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Queimadas voltam a ameaçar a saúde de lagopratenses

A população de Lagoa da Prata já tem sofrido com a fumaça causada pelas queimadas criminosas no município, prejudicando a saúde daqueles que sofrem de alergias ou dificuldades respiratórias.

Reportagem: Rhaiane Carvalho e Matheus Costa

E mais uma vez é chegada a época em que centenas de pessoas sofrem com as queimadas. Minas Gerais é o Estado que registra o maior número de focos de incêndios florestais no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 510 focos desde janeiro. Em seguida vêm Bahia (com 446 registros), Piauí (372) e Pará (264). O longo período de estiagem, que atinge boa parte do território mineiro, e a baixa umidade do ar contribuem para o problema.

Essa combinação, somada às altas temperaturas, se tornou o principal rival do Corpo de Bombeiros e dos brigadistas que tentam debelar os incêndios em Minas.

Fotos encaminhadas pela lagopratense Alice Aranda ao Sou+Lagoa/ Arquivo Pessoal.

O clima seco deve continuar em todo Estado até a próxima quinzena. Com o início da primavera, há possibilidade de chover.

Segundo o secretário de Meio Ambiente de Lagoa da Prata, Lessandro Gabriel, o município tem desenvolvido diversas atividades para combater incêndios. “Fizemos, recentemente, uma ação no Parque Ecológico Francisco de Assis Rezende e em alguns lotes próximos à garagem da Secretaria. Às vezes, temos apoio da Biosev para combater as queimadas no município, pois eles possuem caminhões bem equipados”, explicou.

Ele ainda acrescentou que os incêndios dependem de vários fatores pra acontecerem. “Quando temos incêndios criminosos em lotes, tentamos buscar informações com os vizinhos, que podem ter visto alguém, mas infelizmente não conseguimos captar essas informações, nesse caso fica difícil pegar o infrator. Aliás, se a pessoa for pega colocando fogo de forma criminosa, pode haver punições”.

Ele também informou que mesmo com o apoio da Polícia de Meio Ambiente e da Biosev, é impossível conseguir fiscalizar todas as áreas ao mesmo tempo, então, a população também deve fazer a sua parte. “Não temos condições de fiscalizar todas as áreas, então é preciso que a população tenha consciência. Às vezes estamos passando na rua, e tem alguém colocando fogo em folhas, logo pedimos para não colocarem, afinal estamos em um período de tempo seco, e são inúmeros focos de incêndio que temos combatido na cidade”, disse.

O Jornal Cidade conversou com o médico Túlio Azevedo que afirmou que a inalação de fumaça pode trazer sérios danos à saúde das pessoas, principalmente, àquelas que já têm problemas respiratórios. “A fumaça proveniente das queimadas pode afetar muito à saúde das pessoas, agravando doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) – em alguns casos, ela pode até mesmo provocá-las em indivíduos sadios. Isso acontece porque as partículas presentes na fumaça são formadas de compostos químicos que, ao serem inalados, afetam o sistema respiratório, prejudicando as trocas gasosas (oxigênio/gás carbônico)”, explicou.

Ele ainda acrescentou. “Um composto já conhecido por seu perigo é o monóxido de carbono (CO): quando inalado, ele chega ao sangue e se liga à hemoglobina, cuja a função é transportar oxigênio. Essa ligação não permite que essa proteína leve oxigênio até as células. Isso tudo desencadeia um processo inflamatório sistêmico, com efeitos deletérios sobre o coração e o pulmão. Em alguns casos, pode até causar a morte”.

A lagopratense Cristiane Oliveira mora no Bairro Paradiso, e disse que tem sofrido com a fumaça, pois sua filha tem alergia. “Aqui no bairro Paradiso tá praticamente um inferno, no sentido real da palavra. Tive que dormir na minha mãe essa semana, pois minha filha tem alergia. As pessoas precisam se conscientizar, tem gente que sofre muito”, disse ela.

Na noite desta quinta-feira (9), a moradora Raquel Pereira disse que ao sentir um cheiro forte de fumaça, foi até a sacada do seu apartamento e se assustou com o que viu. “Uma névoa cinza parecia cobrir toda a cidade, como se fosse uma neblina. Fiquei assustada e logo pedi aos meus filhos que fechassem as janelas para não entrar fumaça, pois já era tarde e já estava me preparando para dormir. Fiquei pensando nas pessoas idosas ou as que sofrem de alguma dificuldade respiratória ou tem alergia; as pessoas precisam ter mais consciência”, contou.

Biosev realiza ações de combate e prevenção de incêndios

No dia 18 de junho, a Biosev realizou uma reunião para lançar a campanha de combate e prevenção aos incêndios. Há doze anos, a empresa de Lagoa da Prata encerrou o processo de queimadas que fazia parte do sistema de colheita da cana e, desde o ano de 2016, passou a realizar a colheita 100 % mecanizada.

Estabelecendo práticas ambientais e cumprindo a legislação, a empresa vem investindo em campanhas e tem como uma de suas prioridades em sustentabilidade a prevenção e o combate aos incêndios, especialmente durante o outono e inverno, quando o tempo mais seco favorece as condições de incidência e propagação de incêndios nos canaviais e áreas do entorno.

A empresa faz uso de helicópteros, caminhões de apoio, equipe de brigada e drones para atuarem na fiscalização de autores de incêndios criminosos. Além do uso de tecnologia via satélite, que faz o monitoramento 24 horas.

De acordo com o engenheiro ambiental, José Lucas, a queima promove falta de produtividade, perda de maturação, perda de produção, além de prejuízo financeiro.

Rafael Lovato, superintendente da unidade de Lagoa da Prata, afirmou que a empresa tem deixado bem claro que a queima do canavial no final da colheita não tem vantagem nenhuma para a unidade. “O trabalho deixa bem claro que somos contra os incêndios, que degradam a qualidade da cana, do solo, riscos com pessoal. Gostaríamos que as pessoas entendam que não existe mais”.

Segundo os representantes da empresa, 2020 será um ano difícil em relação às queimadas por ser um ano mais seco. Assim, a empresa, mesmo que desenvolva há um tempo, tem reforçado os trabalhos de conscientização junto à comunidade, como palestras em escolas.

A pessoa que for pega colocando fogo em canaviais poderá ser presa, pegando de 1 a 4 anos de detenção, além de multa.

Denuncie

A Lei 9605, de 1998 prevê prisão e multa aos responsáveis de incêndios. A fumaça é danosa à saúde, principalmente para crianças e idosos. Além de prejudicar a atmosfera, por danificar a camada de ozônio. Órgãos ambientais defendem que não há necessidade de queimar, pois há alternativas corretas e legais que podem ser utilizadas.

Queimadas podem ser denunciadas pelos números: 190 na Polícia Militar; (37) 3261-1933 da Delegacia de Polícia Civil; na Polícia Militar do Meio Ambiente através do número (37) 3261-1599; ainda podem denunciar na Secretaria de Meio Ambiente pelo telefone (37) 3261-4563 e na Guarda Civil Municipal pelo (37) 3261-4050.

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