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Número cada vez maior de animais abandonados é preocupante em Lagoa da Prata

Militantes da causa animal pedem providências ao poder público. Programa castramóvel pode ser aliado no combate à crescente população de animais abandonados.

Arcos realizou mais de 800 castrações em 2018. (Foto: Prefeitura de Arcos).

Por: Alan Russel

Quem anda pelas ruas ou até mesmo na zona rural de Lagoa da Prata, consegue observar que a quantidade de animais abandonados na cidade é cada vez maior. Muitos militantes e até mesmo grupos organizados que realizam ações voltadas à causa animal, trabalham para tentar diminuir a quantidade gritante de cães e gatos abandonados. Porém, é necessário também que o poder público contribua fazendo a parte para controlar este número.

De acordo com pesquisas realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que no Brasil existem, entre cães e gatos, mais de 30 milhões de animais abandonados. A proporção é de que há um animal para cada cinco habitantes no país, e desse número, 10% se encontram em situação de abandono.

Muitos são os fatores que desencadeiam o excesso populacional de cães e gatos. As principais causas são a falta de informação e educação por parte da população, descaso do poder público, falta de responsabilidade na guarda dos animais, cruzamento forçado e irresponsável, legislação deficiente ou ausente, reprodução descontrolada de animais soltos, comércio ilegal e ausência de coordenação e auxílio veterinário.

No Brasil e no mundo, é muito comum associar a eliminação dos animais abandonados como estratégia para lidar com o problema, porém, os procedimentos de captura e extermínio costumam ocasionar reações contrária por parte da população, que não concorda com esse método. Além disso, a estratégia de extermínio tem custo elevado e é pouco afetiva.

Castramóvel

Um dos exemplos de sucesso com relação ao controle de natalidade de animais em situação de abandono é o Castramóvel. O Castramóvel é uma unidade itinerante que faz o trabalho de esterilização de cães e gatos, visando o controle populacional, tanto dos animais de rua, quanto dos animais que convivem com pessoas de baixa renda.

A maioria das cidades da região recebem a visita do castramóvel para controle populacional de animais de rua. As prefeituras interessadas em contar com o suporte de castração devem realizar solicitação e agendamento com a equipe do Castramóvel. Os gastos por parte da Prefeitura são apenas com relação a logística: combustível, alimentação e hospedagem dos profissionais.

A cidade de Arcos é um exemplo de município que vem fazendo um trabalho interessante com relação ao controle populacional de animais abandonados. No ano de 2018, a cidade recebeu a visita do castramóvel em seis ocasiões e foi realizada mais de 800 castrações. Em 2019 foram agendadas oito visitas e o número de animais atendidos será ainda maior. De acordo com o secretário de Meio Ambiente do município, Robson Correia, a gestão não tem gasto algum com o castramóvel, uma vez que é realizado um trabalho para reverter multas ambientais de empresas para o custeio do programa na cidade.

Lagoa da Prata recebeu o castramóvel pela última vez no início do ano de 2017. Na ocasião, foram realizadas em torno de 140 castrações. Desde então, o castramóvel deixou de ser opção. A Prefeitura decidiu que, ao invés de investir no castramóvel, seria mais viável contratar um veterinário para realizar as castrações. Porém, o contrato firmado entre veterinário e Prefeitura prevê  realização de apenas 30 castrações por mês, número muito abaixo da demanda do município.

Representante da causa animal no Legislativo Municipal.

Na última eleição municipal, Lagoa da Prata elegeu um representante da causa animal para a Câmara de Vereadores. Josiane Lúcia, que levou o nome de “protetora dos animais” para as urnas, foi candidata pelo MDB e teve 601 votos. Hoje, Josiane é presidente da Câmara Municipal e recebeu a reportagem do Jornal Cidade para falar a respeito dos problemas causados pelos animais abandonados e também pela opção do executivo em não firmar parceria com o castramóvel.

“Muito me preocupa a situação de animais abandonados. Minha vida inteira foi pautada em ajudar de alguma forma estes animais. Hoje, não sei ao certo quantos animais tenho, mas são entre 50 e 60  que eu cuido, por conta própria”, confessou a vereadora. “Com relação ao castramóvel eu super apoio o projeto e acho de grande valia. Da última vez que vieram em Lagoa foi uma solicitação que fiz e inclusive ajudei o custeio, com o dinheiro do próprio bolso. Infelizmente o prefeito decidiu não realizar mais a parceria com o Castramóvel, mas estou tentando convencê-lo de que é a forma mais efetiva para conter o número de animais abandonados na nossa cidade”, completou Josiane.

