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Equoterapia: centro pioneiro em Lagoa da Prata comenta sobre benefícios, desafios e assistência social

A data foi instituída através de uma lei nacional, com o objetivo de difundir o tratamento. Em Lagoa da Prata, o Centro de Equoterapia Alone Ferreira (Ceaf) é pioneiro neste tipo de tratamento.

João Alves

Ana Isa


A Equoterapia é um método terapêutico com cavalos que ajuda principalmente pacientes neurológicos, crianças ou adultos; instituída através de uma lei nacional, o objetivo da mesma é difundir o tratamento. Em Lagoa da Prata, o Centro de Equoterapia Alone Ferreira (Ceaf) é pioneiro neste tipo de tratamento.

Sob a direção de Aline Ferreira, fisioterapeuta especializada em equoterapia, o Ceaf atende atualmente 18 praticantes, cujas idades variam de 3 a 17 anos. Grande parte do público são pacientes neurológicos, como crianças e adolescentes autistas, que demandam muita atenção e criatividade nas sessões.

A paixão por algo pode nascer de diferentes maneiras – das mais tradicionais às mais peculiares. No caso de Aline, começou na infância e, conforme ela crescia, foi sendo reafirmada por sua aptidão profissional e por suas experiências pessoais.

A fisioterapeuta conta que sempre gostou de cavalos, a ponto de “Cavalo de fogo”, uma produção da década de 80, ser seu desenho favorito. Somado a isso, ela sempre soube que trabalharia com fisioterapia. Pronto, a fórmula estava feita. A equoterapia, a partir desse ponto, se tornara inevitável para a lagopratense.

“Meu primeiro contato com a equoterapia foi na adolescência. Eu sempre fui apaixonada por cavalos e, na adolescência eu já sabia que queria ser fisioterapeuta. Teve uma reportagem na televisão sobre equoterapia, fiquei muito interessada e comecei a pesquisar sobre isso. Achei muito interessante porque meu amor por cavalos poderia ser unido à profissão de fisioterapia”, comenta.

Depois de se formar, Aline se especializou na área e abriu o Centro de Equoterapia Alone Ferreira (Ceaf), em homenagem a seu único irmão: “Um dos meus maiores desafios foi a perda do meu irmão. Foi muito difícil ver meus pais da forma como eles ficaram – momento em que deixei de ser a filha para cuidar deles. Meu irmão sempre soube que esse era meu desejo e sempre me incentivou. Então, quando fui abrir o centro, não tinha um nome melhor e mais belo a não ser o nome ‘Centro de Equoterapia Alone Ferreira’. Foi uma das escolhas mais assertivas da minha vida porque com a morte do meu irmão, morreu um pedaço da minha vida e, hoje, com o centro, eu consigo ter esse pedaço de volta “.

Atualmente, dos 18 praticantes, 10 deles são atendidos gratuitamente pelo Projeto Social, que é mantido através de ações beneficentes como bingos, jantares caipiras, rifas, cavalgadas, além da doação de empresas, da população e de apadrinhamento. (Foto: Ceaf/divulgação).

Para Aline, essas três escolhas, ser uma fisioterapeuta, trabalhar com equoterapia e abrir um centro de equoterapia são desejos de 20 anos atrás. Em 2018, parte do processo foi finalizado, com a abertura do Ceaf. Porém, este não é apenas um projeto pessoal. Muito pelo contrário, o sonho de trabalhar com a equoterapia, agora, transmutou-se no sonho de ajudar os praticantes que são acolhidos em seu centro.

“É muito gratificante poder acompanhar o desenvolvimento das crianças. Eu, por exemplo, já tive crianças que não andaram e que a partir da equoterapia começaram a andar. Crianças que estavam atrás na fala e começaram a falar. Tem crianças que chegam no centro super agitadas e, quando começam a equoterapia, em poucos minutos a criança se tranquiliza. […] Poder ajudar a qualidade de vida dos praticantes e dos seus familiares é um ato para o qual não há dinheiro que pague”, afirma.

