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Secretário de Cultura sinaliza reforma no Museu de Lagoa da Prata

Cartão postal e antiga casa do fundador da cidade é responsabilidade da Fundação Futura. Após mandado sem atividade e com problemas de prestação de contas, Ministério Público vai extinguir a fundação, e município deve exercer direitos patrimoniais sobre imóvel.

O Museu era residencia do fundador da cidade, Cel. Carlos Bernardes. (Foto: Museu de Lagoa da Prata/ André Laine)

Reportagem: Alan Russel e Karine Pires

Após diversas cobranças da comunidade e, principalmente, dos moradores que estão no entorno do Museu, o Secretário de Cultura, Antônio Cláudio Tatau, sinaliza uma possível reforma de um dos principais cartões postais lagopratenses. O patrimônio histórico se encontra em ruínas e desde sempre é tratado com descaso por diversas gestões que estiveram a frente do município.

Foto: Rafael Robatine.

Ainda em maio, o Secretário Tatau se reuniu com os moradores do entorno do museu, para entender melhor as demandas da comunicação e traçar um plano imediato de reforma do casarão. O que até então era empecilho para realizar qualquer intervenção no patrimônio público, era a situação em que se encontrava a Fundação Futura, órgão responsável legal pelo imóvel.

A Futura é uma fundação sem fins lucrativos, fundada em 1999 e, desde 2000 é responsável pelo museu. O atual presidente é Lucas Guadalupe, que está à frente da entidade desde 2013. No início de 2016, Lucas foi reeleito presidente da fundação, e desde então a fundação está sem exercer nenhuma atividade e com pendências na prestação de contas junto ao Ministério Público. A atual gestão municipal já vinha sinalizando interesse em gerir o espaço, mas os imbróglios judiciais impediam a prefeitura de exercer os direitos patrimoniais sobre o imóvel.

O Secretário de Cultura disse ao JC que vem trabalhando junto ao Ministério Público para resolver essa pendência com relação ao museu e que, em breve, o MP deve oficializar a extinção da Fundação Futura.

“No dia 24 de junho deste ano, o Ministério Público ingressou o cumprimento da sentença, a fim de que o juiz responsável declare a baixa do CNPJ da Fundação Futura.  Assim, com a baixa desta declaração, o município de Lagoa da Prata será outorgado a exercer seus direitos patrimoniais.”, aponta Tatau.

O Secretário também sinaliza que irá continuar ouvindo os moradores do entorno para entender os anseios imediatos da comunidade, e que já tem um orçamento de 300 mil reais para o início das obras.

“Atendendo a pedido do grupo de moradores em torno do museu, o principal objetivo, após uma reforma do imóvel, seria criar um plano de funcionalidade para ele. Já temos uma proposta de reforma e projeto para seu futuro e queremos reunir com os moradores daquelas imediações, grupo amigos do museu e com o apoio do Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico de Lagoa da Prata, discutir e nortear os melhores caminhos. Hoje, temos disponibilizados para investimento em sua reforma o valor trezentos mil reais, e pelo que entendemos, a grande prioridade no momento seria a reforma do telhado, até porque teremos chuvas em breve. Em seguida, viria investimento estrutural de segurança, para que não haja vandalismo, além de reforma de portas e janelas danificadas, pinturas, praça e iluminação.”

Posição da Futura e a opinião dos moradores em relação a reforma

O JC também conversou com o atual presidente da Fundação Futura. Lucas Guadalupe salienta que até o momento não recebeu nenhuma notificação do Ministério Público quanto à extinção da Futura, no entanto, afirma que os membros não possuem vaidade em mantê-la nas atuais condições, embora futuramente, irão tentar um diálogo com a próxima gestão municipal da cidade para dar continuidade ao trabalho da fundação, e que a principal preocupação é salvar o Museu.

“Não temos vaidade de continuar a Fundação, até porque ela não tem meios e dinheiro para sobreviver e os seus bens estão se deteriorando. A primeira preocupação é salvar o Museu”, explicou Lucas

Joaquim Corrêa Lopes, mora em frente ao Museu a mais de trinta anos e já foi ex-presidente da Associação de Moradores no bairro.  Ele conta como os moradores veem essa situação de abandono de um patrimônio tão importante para os lagopratenses e diz o que acha da possível reforma do Museu.

“Estou sempre em contato com os demais moradores da praça e vemos com desconfiança essas reformas rápidas que são realizadas de 4 em 4 anos em anos eleitorais e feitos no “faz de conta” e esse tipo de reforma não atende a nós moradores e nem a outros cidadãos que aqui passam todos os dias. A reforma que nós queremos e necessitamos, precisa ser uma reforma consciente e responsável que atenda todas as nossas necessidades básicas e urgentes. Precisamos de melhorias na iluminação da praça que é sempre precária, lixeiras e mais bancos na praça, fechamento nos buracos das paredes do museu, conserto no telhado porque as telhas estão prestes à cair e podem causar um possível acidente às pessoas que lá perto passarem e também precisamos de uma pessoa pra fazer a limpeza da praça e dar uma utilização ao casarão.”

Joaquim reitera que os moradores sempre levaram as reivindicações às autoridades municipais, mas que não foram atendidos como esperavam. Ele também afirma que deixar o museu sem cuidados é um ato de desprezo com a história de Lagoa da Prata, local onde residiu o fundador da cidade.

História do Museu

Foto: Foto Rocha.

O casarão foi construído em 1875 e está localizado na Praça dona Alexandrina e ficou conhecido como o Museu da cidade.

No ano de 1977, a prefeitura municipal adquiriu os direitos sobre o imóvel que estava se deteriorando e após 1989, o casarão passou por uma restauração e foi aberto para visitação, oferecendo ao público a exposição de peças que pertenceram ao coronel que viveu e fundou a cidade.

Na foto, o Museu estava em obras no ano de 2004. Foto: Portal Lagoadaprata.com

Na gestão municipal de 1997 a 2000, o museu foi doado para a Fundação Cultura e Turismo de Lagoa da Prata, a Fundação Futura, conforme a Lei 879/99. No período em que a instituição foi reativada a Fundação trabalhou para recuperar o museu e no início das obras que devido á sua estrutura fragilizada acabou vindo abaixo em 2004.Neste projeto de reforma, o objetivo era preservar alguns dos 21 cômodos do casarão tal como eram.

Norma Aloy Antunes, ex-presidente da Futura, disse em entrevista ao portal “Lagoa.com’’ em 2007, que esperava que as próximas gestões dessem andamento á recuperação do museu e que também instituíssem uma utilidade a ele.  Como mencionado nesta reportagem, a instituição é uma organização sem fins lucrativos, esta entrevista ocorreu há 13 anos atrás, de lá para cá, houve outras gestões e embora a instituição tenha desenvolvido ações que beneficiem as crianças e a comunidade, o estado de abandono do museu continuou.

A Prefeitura Municipal assim como a instituição, também teve outras gestões que acompanharam o caso, no entanto, segundo os moradores do entorno da Praça Alexandrina, nenhuma delas atenderam de fato às reivindicações dos moradores até este ano, devido aos direitos legais do imóvel não ser do município, estendendo assim a deterioração do patrimônio cultural e histórico do município.

 

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