fbpx
jc1140x200

Denúncias contra a poluição da Praça da Matriz chegam à imprensa escrita de LP

A insatisfação contra o loteamento e poluição da Praça da Matriz São Carlos Borromeu, no Centro de Lagoa da Prata, chega à imprensa escrita da cidade. Depois de matéria publicada pelo jornal Conexão, quem também se manifestou foi a colunista Maria do Rosário Bessas, do jornal Folha de Lagoa, que escreveu um artigo na edição 290, publicada na primeira quinzena de julho.

Leia o texto na íntegra:

Poluição Visual

Tenho andado por muitas cidades nesse mundo e em todas eu encontro praças e mais praças sendo cuidadas para amenizar a paisagem cada vez mais fria que o progresso vem traçando. É justamente nelas que ainda sobre o aconchego dos bancos, os canteiros coloridos de flores, as árvores que amenizam o concreto cinzento que chegou com o asfalto das ruas. Em muitas delas se concentra o lazer para os mocinhos de ontem que ali ficam jogando em tabuleiros de concreto, ou simplesmente batendo papo com os amigos, relembrando os velhos tempos. Em outras, a moda agora é cuidar do corpo e as prefeituras estão investindo em aparelhos de musculação e alongamento para quem quiser curtir a onda do corpo bem definido ou simplesmente cuidar da saúde. Outras são locais de encontros de jovens e crianças que buscam a liberdade de brincar que não existe mais nas ruas…

São muitas as características das praças que encontro no meu caminho, mas nenhuma como a da praça da matriz de minha cidade. O lugar onde deveria prevalecer a harmonia da natureza, o que vem prevalecendo é o comércio que cada vez ocupa mais espaço. Nunca vi, em lugar algum por onde passei, uma praça onde o espaço público tenha sido dominado por coberturas metálicas de pontos de táxis, agredindo a paisagem e ocupando a liberdade de ir e vir entre os canteiros. Aos poucos, a praça vai perdendo a sua identidade enquanto a dividem em lotes, para criar os ditos pontos que os taxistas pagam caro para usufruir. E o que era praça vira estacionamento, negociação de espaço. E como se não bastassem os sombreiros abusados, agora ainda inventaram de colocar um outdoor gigantesco bem à frente de sua entrada lateral.

De longe, a paisagem mansa da igreja no meio da praça foi ofuscada pela luz espalhafatosa que se alterna noite e dia nos anúncios, que muita gente vê, mas sempre lê o que estão divulgando. Acho que é porque nem todo mundo acredita que ali possa ser um local de divulgação de produtos e serviços. Não entendo como empreendimentos particulares podem nascer assim, atropelando o espaço público. E também não entendo como não aparece ninguém para defender a identidade de nossa cidade, que aos poucos vai perdendo suas características para inovações que agridem não só aos olhos, mas a nossa história também.

Acho que sou meio atrevida por criticar as coisas que me incomodam, mas infelizmente nasci com essa veia crítica e com muito amor pela minha cidade, onde a maioria das pessoas menospreza a tradição e a cultura.

Essa praça é tradição, tem história e faz parte das saudades que guardo dos meus doces tempos de mocinha, quando caminhar entre os canteiros, ver os amigos no final de semana e sonhar em ver o namorado era a maior alegria de nossas vidas. Dá-me pena vê-la de repente tão comercial assim, tal qual aconteceu com o Cine Vera Cruz, o Clube Recreativo e todos os espaços que antes espalhavam alegria e emoção no passado, que foram tragados pelo capitalismo selvagem do comércio.

Jornal Folha de Lagoa, edição 290, primeira quinzena de julho de 2012 

jc1140x200
Abrir o WhatsApp
Como podemos ajudar?
Olá, como podemos ajudar?