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Mulher no futebol?: Sim, claro e com certeza! Amantes do futebol falam como tem sido ocupar espaços ainda majoritariamente masculinos

Parece que ainda estamos falando sobre o óbvio; elas estão chegando aonde muitos duvidaram, poucas ousaram e algumas já estão fazendo história.

João Alves

Rhaiane Carvalho


Estamos em 2023 e a luta pelos direitos e igualdade continua. Elas estão chegando a lugares que muitos duvidaram, poucas ousaram e algumas já estão fazendo história. Como é o caso da  árbitra Gabriely Silva Franco, de 32 anos, que é  natural de Arcos, e é um exemplo disso.

De fato, estamos tão acostumados a conjugar determinados substantivos e adjetivos pelo gênero masculino que, à primeira vista, algumas palavras causam estranhamento, como é o caso da palavra “árbitra” – ou seja, uma mulher que é árbitro. “Eu não tenho relatos e dados de que tenha tido outra mulher atuante, mas no momento só eu que atuo. Caso tenha tido, eu não sei falar”, afirma Gabriely sobre a ausência de mulheres na arbitragem esportiva e sobre como este fato é normalizado.

Foto: Gabrielle Franco / Arquivo Pessoal.

Tais considerações foram feitas para introduzir que esta questão é também uma questão de gênero – mas não é só. É, antes de mais nada, a história de uma mulher que, desde a infância, perseguiu o seu sonho e hoje colhe os frutos de seu trabalho.

Gabriely Franco é filha de Ornando Franco Sobrinho e Angela Maria da Silva Franco, figuras que são seus alicerces e inspirações diárias de persistência, caráter e humildade. Ela cresceu no meio esportivo e desde a infância nutre um grande interesse pela área. No início deste ano, ela se tornou a primeira árbitra da Liga Arcoense de Desportos (Liade) na categoria futebol.

“O interesse pelo esporte surgiu desde minha infância. Fiz o curso da FMF de futsal em 2021, na cidade de Belo Horizonte, e comecei a arbitrar pela ‘Liade’ no futebol desde que iniciou o Campeonato Municipal de Arcos, em 30 de abril de 2022”, comenta Gabriely.

 

Stefani Couto é moemense, amante do futebol, acompanha jogos e afirma que indiscutivelmente, mulher pode e deve gostar de futebol, se assim quiser.

“Meu interesse por futebol surgiu ainda quando criança, sempre fui Cruzeirense e achava o máximo ver a torcida cantando no estádio e sempre sonhava em estar lá, mas por ser criança e não ter ninguém em casa pra me acompanhar, só fui conseguir ir no estádio pela primeira vez quando tinha 17 anos, em 2013. Ali foi a realização de um sonho e foi exatamente naquele momento que percebi que queria ser uma jornalista esportiva, já que eu não sabia jogar, queria me inserir no meio sem precisar ser dentro de campo, quando comecei a estudar jornalismo, percebi que esse era o caminho que eu queria seguir, mas infelizmente, o jornalismo esportivo ainda é um ambiente muito machista e sexista. Desde então eu passei a frequentar mais o estádio, era a única coisa que eu realmente gostava de fazer, nunca fui muito de sair, mas só de pensar que eu estaria em mais um jogo do meu time, eu já me animava”.

Por mais que o amor pelo futebol seja grande, ela relata que o ambiente ainda impõe medo às mulheres que às vezes desejam ver uma partida sozinha.

“Infelizmente esse mundo do futebol ainda é muito machista e a gente sempre se depara com comentários ofensivos e desnecessários, principalmente na internet, onde as pessoas não têm medo de expor esse tipo de pensamento porque sabem que muitas vezes não dá em nada. Sem falar no assédio que muitas sofrem num estádio e mesmo com a presença de seguranças, ainda assim vemos muitos relatos de mulheres que passam por isso. Eu mesma tenho receio em ir sozinha, enfrentar uma viagem longa de ida e volta, ficar sozinha no jogo sem uma companhia que a gente confia, realmente dá medo e insegurança de continuar indo.

 

Preconceito

Stefani acredita que o futebol é um esporte democrático e que deve ser acessível a todos, independentemente do gênero.

“Esse preconceito e machismo acaba afastando outras mulheres que poderiam se interessar por futebol, mas acabam evitando por falta de inclusão e pelo medo de serem julgadas, principalmente quando a gente tá no meio de um debate, sempre tem um engraçadinho que lança a pergunta mais famosa “mas você sabe o que é impedimento?” ou “deve nem saber a escalação do time”, nessas horas a gente precisa manter a calma e respirar fundo pra não descer no nível deles e dar a resposta que merecem”.

Embora ela afirme que os jogadores tenham sido respeitosos durante os jogos, existe o preconceito, que ora aparece de forma explícita, ora aparece de forma velada. Mas, Gabriely vê na figura da mãe, Ângela, uma mulher guerreira, sua inspiração de alguém inabalável.

Além dela, a arcoense admira Edna Alves Batista, árbitra da Confederação Brasileira de Futebol e da Fifa.

“Sonho e projeto um futuro melhor para as próximas gerações e tudo que estamos plantando, iremos colher no futuro. Nós mulheres ainda seremos reconhecidas pelos nossos feitos e por quebrar padrões que jamais deveriam ter existido. A visibilidade e a oportunidade abrirão portas para que mais mulheres possam ingressar na arbitragem”,  afirma com relação ao efeito cascata que o advento de mulheres em profissões, até então, tidas como masculinas, pode gerar.

Copa do Mundo Feminina

Neste ano, teremos a Copa do Mundo Feminina, um marco para as mulheres, mas ainda sabemos que o caminho é longo no que tange a prática de que é posto na teoria.

“Esse ano tem aí a Copa do Mundo Feminina, pela primeira vez teremos 32 equipes, a FIFA trouxe uma proposta bacana no pôster oficial da competição que é é mostrar que mudanças positivas estão chegando, mas tudo no papel é sempre lindo, a gente precisa ver na prática se isso realmente vai acontecer. Ainda tem muita desigualdade na modalidade, falta de patrocínios, incentivo e compromisso das federações com as meninas que sonham em se tornar jogadoras. Ainda temos um caminho muito grande a percorrer, como jogadoras, torcedoras, profissionais da comunicação, é difícil, eu sei, mas a gente não pode desistir, esse espaço não foi dado, ele foi conquistado e vamos continuar na luta pra que cada vez mais mulheres possam mostrar seu amor pelo futebol ou qualquer outro esporte que ela deseja seguir”.

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