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Doença de Parkinson e Parkinsonismo: diferenças, sintomas e tratamento

O médico Emanuel Miranda, especialista em geriatria, ressalta importância do diagnóstico precoce.

Stefani Couto


O mês de abril é dedicado à conscientização sobre o Parkinsonismo, uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, rememora a contribuição do médico inglês James Parkinson, que foi o primeiro a descrever a doença em um estudo publicado em 1817, o que resultou na nomenclatura em sua homenagem.

A data destaca a importância de compreender os desafios enfrentados pelos pacientes e suas famílias, bem como os avanços e tratamentos disponíveis para melhorar a qualidade de vida dos afetados pelo Parkinsonismo. A reportagem do Jornal Cidade conversou com médico Emanuel Miranda, especialista em geriatria, para esclarecer as principais diferenças entre essas condições e abordar os desafios do tratamento.

“Na realidade, esses dois conceitos muitas vezes confundem as pessoas. O parkinsonismo é uma alteração do movimento. As alterações comuns são bradicinesia que basicamente é a lentificação e na redução de amplitude na realização de movimentos, tremores principalmente no repouso, rigidez ou “endurecimento” do corpo e em alguns casos quedas devido a dificuldade de se manter a postura. Quando a pessoa possui os sintomas do parkinsonismo e alterações em uma área específica do cérebro fazemos o diagnóstico de Doença de Parkinson, que é a mais comum, mas não a única causa de parkinsonismo”, explica Emanuel.

O diagnóstico do Parkinson e do Parkinsonismo é realizado clinicamente, com base nos sinais e sintomas da doença. Alguns exames, como a Ressonância Magnética do Encéfalo, podem ser utilizados para excluir outras causas de parkinsonismo, mas geralmente não são necessários para o diagnóstico. “Em geral, quando há suspeita da doença, iniciamos o tratamento e avaliamos a resposta ao medicamento”, afirma o especialista.

SINTOMAS

Os sintomas do Parkinsonismo também podem variar em gravidade e progressão, dependendo da causa subjacente. Em algumas formas de Parkinsonismo, os sintomas podem progredir mais rapidamente do que na doença de Parkinson.

“Além dos sintomas que já citamos, como a bradicinesia, tremor, rigidez e instabilidade postural, ou seja, o parkinsonismo, as pessoas com doença de Parkinson podem apresentar outros sintomas como diminuição dos movimentos da face, alterações na letra ao escrever, dificuldades para falar, alterações da forma de andar, fadiga, depressão, ansiedade, dificuldade para dormir, constipação intestinal ou mesmo alterações da memória”, alerta o doutor.

TRATAMENTO

O tratamento do Parkinson e do parkinsonismo é baseado principalmente em medicamentos dopaminérgicos, como o carbidopa/levodopa ou os agonistas dopaminérgicos. Outros medicamentos, como inibidores da COMT, inibidores da MAO-B e a amantadina, também podem ser utilizados. Além dos medicamentos, a fisioterapia, a atividade física com exercícios aeróbicos e exercícios resistidos, e o treinamento de equilíbrio são importantes no tratamento dessas condições.

“A base do tratamento da doença de Parkinson são medicamentos que chamamos de “agentes dopaminérgicos”, como o carbidopa/levodopa ou os agonistas dopaminérgicos. Outros medicamentos que são utilizados são inibidores da COMT, inibidor da MAO-B a amantadina, entre outros. Existem também alguns tipos de tratamento cirúrgico, que são promissores, mas ainda não estão muito disponíveis em nosso meio. Os nomes são difíceis, mas basicamente são medicamentos que ajudam a melhorar os sintomas. Devemos lembrar que tão importante quando os medicamentos são a fisioterapia, a atividade física com exercícios aeróbicos e exercícios resistidos e o treinamento de equilíbrio, além do tratamento dos outros sintomas associados.”

