está fazendo uso deste veículo.[/pull_quote_right]

 

JORNAL CIDADE: A educação dos filhos é responsabilidade,
principalmente, dos pais?
PATRÍCIA: A família pode educar, mas não ser responsabilizada, pois muitas vezes os jovens saem com o carro e os pais nem sabem. O jovem é muito influenciável. Os acidentes podem ser evitados através da educação, isso é um fato. Observar os filhos é fundamental para prevenir muita coisa. Se eu dei um carro para meu filho, eu preciso saber como é que ele está fazendo uso deste veículo.

Patrícia Ângelo Pinto - Psicóloga Especialista em Trânsito
Patrícia Ângelo Pinto – Psicóloga Especialista em Trânsito
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