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Desafios e resiliência: a jornada dos professores na Educação do Centro-Oeste de MInas

Na linha de frente da educação, professores enfrentam desafios e transformações para moldar o futuro do país.

Stéfani Couto


A profissão de professor é uma das mais nobres e fundamentais da sociedade, mas enfrenta desafios constantes, especialmente no cenário atual, marcado por avanços tecnológicos e mudanças culturais. Conversamos com a Pedagoga Lara Rodrigues, que há anos atua na área da Educação da cidade de Arcos, para entender as complexidades da profissão e as transformações que estão moldando o ensino no Brasil.

O trabalho de um docente sempre foi repleto de desafios inerentes à profissão, mas como nos diz Lara Rodrigues, a modernidade e a tecnologia trouxeram novos obstáculos. “O desafio de inserir as novas tecnologias na sala de aula e motivar os alunos é uma tarefa constante”, afirma. Além disso, Lara destaca a problemática da influência de pessoas leigas na educação, que tentam impor suas opiniões de forma autoritária, causando ansiedade e insegurança nos professores.

A burocracia e a alta demanda de alunos com dificuldades de aprendizagem também são desafios enfrentados pelos educadores. “Os professores tentam superar esses desafios dia a dia, uma batalha por vez”, ressalta Lara. Ela destaca a capacidade dos professores de se reinventarem e de gerenciar situações diversas para atender pais e alunos com respeito, buscando o melhor para a turma.

Foto: Lara Rodrigues / arquivo pessoal.

Uma das mudanças significativas na profissão, segundo Lara, é a necessidade de mais respeito e reconhecimento.

“Respeitar o professor como um profissional é reconhecer o trabalho árduo que eles fazem, sobretudo na educação infantil, onde os resultados não são imediatos, mas sabemos que são fundamentais para o desenvolvimento da criança”, enfatiza.

No entanto, Lara observa uma perda de interesse pela profissão, especialmente no ensino fundamental II e médio, onde os desafios são maiores. “Já é comum a escola demorar semanas para encontrar um professor substituto nestas etapas de ensino. Algo que deve nos preocupar bastante, afinal o professor é o profissional que forma todos os outros profissionais”, ressalta.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelos educadores é a constante inserção das novas tecnologias na sala de aula. De acordo com Lara, a tecnologia se tornou uma ferramenta essencial na educação, auxiliando no planejamento, execução e dinamização das aulas. No entanto, a falta de acesso a dispositivos tecnológicos em algumas escolas brasileiras é um problema que ainda precisa ser superado.

“A tecnologia para mim, enquanto professora, é uma ferramenta essencial. Ela auxilia desde o planejamento até a execução de uma aula. Hoje temos muitas ferramentas tecnológicas gratuitas que podem nos auxiliar para produzir aulas mais dinâmicas, atividades mais chamativas, propor vídeos, músicas que complementam o assunto abordado em aula dentre outros. Mas podemos ir muito além, podemos deixar a criança colocar a mão na massa, usar tecnologias disponíveis, por se tratarem de algo que eles gostam, que são do cotidiano deles, tem muito mais significado para eles”.

Além das questões tecnológicas, Lara destaca a influência de pessoas leigas na educação, que tentam impor suas opiniões de forma autoritária, gerando ansiedade e insegurança nos professores. A burocracia e a alta demanda de alunos com dificuldades de aprendizagem também são desafios constantes que os educadores enfrentam.

A falta de recursos tecnológicos em algumas escolas é um obstáculo a ser superado. Lara destaca a experiência de escolas em Portugal, onde os livros didáticos são digitais e os alunos têm acesso a tablets e notebooks, economizando recursos e ajudando o meio ambiente. “O que nos atrasa neste ponto é a falta de aparelhos tecnológicos em si. Tem escolas que não têm nem um computador à disposição dos professores, por exemplo. Quando viajei para a Portugal, pude observar que as escolas públicas de lá já utilizam a tecnologia de maneira muito funcional, como por exemplo, os livros didáticos lá são todos digitais, acessados pelos tablets ou notebooks que são disponibilizados nas salas de aula, o que economiza recursos e ajuda a natureza, outra ferramenta muito interessante que eles utilizam é a plataforma leiamos que é disponibilizada nos computadores da escola mas também o acesso para levarem para casa com o objetivo de auxiliar as crianças em fase de alfabetização.”