Os principais desafios no tratamento do Parkinson e Parkinsonismo estão relacionados ao fato de se tratar de uma doença crônica, onde o controle dos sintomas é o objetivo, já que não há cura. “Os grandes desafios no tratamento da doença de Parkinson estão relacionados ao fato de se tratar de uma doença crônica, onde falamos em controle e não em cura. Devemos ter em mente que o acompanhamento em longo prazo é essencial, e manter essas pessoas motivadas no decorrer do tratamento é um desafio. Além disso, temos os desafios do diagnóstico e da disponibilidade dos medicamentos, de profissionais para o tratamento não medicamentoso e de médicos especialistas para o acompanhamento, principalmente no Sistema Único de Saúde, que é a realidade da maioria das pessoas”.

O doutor Emanuel Miranda, especialista em geriatria, destaca a importância da abordagem multidisciplinar no tratamento do Parkinson e Parkinsonismo. “É fundamental trabalhar em equipe, com médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros profissionais de saúde, para proporcionar um cuidado completo e abrangente aos pacientes”, enfatiza Miranda.

Ele também ressalta a importância do acompanhamento em longo prazo e da motivação dos pacientes. “A doença de Parkinson é crônica e não tem cura, mas com um tratamento adequado e a adoção de hábitos saudáveis, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. É importante manter-se motivado e perseverar no tratamento, mesmo diante dos desafios que podem surgir”, destaca o especialista.

Em relação aos desafios enfrentados no tratamento do Parkinson e Parkinsonismo, o doutor Miranda destaca a disponibilidade de medicamentos e profissionais especializados, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), que é a realidade da maioria das pessoas. Ele ressalta a importância de políticas públicas voltadas para o cuidado desses pacientes e a garantia de acesso a tratamentos adequados.

O diagnóstico de uma doença crônica nunca é fácil, e exige empatia do profissional que cuida. Na doença de Parkinson não é diferente. As pessoas podem apresentar grande dificuldade para realizar suas atividades diárias, como se alimentar, andar pela casa e tomar banho. Além disso, há a dificuldade da família e da sociedade em geral em lidar com essas pessoas, o que pode gerar isolamento social, que piora ainda mais a doença.

Miranda também falou sobre a importância dos familiares no tratamento e como podem auxiliar um parente que foi diagnosticado.

“Os familiares são um elo importante no tratamento, pois as pessoas nestes casos necessitam frequentemente de auxílio para a realização de atividades, mesmo atividades simples. Tão importante quanto isso é manter um relacionamento afetuoso com o familiar e motivá-lo para o tratamento, que tem um itinerário difícil. Os familiares também podem auxiliar na busca de auxílios previdenciários, se engajar junto com a pessoa doente para exigir do poder público seus direitos de saúde e cidadania, se organizar em grupos de auxílio. As famílias têm um grande potencial de auxílio para a mudança de realidade.”

Por fim, o doutor Miranda reforça as recomendações para as pessoas que estão lidando com Parkinson ou Parkinsonismo. “É fundamental seguir as orientações médicas, manter-se ativo fisicamente, adotar hábitos saudáveis de vida, buscar apoio emocional e estar em constante diálogo com a equipe de saúde. Com uma abordagem integrada e um cuidado contínuo, é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes e minimizar os impactos dessas doenças”, conclui o especialista.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que cerca de 4 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afetadas pela doença de Parkinson, e esse número pode dobrar até 2040, devido ao envelhecimento da população e ao aumento da expectativa de vida.

O Parkinson e o Parkinsonismo são doenças neurológicas que afetam a qualidade de vida dos pacientes, mas com um diagnóstico precoce, um tratamento adequado e um cuidado multidisciplinar, é possível controlar os sintomas e proporcionar uma melhor qualidade de vida para os pacientes. É fundamental estar informado sobre essas condições e buscar o apoio necessário para o enfrentamento dos desafios que podem surgir. É importante destacar que o tratamento deve ser individualizado e adaptado às necessidades específicas de cada paciente, levando em consideração a causa subjacente, a gravidade dos sintomas e a resposta individual aos medicamentos e terapias.

 

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