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Cientista da cidade de Moema é um dos principais palestrantes da Campus Party

Ivair durante uma entrevista ao programa Conversa com Bial da rede Globo. Foto: (Globo/Divulgação)

O cientista trabalhou no “coração” da sonda Curiosity, o equipamento que mandou pulsos de microondas para o solo de Marte e recebeu de volta o sinal para permitir a aterrissagem segura em território marciano

O moemense Ivair Gontijo é um dos principais palestrantes da Campus Party12. O evento, que acontece de 12 a 17 fevereiro, reunira profissionais e estudantes de tecnologia e empreendedorismo. Atualmente, o trabalho de Gontijo no laboratório de propulsão a jato (JPL, na sigla em inglês) está focado em uma missão coletora no planeta vermelho, que tem lançamento marcado para 2020.

Formado em física, Gontijo acredita que qualquer pessoa pode chegar a ser, como ele, um cientista da Nasa, mesmo sendo estrangeiro. Para ele, o foco e a paciência para desenvolver a carreira são os segredos para atingir o sucesso profissional. O cientista trabalhou no “coração” da sonda Curiosity, o equipamento que mandou pulsos de microondas para o solo de Marte e recebeu de volta o sinal para permitir a aterrissagem segura em território marciano.

Em entrevista para a revista Exame, Ivair contou como é a sua rotina. Leia alguns trechos:

Como um brasileiro foi parar na Nasa?

Ivair Contijo: Nenhum de nós sabe como nossa carreira vai se desenvolver. Temos que tentar de tudo e acreditar que alguma coisa vai dar certo no final. Trabalhei em várias áreas diferentes, estudei assuntos diferentes, sempre com um plano de longo prazo, um compromisso comigo mesmo de criar a própria carreira. Todo mundo tem um futuro brilhante pela frente, mas ele precisa ser conquistado. As coisas não acontecem em  dois ou cinco anos. Objetivos grandes precisam de uma década ou mais.

Quando digo que passei por várias áreas diferentes, é porque administrei uma fazenda em Minas Gerais, quando parei de estudar por três anos, depois me formei em física e fiz um mestrado em óptica, depois morei por dez anos na Escócia, onde concluí doutorado em engenharia elétrica e só depois me mudei para a Califórnia e comecei a trabalhar na Nasa.

Como você conseguiu o emprego na Nasa?

Tentei algumas vezes entrar na Nasa, mas não consegui. Trabalhei em uma empresa de fibra óptica e recebi uma ligação do JPL, da Nasa, dizendo que tinham encontrado meu currículo em um fórum e que eu tinha o perfil procurado por eles. Seriam feitos testes em lasers, com um grupo interdisciplinar, antes de eles serem mandados para o espaço. Fui contratado para trabalhar nisso. Uma semana depois, fui chamado para trabalhar na construção dos emissores e receptores do radar que ia controlar a descida da sonda Curiosity em Marte.

Como é sua rotina trabalhando na Nasa atualmente?

Intensa, cheia de desafios técnicos e de cronograma e de problemas que precisam ser resolvidos o quanto antes. Atualmente, estou trabalhando na próxima missão que vai para Marte, em 2020. Será uma missão de captura de amostras. Temos técnicas de física, química, biologia molecular na Terra que são super sofisticadas, mas que não podem ser aplicadas em Marte porque não temos tecnologia para transportar todos os equipamentos necessários. Por isso, iremos buscar amostras.

O veículo será parecido com o Curiosity, mas com instrumentos diferentes. Lá, vamos coletar materiais orgânicos em Marte que tenham alguma evidência de vida passada ou presente. Os materiais serão coletados, guardados em tubos e deixados na superfície de Marte. Uma segunda missão coletará os tubos e os deixará na órbita do planeta. Uma terceira missão os buscará para trazê-los para a Terra.

A missão dois e a três fazem parte de acordos entre a Nasa e a ESA para execução. Isso provavelmente acontecerá em 2026. As duas etapas aconteciam em uma só missão. Estou trabalhando em um dos instrumentos, muito complexo e sofisticado. Parte dele é feito pelos franceses, parte por um time de Los Alamos (Novo México) e os alvos de calibração estão em produção na Espanha. A ideia é poder recalibrar o instrumento, que pode ser impactado pelo tempo e pela viagem.

Sou o engenheiro responsável por todas as interfaces desse instrumento, chamado Super Cam; pelas interfaces entre um instrumento e o veículo. Preciso garantir que ele tenha energia elétrica, que a massa que ele leva não seja maior do que a alocada para ele e que o software se comunique corretamente com o veículo, transmitindo dados. O lançamento está previsto para julho de 2020.

 

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