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Dia dos pais na quarentena: conheça histórias de pais que tiveram que se adaptar à rotina dos filhos

Dessa vez, o Jornal Cidade optou por fazer uma matéria que mostrasse a realidade dos pais durante a quarentena. Para isso, conversamos com pais que contaram como tem sido passar vinte e quatro horas com seus filhos, além de mães solos que também tiveram papel de pai.

Rhaiane Carvalho  Matheus Costa
@rhaianecarvalho   @matheuspcostaa

Neste ano, o dia dos pais será comemorado de uma maneira diferente. Com a chegada do novo coronavírus no país, as relações e as comemorações terão que se adaptar. Pais e filhos estão tendo uma convivência tão intensa quanto a dos fins de semana, só que com a obrigação de dividir o tempo com o trabalho e as tarefas domésticas, tudo num mesmo ambiente.

Dessa vez, o Jornal Cidade optou por fazer uma matéria que mostrasse a realidade dos pais durante a quarentena. Culturalmente, são eles que saem de casa cedo e retornam ao final do dia, participando parcialmente da rotina semanal de seus filhos. Assim, conversamos com pais para saber o que esse período tem trazido de positivo para as relações e como tem sido essa adaptação em conciliar a parte idade e trabalho.

Haroldo Aguilar, pai da pequena Ágata de 5 anos, disse que hoje vê que a rotina da casa com filhos não é nada fácil. “Eu saía e pensava ‘que sorte da minha esposa poder ficar em casa’, um pensamento bem machista até eu também ficar. A quarentena me proporcionou e tem proporcionado muitos momentos com a Ágata, inclusive, os melhores e também os mais difíceis. Toda hora tenho que parar pra ver se está tudo ok; as refeições são mais demoradas, pois ela tem o tempo dela; às vezes tenho que parar meu trabalho porque ela quer me mostrar algo ou quer atenção. Mas em compensação, estou com ela o tempo todo, coisa que só desfrutava aos finais de semana. Hoje, valorizo muito mais a minha esposa, pois ela vive a maternidade 24 horas, não tem descanso”, contou.

Haroldo ressaltou que, para ele, esse será o melhor dia dos pais. “Estarei com Ágata o tempo todo, isso é o melhor presente do mundo pra mim”, finalizou.

Ferdinando Araújo é pai de Francisco e Théo, e contou ao JC o desafio que a quarentena trouxe na convivência com os filhos que sempre foi repartida com a escola.

“As frases que mais tenho ouvido e falado são: ‘Pai, você esqueceu de ligar o notebook? Eu tenho aula de inglês…’ ‘Façam silêncio, papai vai entrar em uma reunião do serviço…’ ‘No computador, pai? E meu jogo?’ ‘Alguém pode tirar o cachorro daqui? Estou em uma ligação de trabalho!’.

O isolamento social coloca para nós, famílias, um grande desafio. De uma hora para outra, surge a necessidade de reorganizar as demandas profissionais, com os filhos em casa, intensificando uma convivência que sempre foi repartida com a escola. Os conflitos podem eclodir com mais facilidade, uma vez que o nível de preocupação e pressão sobre nós é muito forte. Isso também acontece com as crianças e adolescentes, que viram sua rotina absolutamente modificada. Mas mesmo com tudo isso, estou tão feliz e realizado como pai. Esse ano vou comemorar o dia dos pais mais intenso da minha vida, pois sempre fui muito participativo na vida deles, mas agora estou entranhado na rotina, e isso é lindo, é gratificante demais”, contou Ferdinando.

Mães solo

É importante destacar que ainda existem muitas mulheres solos, que criaram seus filhos sozinhas e que de  certa forma, também comemoram o dia dos pais. A Raquel Pereira é mãe de quatro filhos, e três já são maiores de idade. Ela contou que não foi nada fácil criar quatro crianças sozinhas.

