Olho para Lavínia e ela parece estar sorrindo. Sabe aquele sorriso amarelo, forçado? Pois é… É exatamente esse o sorriso que vejo em seu rosto. Por trás daquela expressão artificial se esconde uma garota que atravessa um momento triste em sua vida. Sei que ela gostaria de “poder” chorar, de compartilhar com alguém sua dor, mas faz exatamente o contrário: sorri. Com esse sorriso forçado ela se esforça para convencer a si mesma e a todos ao seu redor de que está tudo bem, mesmo sabendo que não está. Ao evitar fazer contato com aquilo que sente, Lavínia busca duas coisas: evitar o sofrimento e apresentar uma falsa imagem de que está tudo bem.
Enquanto somos crianças, conseguimos identificar e expressar de forma harmoniosa nossas emoções. Sorrimos e pulamos quando estamos alegres, choramos quando estamos tristes ou sentimos dor, gritamos e xingamos quando estamos com raiva. Na medida em que somos socializados, vamos perdendo essa capacidade. Aprendemos que é feio ficar bravo, que chorar é coisa de gente fraca e entendemos que sorrisos são mais bem aceitos que lágrimas. Assim como Lavínia, passamos a tentar expressar em nosso corpo emoções contrárias àquelas que realmente sentimos.
Vamos assim perdendo contato com nosso corpo, nos tornando alheios às nossas próprias emoções. Queremos ser felizes, mas precisamos ter consciência de que a vida não é feita só de alegrias, o sofrimento é inevitável a todo e qualquer ser humano. As emoções são passageiras, não há alegria ou tristeza que dure para sempre. Evitar fazer contato com aquelas emoções que são desagradáveis não ajuda em nada, aliás, funciona ao contrário! Faz com que elas se tornem ainda mais fortes e demorem mais a passar. Torne-se consciente de suas emoções, seja receptivo a todas elas, e esteja certo de algo: ela vai passar!