Indagada sobre quais projetos e ações a vereadora tem feito em relação à proteção animal, Josiane disse que realizou inúmeros trabalhos. “Consegui uma verba de 50 mil reais junto a um deputado para castração animal e esse valor foi repassado à Secretaria de Saúde. Consegui trazer o castramóvel em 2017 e inúmeros outros projetos que não consigo lembrar de cabeça mas que posso passar depois para vocês publicarem no jornal”, finalizou a presidente da Câmara.

Até o fechamento desta edição não recebemos nenhum material referente às ações de proteção animal como prometido pela vereadora.

Ativismo pela causa animal.

Em Lagoa da Prata existem muitas pessoas empenhadas na causa animal. Um exemplo é o sargento da Polícia Militar, Hamilton Silva, que há anos vem realizando ações que vem de encontro aos cuidados com os animais.  Hamilton, além de militar é presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) e membro fundador da Associação Mãos, Patas, e Coração (Amapcor), responsável pela proteção de animais de rua abandonados e feridos de Lagoa da Prata.

Hamilton acredita que um trabalho de conscientização é o primeiro passo para evitar que tantos animais sejam abandonados e orienta que, além da conscientização, o poder público tem dever em atuar para minimizar o problema da grande população de animais abandonados.

“É necessário ser feito um trabalho de conscientização, inclusive de base. Isso deve ser ensinado nas escolas, conscientizar desde criança que não deve haver maus tratos e abandonos de animais. Além disso, o poder público deve fazer sua parte. Com relação aos animais abandonados deve ser feito o recolhimento desses animais para castração e fazer um trabalho de pós operatório. Após esse procedimento, o animal deve ser encaminhado para uma feira de adoção. Se por ventura o animal não for adotado, o animal pode ser solto no mesmo lugar que foi capturado. Assim teremos certeza que esse animal não vai se reproduzir e contribuir para o aumento da população animal”, completou Hamilton

O sargento expôs dois casos recentes envolvendo maus tratos contra animais em que houve denúncia e a Polícia Militar interviu.

“Recentemente recebemos denúncias de moradores do Bairro Sol Nascente, que um cachorro de raça dobermann, era vítima de maus tratos. Fomos até o local e o animal foi encontrado sem água e sem alimentos. De acordo com o que foi apurado, a proprietária do local ficava dias sem o alimentar. Foi lavrado boletim de ocorrência e está sendo instaurado um inquérito para investigar o crime.

Amapcor e Polícia Militar promovem ações de resgate de animais abandonados na cidade. (Foto: Hamilton Silva/Arquivo Pessoal).

Um outro caso parecido aconteceu no Bairro Coronel Luciano. Novamente nos chegaram a denúncia que um cachorro pit bull estava abandonado em uma residência sem moradores. Chegamos no local e o imóvel estava trancado e não havia ligação de água nem de energia elétrica. Tivemos que arrombar o portão para socorrer o animal.

Amapcor e Polícia Militar promovem ações de resgate de animais abandonados na cidade. (Foto: Hamilton Silva/Arquivo Pessoal).

Canil Municipal

Em algumas cidades da região existe o Centro de Zoonose, porém Lagoa da Prata ainda não conta com um centro especializado. O que a cidade tem é um Canil Municipal, que fica na zona rural, nas proximidades do matadouro municipal.

O canil suporta de 30 a 40 animais. Os cachorros recolhidos  que chegam ao canil são castrados, chipados e registrados antes de irem para feira de adoção. Se porventura os animais não forem adotados, os mesmo são soltos nas ruas da cidade. Por mais que o trabalho no canil municipal ainda seja muito limitado, os representantes da causa animal em Lagoa da Prata reconhecem o trabalho que é realizado pelos profissionais.

O Jornal Cidade recebeu denúncia de que desde o início do ano o Canil Municipal estava sem veterinário e que os tratos e manejos de animais estariam sendo feitos apenas por uma estagiária. Acontece que o veterinário concursado que atendia no canil pediu exoneração, e desde então, a Prefeitura vem realizando as chamadas dos suplentes para ocupar o cargo. O secretário de Saúde do município, Geraldo Almeida, confirmou que um novo veterinário ainda não foi nomeado, por respeito à legislação imposta em concursos públicos.

Geraldo também salientou que a parceria com o castramóvel não se mostrou efetiva em 2017. “Na época se mostrava inviável porque o município tinha o veterinário concursado e estrutura física com insumos para realizar castrações. Diante da demora imposta pelo respeito à legislação de concursos, o município já solicitou a adesão ao programa castramóvel para auxiliar na prestação do serviço de castração”, finalizou o secretário.

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