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Psicóloga fala sobre a glamurização do terceiro turno de trabalho

Aquela máxima de ‘trabalhe enquanto eles dormem’, tornou-se, por muitos anos, um motivacional em busca do tão sonhado sucesso, fato que ficou insustentável; o trabalho em três turnos se tornou regra e não exceção para muita gente.

Quem não teve que buscar alternativas para complementar a renda tem sido considerada pessoa de sorte em relação aos tempos que estamos vivendo. O dia de 24 horas parece pequeno para conseguir desempenhar as tarefas e ainda se manter ativo. Aquela máxima de ‘trabalhe enquanto eles dormem’, tornou-se, por muitos anos, um motivacional em busca do tão sonhado sucesso, fato que ficou insustentável; o trabalho em três turnos se tornou regra e não exceção para muita gente.

Segundo a psicóloga, Aparecida Mesquita, a crítica não é direcionada ao terceiro turno de trabalho em si.

“Eu mesma não estou livre dele, mas falo sobre à glamourização promovida em torno do trabalho em excesso. Também não acredito no “é preciso gerenciar bem seu tempo, ter tudo equilibrado”, sabemos que na prática não é bem assim. As próprias empresas designam atividades além da capacidade do trabalhador, exigem que se bata a meta constantemente”, explicou.

Mesquita também destacou que muito dessa glamurização vem das facilidades das leis.

“Além disso, no Brasil, têm-se políticas trabalhistas cada vez mais flexíveis, salários cada vez menores e incertos, enquanto as contas e o desemprego só aumentam. Apesar desse cenário, penso que não podemos ceder a esse jogo sem questioná-lo”.

Ela ainda falou sobre a Síndrome de Burnout quem recentemente, ganhou notoriedade, após se tornar doença do trabalho.

“Ela se manifesta de modo diferente em cada indivíduo e a meu ver, é o resultado de uma sociedade que cultua a produtividade e a performance. Normalmente, a pessoa começa a sentir muito cansaço, sensação de falta de energia, irritabilidade, sentimentos negativos em relação ao trabalho, lapsos de memória e até mesmo ansiedade”.

Aparecida ainda explicou que não questiona a necessidade de trabalho ou defende que seja fácil alcançar objetivos. Mas que é preciso um olhar mais crítico sobre o que estão nos vendendo.

“São as mais variadas frases que nos fazem acreditar que realmente temos que trabalhar até morrer para conseguir alguma coisa. ‘Para que você consiga grandes coisas é preciso fazer o que ninguém fez’. ‘Seu sucesso só depende de você’. ‘Depois vão dizer que você teve sorte’. ‘Quem fica criticando os modos de trabalho é porque não gosta de trabalhar, e por aí vai”.

Segundo a psicóloga, podemos resumir a consequência desse modo de pensar em três pontos:

1) Esse discurso nos leva a acreditar que só o esforço basta, desconsiderando as condições sociais em que vivemos;

2) Reforça a ideia de que todos somos empreendedores, quando a maioria de nós só “empreende” por falta de opção;

3) Tira o peso que as políticas neoliberais exercem no modo como nos relacionamos com o trabalho e nos responsabiliza por todo fracasso;

 

“Trabalhe enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem” e sua saúde mental vai começar a dar sinais de exaustão e adoecimento – bem, essa parte pouco se fala, finalizou a psicóloga.

 

 

 

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