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Guia prático contra a desinformação: plataformas digitais disponibilizam ferramentas para auxiliar no combate às fake news

Seja por conta das eleições, ou de outros acontecimentos com impacto significativo na vida das pessoas, as notícias falsas têm a intenção de manipular nossas ações e podem causar prejuízos significativos.

João Alves

Henrique Félix*


No próximo domingo (30), acontece o segundo turno das eleições nacionais no Brasil. Por conta disso, a preocupação com as fake news é crescente, já que elas estiveram presentes em eleições anteriores e influenciaram diretamente a votação. Sem mencionar, é claro, seu papel durante os momentos mais críticos da pandemia, desincentivando a vacinação e promovendo o uso de medicamentos nada eficazes contra a covid-19. 

Conforme explicado por Lorena Tavares, professora da Escola de Ciências de Informação da UFMG, a criação e dissipação de fake news apenas são possíveis graças às tecnologias de comunicação e informação. 

Segundo ela, infelizmente, não há um grande controle sobre quem cria e compartilha notícias falsas, mas seu alcance pode ser devastador. Este efeito é, ainda, amplificado pela pós-verdade, para a qual, apelos à emoção ou a crenças pessoais são mais importantes do que fatos objetivos. 

Fenômeno “comum”

Em outras palavras, quem nunca recebeu em suas redes sociais, especialmente naquelas de compartilhamento direto de mensagens, como whatsapp ou o “direct” do instagram, alguma notícia de conteúdo duvidoso, mas cujo formato lembrava, de fato, o formato jornalístico com o qual estamos acostumados?

Por ser um fenômeno relativamente comum, o Jornal Cidade pesquisou maneiras práticas e úteis para checar se uma notícia é verdadeira ou não. De acordo com o professor Ronaldo Ferreira e com o doutorando Gregório Fonseca, ambos da UFMG, quando recebemos alguma informação de teor questionável, devemos seguir os seguintes passos:

  • Checar se há uma fonte e descobrir quem é a fonte da informação – se possível, procure no Portal de Notícias se a notícia está, de fato, hospedada nele;
  • Pesquisar pela informação em plataformas de busca, como a google;
  • Identificar as evidências e o seu contexto, isto é, a notícia tem alguma razão de ser e traz dados ou fontes que corroboram com o fato informado?
  • Identificar o público-alvo do conteúdo, para conferir o viés e a intencionalidade;
  • Observar o propósito da publicação, já que, para serem compartilhadas, as fake news buscam trazer sentimentos de indignação e raiva;
  • Perguntar como as informações estão dispostas no conteúdo e como ele é apresentado esteticamente, já que notícias falsas costumam ter palavras com letras maiúsculas e erros de gramática.

Tecnologia versus desinformação

Além destas dicas, alguns dispositivos digitais, com o intuito de driblar a desinformação, disponibilizam em suas plataformas elementos que indicam a credibilidade (ou falta de credibilidade) de determinada notícia.

Conversamos com o especialista em Marketing Digital, e estudioso das redes, Henrique Félix, de Lagoa da Prata, sobre como as plataformas têm contribuído no combate à desinformação. Ele esclareceu que, com o tempo, cada rede, a seu modo, tem se munido de ferramentas que podem auxiliar o usuário neste momento crítico e ajudá-lo a não cair em fake news. 

Instagram

No Instagram as publicações que tratam temas tidos como “sensíveis” ou que infringem alguma conduta da plataforma ganham uma atenção especial, além da possibilidade de serem removidos caso a informação seja falsa. 

Quando um story é compartilhado, o algoritmo identifica as palavras que são utilizadas na publicação e adiciona um link em uma barra na parte inferior dos stories, levando ao site do TSE, por exemplo, caso o assunto seja sobre as eleições de 2022. No entanto, nem sempre o algoritmo consegue rastrear a postagem para inserir o link.

