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Trabalhadores que enfrentam o coronavírus para garantir a quarentena de outras pessoas

Quarentena pra quem? Fiquem em casa pra quem? Essas são as perguntas que centenas de pessoas que prestam serviços essenciais vêm fazendo nas últimas semanas.

Reportagem: Rhaiane Carvalho e Matheus Costa

Enquanto algumas pessoas se resguardam para cuidar da saúde e de seus familiares, outras centenas não conseguem se ausentar de suas atividades, consideradas essenciais. Para Paulo Henrique Vieira, também de Lagoa da Prata, não é muito diferente. Motorista de uma empresa de laticínios e caramelos, que não pode parar, Paulo sai para viagens longas que duram dias ou semanas. No entanto, ele contou à redação que toma os cuidados na medida do possível, e que a empresa também cumpre com as orientações, com higienização redobrada e kit alimentos para sobrevivência nas estradas. “Não me importo de sair para trabalhar, porque, com isso, estou levando alimentos para dentro das casas das pessoas nesse período de quarentena. E fazendo esse bem para a população acabo me sentindo um herói, mesmo correndo todo esse risco”.

Paulo Henrique Vieira é motorista. (Foto: Arquivo Pessoal)

Esse também é o caso da lagopratense Raquel Pereira, que é mãe solo de quatro filhos, mora de aluguel e trabalha como diarista. Ela contou à redação que trabalha de dia para comer à noite, e que por isso não pode ficar totalmente em quarentena. “Não posso parar completamente, porque dependo do meu dia de serviço para alimentar os meus filhos. Porém, ao sair de casa, eu sei dos riscos que estou correndo, por isso tomo os devidos cuidados. Sempre uso máscara e higienizo bastante as mãos com água e sabão e, quando possível, álcool em gel também”, contou.

Raquel contou também sobre como seus lucros diminuíram devido à pandemia. “Como trabalho cada dia para uma pessoa diferente, alguns acabaram me dispensando por causa do coronavírus. Por isso, meus lucros diminuíram bastante. Eu costumava trabalhar os cinco dias da semana, hoje em dia trabalho de dois a três dias na semana”.

Um gari da equipe de varrição da cidade de Arcos, que não quis se identificar, disse que recebeu todas as orientações e toma os devidos cuidados. “Troco de roupa na chegada e saída do trabalho e não vou de uniforme para casa. Também uso todos os equipamentos de segurança necessários”, contou.

Luiz Eduardo, que é padeiro em Santo Antônio do Monte, disse que tem medo do vírus, mas que garantir o seu sustento, no momento, é o mais importante. “Quando chego em casa já vou para o banho e retiro a roupa para lavar. Não vou dizer que gostaria de parar, pois amo meu trabalho, mas a gente tem medo, é claro que tem. O que faço é me cuidar na entrada e na saída, e rezar também. Tenho filhos, esposa, tenho bocas pra alimentar, não posso me dar ao luxo de parar. Sigo arriscando, dormindo, acordando e andando de mãos dadas com o medo para que outras pessoas se alimentem também”.

Jacinta Melo é catadora de recicláveis e, com filhos pra criar, chega a chorar sobre o que ainda poderá enfrentar. “O movimento na rua está bem baixo. As pessoas não podem sair de casa, não podem fazer festa, churrasco, e não produzem tanta latinha. Nas últimas semanas, caiu muito o volume, e também o preço. Cada kg de latinha custava R$ 2,80, mas hoje está R$ 1. A garrafa PET saiu de R$ 1,20 para R$ 0,80 e só o óleo continuou R$ 1 o litro”, relata.

Jacinta Melo é catadora de recicláveis. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

 

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