“Estamos em busca de equilíbrio para nossa filha, a equoterapia é um calmante natural para ela. [O tratamento] deixou nossa filha mais calma, aceita mais o toque, o contato físico, tanto com pessoas, quanto com animais, pois havia uma grande resistência”, conta Gislene Xavier, mãe de uma das alunas do Centro, Alice, que tem autismo moderado.

Mas, afinal, o que é a equoterapia? 

Aline responde que esta modalidade da fisioterapia usa o cavalo nas sessões, mas que o animal não é um instrumento, mas sim um coterapeuta, porque participa ativamente da reabilitação. Da mesma forma, o paciente, na equoterapia não é um “paciente”, porque ele participa deste processo de reabilitação – motivo pelo qual o termo “praticante” é mais assertivo.

A fisioterapeuta conta que através de vários estudos, foi comprovado que o cavalo possui uma marcha tridimensional, paralela ao corpo humano: “Na maioria das síndromes, a maior perda é o equilíbrio e, ao perder o equilíbrio, outros sistemas sensoriais são afetados”.

“Portanto, o ponto principal da equoterapia é o equilíbrio. Aquele praticante que, por alguma alteração neurológica ou muscular tem essa falta de equilíbrio, é colocado em cima do cavalo e o animal vai fazer aquilo por ele”, explica Aline, informando que quando o equilíbrio é tratado, outras alterações que surgem pela falta dele também são trabalhadas.

Fabiana Oliveira  Viana é mãe de uma das alunas do Centro, e conta que a equoterapia é fundamental no tratamento de sua filha. “A Júlia minha filha está na equoterapia porque ela é PCD ela necessita para fortalecer a musculatura ajuda na postura no respiratório. [A equoterapia] Mudou tudo. Ela ama a equoterapia, tranquiliza ela. Ela fica feliz e melhora a postura e a questão respiratória”.

“Além disso, com a equoterapia, o praticante também começa a ter contato com o animal. No caso das crianças autistas, por exemplo,o contato com o cavalo é muito importante, porque além de trabalhar o sistema sensorial, trabalha com a socialização, que é uma grande dificuldade para crianças no espectro”, comenta Aline.

Projeto Social

O Ceaf já atendeu mais de cem famílias de forma gratuita através do seu projeto social. O tratamento de equoterapia possui um custo e nem todas as famílias conseguem arcar com o tratamento. Aline conta que uma das principais dificuldades é o alto valor dos custos de manutenção do Centro.

“Dentro de uma equoterapia, eu não consigo atender sozinha. Eu preciso do cavalo, do guia… E hoje as coisas estão muito caras, a alimentação equina é muito cara. É um atendimento caro, que várias famílias procuram e não tem condições financeiras”, explicou. O Projeto Social Ceaf surgiu junto com o próprio Centro, com o intuito de abranger mais famílias no tratamento de equoterapia.

Atualmente, dos 18 praticantes, 10 deles são atendidos gratuitamente pelo Projeto Social, que é mantido através de ações beneficentes como bingos, jantares caipiras, rifas, cavalgadas, além da doação de empresas, da população e de apadrinhamento.

Sobre a seleção dos praticantes atendidos pelo Projeto Social, já que a demanda é alta, Aline diz que aceita todas as famílias que desejam realizar equoterapia. Contudo, um dos critérios decisivos é que o praticante em potencial esteja na fase de desenvolvimento infantil, cujo maior pico acontece dos 4 aos 7 anos.

“Essas crianças têm prioridade e também, é claro, depende da situação e da gravidade da patologia. O foco principal são crianças que estão no ‘pico’ do desenvolvimento. Isto é, se ela não anda, ela tem mais facilidade de andar, ou se ela não fala, ela tem mais facilidade de falar”, explica, elencando os motivos pelos quais os resultados são mais visíveis quando a equoterapia se inicia durante estes anos da infância.

Outras informações de como se matricular ou ajudar o Ceaf podem ser adquiridas através das redes sociais ou pelo WhatsApp (37) 999062777.

 

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