Polícia Civil prende autor de crime em Martins Guimarães e família de vítima pede justiça
A Polícia Civil de Lagoa da Prata prendeu esta semana o autor de um latrocínio em Martins Guimarães, comunidade rural de Lagoa da Prata. Wellington Araújo Silveira afirmou ser o autor do crime contra o senhor Altino Alves e ainda descreveu como foi a briga com ele. “Tenho 28 anos, estava para casar e por causa da situação financeira eu fiz isso. Eu agredi o senhor Altino. Depois que eu cometi o furto a gente teve uma briga corporal e a senhora (esposa do senhor Altino) eu não cheguei a ver”.
Chorando muito, o autor disse que a cachaça que ele havia tomado o motivou a seguir com a ideia. “Eu tinha tomado umas cachaças e cheguei lá muito ruim. Eu cometi o delito e depois que eu fiz isso briguei com o senhor. Após o fato, ele foi para o hospital e depois de duas semanas veio a falecer por tuberculose”, afirmou.
Wellington já havia trabalhado para o senhor Altino. “Eu trabalhei para ele e fiquei sabendo que ele tinha um dinheiro guardado em um cofre. Eu estava muito apertado financeiramente. Eu fiz essa bobagem e gastei o dinheiro só com besteira. Nem droga eu uso. Eu estava tonto demais e nem sabia o que estava fazendo direito. Aconteceu e eu fiz tudo sozinho. Eu peguei um moto táxi para ir até lá, mas fiz tudo sozinho”, destacou.
O autor também frisou o motivo de não ter se entregado para a polícia antes. “Várias vezes eu pensei em ir até à delegacia para me entregar, mas eu sempre tive medo. Agora eu só quero pagar pelo crime que eu cometi e depois seguir minha vida trabalhando”.
Wellington disse que nunca cometeu outro crime. “Eu não cometi mais nenhum crime. Inclusive, eu estava trabalhando em um condomínio como porteiro e entraram lá para roubar, mas em nenhum momento eu facilitei a entrada de ninguém lá. A polícia está investigando, mas não vai encontrar nada meu, pois não tive participação”.
De acordo com o delegado de Polícia Civil, Leonardo Mota, desde a época da prática do crime a polícia fez uma intensa investigação para chegar até o culpado. “Esse crime gerou muita comoção, inclusive, eu fiquei muito comovido. A gente se envolve muito com a família das vítimas e ficamos com o sentimento de querer que a justiça seja feita. Foram 2 anos e 8 meses de incessantes investigações, fizemos quebra de sigilo telefônico e bancário para apurar o crime”, afirmou.
Mota também frisou que a investigação chegou até o suspeito no final do ano passado. “Tínhamos informações e chegamos até o investigado, que é o Wellington. Com base nisso, começamos a trabalhar e conseguimos concluir que ele seria o suspeito. Diante desses indícios, fizemos a representação pela prisão temporária dele, que foi prontamente deferida pela Justiça local. Na terça-feira (12) nós conseguimos cumprir o mandado de prisão dele na cidade de Santo Antônio do Monte. Ele foi trazido para a Delegacia de Lagoa da Prata, interrogado por duas horas e no final ele decidiu colaborar com as investigações. Ele confessou o crime com bastante propriedade e riqueza de detalhes”, destacou.
O crime
No dia do crime o autor foi à casa sozinho e agrediu o idoso com chutes e socos. “A justificativa dele para essa agressão foi de que o idoso pegou um pedaço de pau e começou a dar pauladas nele. Por isso, disse que se defendeu batendo na vítima. Ele chegou desarmado e com intenção de roubar o dinheiro que o casal guardava em um cofre da casa. Sem dúvidas, por já ter trabalhado na fazenda ele tinha conhecimento desse cofre. Inclusive, um dia antes do crime ele esteve na casa e conversou com os idosos para saber se estariam sozinhos no dia seguinte”, detalhou.
Após as agressões ele roubou R$ 40 mil do cofre e fugiu. O idoso ficou na casa e foi encontrado caído no chão sem condições de reação. “Ele foi internado em Lagoa da Prata, passou por procedimentos em Formiga, mas não resistiu aos ferimentos e uma semana depois morreu”, destacou o delegado.
O arrependimento
Wellington pediu perdão para família do senhor Altino. “Eu peço perdão para a família dele e para a minha também. Minha vida se tornou um inferno durante esses 2 anos 8 meses”, disse.
Para o delegado, o autor se mostrou arrependido. “O arrependimento é uma coisa muito pessoal. Ele é um indivíduo que não tem passagem policial e no interrogatório se mostrou arrependido. Agora, isso vai dele. Eu acredito que só dele ter confessado o crime já demonstra um pouco de boa fé. Não estamos aqui para julgar ninguém, mas sim para apurar os fatos. Conseguimos dar essa resposta para a população”, afirmou.
Pena
O autor responderá por latrocínio, que é roubo seguido de morte. “Ele poderá pegar de 20 a 30 anos de prisão. A nossa investigação parte do princípio de latrocínio, considerando as graves agressões contra a vítima. O senhor Altino tinha 85 anos quando tudo
aconteceu. Pela confissão dele certamente será indiciado por latrocínio consumado. Entregaremos esse inquérito já com i indiciamento para a Justiça para o Juíz e o Promotor deliberarem sobre o futuro dele. Estamos com a sensação de dever cumprido por dar uma resposta para a família que esperava ansiosamente a resolução desse crime, principalmente para a sociedade. Eu tive a oportunidade de estar com o senhor Altino enquanto ele estava no Pronto Socorro para tentar ir em busca de mais informações, mas infelizmente ele estava muito desnorteado por causa das agressões. Alguns casos cria-se um vínculo e fica-se a sensação de querer solucionar o mais rápido possível. Mesmo quando passa um tempo a polícia não desiste de solucionar os crimes”, destacou.
A família da vítima
Para a filha do senhor Altino, Nadir Silva Brito, o crime fez com ela e a família perdessem a base. “Há 2 anos e 8 meses a minha família foi atacada por essa tragédia. Meu pai era um homem de palavra, de um caráter maravilhoso. Desde o ocorrido a gente tem
sobrevivido, pois esse cara desestruturou toda a nossa família. Esse homem foi a causa de tudo isso. Fazer o que ele fez com um homem de idade avançada é uma crueldade muito grande. É um ser muito frio. Espero que ele pague pelo que fez com o meu pai”, afirmou.
Camila Brito, que é neta do senhor Altino, fala da dor de ter perdido o avô. “É um caso de revolta! Aconteceu o inesperado, mas agora a gente quer que ele pague. Ele não tinha motivos para ter feito tanta crueldade com o meu avô. Eu queria ouvir da boca dele o motivo. Ele destruiu a fazenda e acabou com a vida do meu avô”.
Para Albertino Fernandes , irmão da vítima, o autor do crime não merece perdão. “Eu agradeço muito a polícia. Eu não perdoo ele e nem quero vê-lo”. disse.