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‘Realização de um sonho’: Integrantes do ‘Grupo Coração de Maria’, de Lagoa da Prata, contam sobre a experiência de estrear nas ruas após a pandemia

Na última semana, o "grupo 2" do Congado lagopratense se apresentou em quatro dias de festa, fé e devoção. Ao Jornal Cidade, o grupo contou um pouco de sua história e da emoção por trás do Reinado.

Há dezenas de anos, o Reinado mineiro colore as ruas, celebra a fé e conta a história de liberdade e resistência do povo negro. Ouvir os tambores ecoando nas ruas, enquanto os integrantes dançam e ostentam bandeiras em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, é uma das cenas que compõem a cena cultural de Lagoa da Prata e que geram nos lagopratenses um sentimento misto de nostalgia e fascínio. 

Na última semana, o “Grupo Coração de Maria” se apresentou nas ruas pela primeira vez desde a sua fundação, em 2019. Criado há três anos por João Miguel Geraldo e Guilherme Chagas, a guarda não pôde desfilar nos últimos dois anos por conta das medidas restritivas adotadas por conta da pandemia. Mas, este capítulo ficou para trás.  Nataliane Generoso, de 36 anos, que é capitã da guarda, contou ao Jornal Cidade a emoção que o grupo experimentou ao dançar nas ruas após o período de espera.

“Nossa guarda teve início no dia 13/11/2019, mas com a pandemia não podemos sair em festa. Hoje, para mim, estar nas ruas da cidade foi um sonho realizado. Abracei essa congada com muita fé e devoção para realizar o sonho do meu capitão João Miguel e Guilherme.  Este primeiro ano com a minha congada nas ruas foi um prazer imenso”, ressaltou. 

Nataliane Generoso (Arquivo pessoal/Divulgação)

A origem do grupo

Marilene Genoroso, irmã de Nataliene, conta que a guarda foi mentalizada por seu filho, João Miguel Geraldo, e um amigo dele, Guilherme Chagas, quando eles  ainda eram, em suas palavras, “meninos”. Sem saber como proceder, Marilene foi apresentada a Donizete Mariano, que hoje é capitão-mor do grupo. 

“Os dois ainda eram  meninos e me falaram que queriam montar uma guarda. Eu ri deles no momento, disse que isso não seria possível e pedi para esquecerem isso. Ao mesmo tempo, eu vi no fundo dos olhos deles a fé e a devoção. Eu que nasci no congado me vi numa situação que não sabia como aconselhar. Simplesmente pedi a Deus sabedoria e começamos a correr atrás dos organizadores.  Foi aí que nos apresentaram o Donizete que, com muita humildade,  disse que seria possível, que somente precisava de um responsável. Como eu não me via nesse lugar, eu os aconselhei a procurar minha irmã, Nataliane, que era ainda mais apaixonada pela festa do que eu”, detalhou. 

O capitão João Miguel, de 17 anos, filho de Marilene, relembra que foi sua fé e paixão pela festa que o instigaram a fundar, juntamente com o seu amigo, a guarda. 

“Em um dia como de costume a gente conversava e falava da nossa fé e apreço pela festa do congado, aí Deus tocou em nosso coração querer ter uma guarda.  Procuramos o Donizete junto a equipe e pedimos a autorização. Eles nos atenderam prontamente. Porém, por conta da nossa pouca idade, precisávamos de um outro membro. Foi onde Deus nos mostrou a tia Nataliane que nos estendeu as mãos”, afirma. 

Este mesmo sentimento de admiração pela tradicional festa é compartilhado por Guilherme, o outro fundador do grupo. Ele conta que o grupo sobreviveu a dificuldades e momentos sombrios graças, sobretudo, ao esforço e à luta dos congadeiros. 

“Em 2019, em uma conversa sobre fé e admiração pela festa do Rosário, eu e um amigo João Miguel, resolvemos ir atrás de mais desafios , e resolvemos procurar pessoas responsáveis pela festa, para montarmos uma guarda. Com muito esforço e muita luta, msm passando por dificuldades, momentos sombrios, nós conseguimos. Meus (nossos) soldados(a) do Rosário, nos ajudaram a chegar até onde chegamos”, relembra. 

Guilherme Chagas (Arquivo pessoal/Divulgação)

Fé e devoção

Outros congadeiros do Grupo Coração de Maria também relataram ao Jornal Cidade um pouco da sua relação com a guarda e com a festa do Reinado. 

“Eu faço parte dessa guarda Coração de Maria e carrego comigo fé e devoção.  Fui muito bem aceito e colhido por todos membros q essa festa cresça cada dia mais gratidão”, disse o cuiqueiro Douglas Soares. 

A capitã de apoio Mirele Silva, agradece pelo sucesso da festa, para a qual se preparou desde a fundação do grupo: “Nossa guarda vem se preparando há 3 anos.  Rezamos e colocamos no colo de Nossa Senhora para que corresse tudo bem e, graças a Deus, tudo saiu maravilhosamente bem”. 

Gabriela Bibiano, “bandereira” de 24 anos, fala que este primeiro ano da guarda foi a realização de um sonho. 

“No nosso primeiro ano da Guarda Coração de Maria, a guarda da nossa família, que sempre foi o sonho de cada participante e eu tive o privilégio de carregar a bandeira. Logo eu vergonhosa e tímida..mais que benção foi na minha vida!”, afirma. 

O “dançador” Ângelo Oliveira, de 27 anos, ficou impedido de dançar há alguns anos atrás por conta de um acidente, mas neste ano, a pedido de seus sobrinhos e com muita fé, ele voltou a participar da festa:  “Há alguns anos fiquei sem poder dançar devido a um acidente. Neste ano de 2022, voltei a dançar com muita fé.  O  convite veio dos meus dois sobrinhos que eu acompanhei desde que eram crianças. Tenho uma enorme satisfação em poder vê-los dançar e poder praticar com eles na mesma guarda, Coração de Maria, não somente uma guarda mas sim uma família que com muita dedicação e carinho fez da nossa festa ainda mais bonita”.

Para o ano de 2023, as expectativas do grupo não poderiam ser melhores. O grupo está de portas abertas para novos integrantes e o único requisito é ter fé, gratidão e devoção. 

“Agradeço a toda a diretoria e principalmente ao capitão Donizete Mariano, capitão mór do  grupo 2, que sempre nos deu todo o apoio. Quero agradecer também a todos os capitães e congadeiros, e toda a equipe de organizadores, que juntos, conseguimos fazer uma festa maravilhosa. Que venha 2023, que o rosário permaneça forte, que nossa fé junto da festa sempre se floresça e cresça… Viva nossa senhora do Rosário!”, finalizou o capitão Guilherme Chagas. 

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