Ela acredita que o Brasil está caminhando nessa direção, mesmo que de forma mais lenta: Mas tenho ciência que temos muitas barreiras para avançar até chegarmos até aí, como a falta de recursos para aparelhos tecnológicos, mas também o conhecimento de tal por parte da escola e professores para que de fato possamos oferecer uma experiência válida aos educandos. O que não podemos negar é que os melhores sistemas de ensino do mundo já utilizam a tecnologia de forma natural no seu dia a dia, e que aqui no Brasil também caminhamos para este cenário, mesmo que de forma mais lenta.

Em relação ao desafio de ensinar a leitura, Lara ressalta a importância de inserir os alunos no mundo da leitura desde cedo. “O professor deve ser o primeiro modelo leitor para seus alunos, que muitas vezes não têm esse modelo em casa”, afirma. Ela destaca que em países de primeiro mundo, os pediatras até recomendam a leitura para crianças, devido à importância desse hábito para o desenvolvimento infantil.

“É tão significativo ressaltar que em países de primeiro mundo os pediatras RECEITAM a leitura para as crianças, de tanto que ela tem relevância para o desenvolvimento do indivíduo, relacionando-se até com a saúde das crianças, e que a leitura deve ser incentivada na família desde o ventre da mãe.”

Para os alunos mais velhos, o desafio é mantê-los motivados e interessados nos estudos, em meio às distrações das redes sociais e da internet. Lara reconhece que, em alguns casos, os professores lidam com a indisciplina em sala de aula, o que é uma questão complexa.

“Já para as crianças maiores o desafio é mantê-los motivados e interessados no assunto e fazê-los compreender a importância dos estudos, algo que não é fácil, uma vez que temos que competir com redes sociais, internet e outros, e em algumas vezes os professores lidam com a indisciplina em sala de aula, algo muito complexo, uma vez que muitas vezes não temos a família do nosso lado”, ressalta a pedagoga.

A diversidade é uma realidade nas salas de aula, e Lara enfatiza que é fundamental ensinar desde cedo o respeito à diferença. “O respeito é o caminho”, afirma a profissional. Ela reconhece que isso exige que os professores usem metodologias diferenciadas para alcançar todos os alunos, algo desafiador, mas essencial.

Após a pandemia, a diferença no nível de aprendizado se acentuou, com alunos que ainda não alcançaram os marcos esperados. Lara ressalta que isso pode ser angustiante para os professores, mas é fundamental aceitar as diferenças e acolher os alunos.

“Após a pandemia, tivemos uma atenuação maior das diferenças de aprendizagem, por exemplo, temos alunos do 3º, 4º e 5º anos que ainda não alfabetizaram (etapa na qual já deveriam ter alfabetizado) e isso exige que o professor faça um trabalho diferenciado com eles.”

Lara Rodrigues finaliza a entrevista com uma mensagem de orgulho e encorajamento para seus colegas professores. Ela reconhece que a tarefa dos professores não é fácil, mas acredita que a dedicação e o comprometimento desses profissionais são essenciais para o futuro do país.

“Termino dizendo que tenho muito orgulho de todos os professores que passaram em minha história, e também de todos os meus colegas que lutam diariamente nesta profissão. Sei que nossa tarefa não é fácil e que o contexto atual nos exige muito mais que ensinar aos alunos, mas sei que Deus capacita e escolhe o professor necessário a cada criança. E, por mais que lhes pareça difícil, não desistam desta nobre profissão”, conclui.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Ipec e encomendada por organizações como Todos Pela Educação, Itaú Social, Instituto Península e Profissão Docente revelou que uma parcela significativa dos professores brasileiros (pelo menos 71%) enfrenta altos níveis de estresse devido à sobrecarga de trabalho. O estudo envolveu 6.775 professores de escolas públicas, tanto municipais quanto estaduais, em todo o país, durante o período de julho a dezembro de 2022. O estudo também aponta que 84% dos professores concordam que os cursos presenciais são mais eficazes na preparação de profissionais para o início de suas carreiras.

 

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