“Não foi fácil. Criar quatro crianças sozinha não foi fácil. O pior era quando eu tinha que sair para trabalhar e deixar todos eles sob os cuidados da irmã mais velha que, na época, ainda era uma adolescente. Nunca me casei, e depois que larguei o pai dos meus filhos, conheci outro rapaz, que é pai da minha caçula. Moramos juntos por quase 20 anos, e meus filhos até o chamavam de pai. Mas por desentendimento bobo, também nos separamos, e mais uma vez segui na educação sozinha. É cansativo, e vez ou outra a gente pensa em desistir naquele momento de dificuldade. É muita pressão, aluguel, escola, contas e etc, e sempre trabalhei como doméstica, ainda trabalho; o que me fez vencer e estar aqui hoje foi o meu amor por eles, pelos meus filhos. Hoje sou grata pelas pessoas que são. Cresceram bem e são educados, trabalham e me ajudam. Eu cuidei deles, mas hoje eu é quem sou cuidada por eles. Larissa, Matheus, Lucas e Fernanda, eu amo vocês”, finalizou Raquel.

O filho do meio da Raquel, Matheus Pereira, disse que sempre viu a luta da mãe. Ele faz faculdade de Jornalismo e sempre contou com o apoio da mãe para os estudos.

“Mesmo com as dificuldades, minha mãe sempre me ajudou a estudar. Ela pagou um cursinho para mim durante um ano inteiro para que eu fosse bem no Enem. Na época, eu ainda não trabalhava, e ela teve que trabalhar dobrado para pagar as mensalidades. Agarrei firme para que aquele dinheiro não fosse em vão. Consegui uma nota boa no Enem e, com isso, consegui um financiamento que me permitiu entrar para a faculdade. Sempre vi as lutas dela, as dificuldades que passava para não nos deixar sem luz ou água. Portanto, nunca passamos fome. Hoje meu maior objetivo é ser alguém na vida e dar à minha mãe uma vida melhor. Acho que já está na hora dela parar um pouco, descansar. Quero ajudá-la a comprar nossa casa própria, pois é o seu maior sonho. Sinceramente, minha mãe foi tão pai para mim que eu não senti falta. Sempre foi eu, meus irmãos e ela e assim vai ser”, contou.

A Roseli Medeiros também foi pai/mãe, e contou como isso criou um elo forte entre ela e sua filha, Rhaiane Medeiros.

“Não tive minha filha fora do casamento, mas desde os 7 anos dela fui pai e mãe. Hoje ela tem 31 anos e foi muito bem criada, graças a Deus. Se formou, casou, tem um filho, trabalha e nunca precisou do pai para se tornar uma mulher de bem. Hoje ela entende a importância de um pai por ter um filho, mas também me valoriza muito por eu ter essa representatividade na vida dela. Não foi uma vida fácil, eu ganhava pouco e ela era uma criança, tinha vontades e eu tinha que explicar que às vezes não podia dar o que ela queria. Mas isso passou. Sou a pãe dela como ela diz, a mãe que também é pai. Nós, mulheres, somos muito fortes, principalmente, quando se trata de filho. A gente vai à luta, não abandona a cria por qualquer coisa. E eu sou uma mãe/pai muito feliz por ter dois papéis na vida dela. Aprendemos muito e criamos um elo muito forte”, disse Roseli.

Rhaiane conta que sua mãe foi uma guerreira e que nem se tivesse tido o pai do lado teria dado tão certo.  “Eu queria um pai presente, que me desse limites e dividisse as responsabilidades com minha mãe. Mas não sentia falta do meu pai em si, ninguém sente falta de ausência de afeto. Por mais difícil que tenha sido, minha mãe nunca me deixou e hoje sou uma mulher que estudou, casou, tem um filho e tem uma empresa. Será que minha mãe conseguiu fazer a parte dela e do meu pai? Óbvio que sim! E sou muito grata à ela por tudo. Toda dificuldade que passamos nos fizeram entender que a mulher tem uma força absurda. Ela sempre será meu pai e mãe!”.

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