A mesma estratégia também aconteceu durante o enfrentamento intenso da pandemia do Covid-19 nos últimos 2 anos. A barra levava então ao site do Ministério da Saúde que centraliza informações verificadas sobre a pandemia. O Instagram e o Facebook derrubaram mais de 1 milhão de postagens brasileiras com o que classificaram como “desinformação grave” sobre a Covid-19, segundo matéria divulgada no final de 2021 pela CSN Brasil, antes mesmo da “terceira onda”. 

No entanto, as informações no Instagram ocorrem mais frequentemente em imagens postadas originalmente, o que impede o rastreamento de um link único, já que cada foto postada resulta em um novo post. Isso dificulta o rastreio e faz com que a plataforma tenha que reiniciar a verificação nos novos posts.

Facebook

Ainda que tenha posturas similares ao Instagram, que também faz parte do grupo Meta, o Facebook passou por algumas controvérsias particulares. Como, por exemplo, uma falha no algoritmo foi identificada em outubro de 2021. A informação foi divulgada em comunicado por engenheiros do Facebook ao The Verge em março de 2022. O chamado “bug do algoritmo”, ao invés de remover publicações sensíveis e questionáveis, fez com que a plataforma as estimulasse. Calcula-se que a falha causou um aumento de 30% nas visualizações das fake news em escala global. O prazo de impacto do “bug do algoritmo” não foi divulgado.

Ainda que existam controvérsias, a plataforma se posiciona contrária à disseminação de fake news, excluindo postagens e penalizando contas, ainda que tenha que rever algoritmos e buscar medidas mais sérias.

Twitter

A rede possui uma mecânica que favorece a informação rápida, em tempo real, o que resulta em uma disseminação rápida das mensagens. No Twitter, ao retweetar um link que você não abriu, a plataforma pergunta se você gostaria de chegar a informação antes de compartilhar com seus seguidores.

A plataforma também possui um mecanismo de checagem de feedbacks da comunidade relativamente mais eficiente que as demais plataformas, sendo possível reportar uma conduta sensível ou maliciosa. O Twitter também ganha pontos por sempre notificar de volta o usuário que denunciou um conteúdo com o resultado da análise, que pode ocasionar remoção da postagem e penalidades às contas, resultando inclusive em banimentos.

WhatsApp

O WhatsApp, que também faz parte do grupo Meta, também desenvolveu alguns mecanismos buscando controlar a difusão em massa de informações. Um desses métodos foi a inclusão do “compartilhado frequentemente” às mensagens que são retransmitidas em grande escala. O aplicativo de mensagens instantâneas também limitou o compartilhamento de mensagens para somente 5 conversas por vez. Conversas que já foram compartilhadas cinco vezes só podem ser encaminhadas para uma conversa por vez.

No entanto, nada impede o usuário de copiar a informação e colar como nova mensagem, a enviando novamente como uma nova mensagem e podendo voltar a compartilhar com 5 mensagens.

Para além das redes

Além das redes citadas, instituições consolidadas e sites de checagem de notícias também auxiliam os usuários a identificarem uma informação falsa. Neste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conta com três iniciativas: a campanha #EuVotoSemFake; uma página chamada “É fato ou boato”, que visa desmentir dados falsos sobre o próprio TSE e um sistema de alerta, que permite a denúncia de fake news sobre o processo eleitoral.

Já os sites “É fato ou Fake”, do Grupo Globo, e a Agência Lupa, checam notícias tendenciosas, identificando-as como verdadeiras ou falsas, e se somam às iniciativas já citadas. Neste período eleitoral, no qual as informações costumam se multiplicar nas redes de forma desordenada e frenética, acessar estes portais pode fazer toda a diferença na hora do voto.


Arquivo pessoal/Reprodução

 

Henrique Félix é especialista em Marketing Digital pela PUC Minas, designer e administrador. Apaixonado por música, cultura e tecnologia. Fez parte de coletivos culturais em Lagoa da Prata, como E-Cult, Lacustre e Nexalgum. Hoje cria conteúdo nas redes sociais para ajudar outras pessoas a aprenderem sobre Marketing.

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