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Consulta popular: aplicação aérea de maturadores é aprovada por 87% dos votos

Entre os dias 18 e 20 aconteceu a votação na Câmara de Lagoa da Prata (Foto: Ricardo Freitas)

Durante o período da consulta, a Biosev realizou diversas tentativas de abordagens para esclarecer o assunto para a população

Aconteceu na noite de ontem (20) a apuração do resultado da Consulta popular em que o Legislativo Municipal de Lagoa da Prata pedia a opinião da população em relação à aplicação de maturadores em lavouras de Lagoa da Prata. A apuração aconteceu na sede da Câmara Municipal e teve 2031 votos a favor, 286 contra, 2 em branco e 7 nulos.

A reportagem do Jornal Cidade entrou em contato com os vereadores Josiane Almeida, Elias Silva e Joanes Bosco, que pediram a Consulta Pública, para que os mesmos falassem sobre o resultado. A vereadora Josiane disse que não tem uma opinião formada sobre o resultado da Consulta Popular e que se manifestará posteriormente. Os vereadores Joanes Bosco e Elias Isaías não foram encontrados para falar sobre o assunto.

Entenda o caso

Em 2011, os vereadores de Lagoa da Prata aprovaram um projeto de lei que proibiu a pulverização aérea no município. Em março de 2016, o Legislativo chegou a discutir possibilidade de rever a proibição. Câmara, prefeitura e executivos da Biosev, principal empresa interessada na pauta, chegaram a se reunir, mas o assunto não foi adiante.

Recentemente, a pedido do presidente da Câmara, o mestre em Ciências Ambientais, Carlos Frederico Muchon, elaborou um estudo para que os vereadores pudessem discutir a pauta de forma técnica. No documento, Muchon afirma, assim como outros especialistas citados em uma matéria recente, que o uso dos maturadores, ou reguladores de crescimento, não apresentam risco ao meio ambiente ou à sociedade, pois são produtos específicos que atuam sobre a cana, concentrando o açúcar da mesma e diminuindo a quantidade de água presente, sendo os mesmos de ação exclusiva sobre vegetais, atrasando ou acelerando o amadurecimento destes.

Campanhas de esclarecimento

Na última semana, funcionários da Biosev foram nas rádios do município e em diversos bairros para esclarecerem como acontecerá a aplicação do maturador e como é a atuação dele.

O Jornal Cidade conversou com Luiz Carlos Moreira Filho, que é coordenador de manutenção automotiva, e com Poliane Gontijo Teodoro, que é enfermeira do trabalho. Leia a entrevista:

Luiz Filho e Poliane Gontijo

Por que é tão importante que essa emenda seja aprovada?

Luiz: A importância está ligada à manutenção de empregos na cidade e região e a competitividade da empresa no mercado. Se não tivermos cana para colher, e ela tem que ter o período de maturação, ou seja, precisamos da autorização da aplicação do maturador para poder produzir o açúcar e o etanol. E garantir a sobrevivência da empresa também. Todos os funcionários da empresa estão na região, então, precisamos disso também para manter a empregabilidade. Nós queremos evitar o fechamento de uma empresa do tamanho da Biosev, o impacto será muito grande se isso acontecer. A empresa vai perdendo competitividade e chega num ponto que se torna insustentável. Temos um caso de uma empresa, que não foi pela questão da aplicação aérea de maturadores, mas que perdeu a competitividade e teve suas portas fechadas. Precisamos garantir que a Biosev seja competitiva, isso é o mercado, e se ela não for, está fora dele.

A população ainda tem como cultura que a aplicação aérea de maturadores e adubos causa câncer. Como que a Biosev tem buscado desmistificar essa questão?

Poliane: Nós, da área da saúde, fazemos o controle dos exames dos nossos colaboradores. Fazemos os exames ocupacionais e periódicos, inclusive, a equipe de aplicação de herbicida faz esses exames semestralmente justamente para acompanharmos e ver se tem algum agravo. Não temos dados e nem registrados casos de nenhuma doença em nossos colaboradores. Tudo é controlado, temos exames na medicina e não tem nenhum estudo que comprove câncer. Além disso, somos fiscalizados pelos órgãos ambientais. A não ser que a pessoa faça uso somente de alimentos orgânicos, tudo o que come tem maturador, pois não é possível, sem a ajuda dele, produzir o mesmo produto o ano todo, existem os períodos.

Luiz: Temos a Lei Federal que contempla isso e permite essa aplicação nos municípios. A Lei Municipal de Lagoa da Prata se sobrepõe a uma Lei Federal. A Lei Federal contempla a aplicação de herbicidas e pesticidas também, mas queremos fazer apenas a aplicação do maturador, que não causa nenhum dano aos animais e pessoas. O maturador não faz mal, é diferente dos pesticidas que está ali para matar as pragas, e o herbicida que está ali para matar as ervas daninhas. O maturador é apenas para maturar e deixa a cana no ponto de colher antes da época natural dela.

Em quais locais da região que o maturador é aplicado?

Poliane: Japaraíba, Moema, Iguatama, Santo Antônio do Monte, Bom Despacho, entre outros. E não tem casos relatados e nenhum médico que comprove que alguém teve câncer ou outras doenças por causa de maturador. Até porque, se fôssemos pensar por este lado, na safra, temos mais de 1500 funcionários, então, quantas pessoas seriam diagnosticadas com câncer ou outras doenças.

Se for aprovado, como que a empresa pretende mostrar para a população que está tomando os devidos cuidados?

Luiz: Antes do produto ser aplicado, será informada a localização e a dosagem à Câmara para que esta possa fiscalizar. Quem quiser poderá ir lá fiscalizar a aplicação. Não vamos aplicar nenhum produto além do que estamos realmente pedindo. O produto tem um período de carência para agir, que é de 30 dias, e a partir deste período não tem nenhum resíduo desse produto na cana. Então, ele não é produto que é um veneno, mas sim, um produto que fará apenas a maturação da cana.

A Biosev contratará uma empresa terceirizada para fazer o serviço de aplicação aérea?

Luiz: Serão contratadas empresas terceirizadas com todas as autorizações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que controla o voo que é feito por georreferenciamento. Essa empresa tem que ter a autorização da Anac e do Ministério da Agricultura, sendo cadastrada e fiscalizada. Além da própria empresa que fiscaliza a dosagem correta a ser aplicada.

Obrigado pela entrevista, o espaço está aberto para as considerações.

Poliane: Queremos pedir mesmo à população que se tiver alguma dúvida ligar para nós no 3261-9340. Não fiquem com dúvidas, pois queremos evoluir cada vez mais a usina e gerar mais emprego para Lagoa da Prata, que é o estamos precisando.

Profissionais independentes falam sobre o assunto

O Jornal Cidade conversou com quatro pesquisadores especialistas no assunto. São profissionais independentes que não possuem nenhum vínculo com a Biosev. Clique e leia a avaliação deles sobre o tema

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