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Síntese étnica| Artigo

Foto: Reprodução/Internet

Em Macunaíma, há a presença do regionalismo brasileiro, em que o herói sem caráter, visita vários lugares do país na busca de uma identidade cultural, valorizando dessa forma, a diversidade e variedade linguística. Entretanto, fora do livro de Mário de Andrade, percebe-se que no século XXI, as diversidades regionais gerou o preconceito linguístico, visto que muitos indivíduos consideram sua maneira de falar superior a de outros grupos, promovendo assim, a desigualdade social. Nesse ínterim, urge analisar o contexto para que propostas amenizem o impasse e sejam discutidas em benefício do país.

Segundo o linguista Marcos Bagno, não existe uma maneira “certa” ou “errada” de comunicar-se, sendo o preconceito linguístico, o mecanismo impulsionador da ideologia de que existe apenas uma língua correta: a gramática normativa. Desse modo, há a disseminação de discursos pejorativos com o objetivo de difamar aqueles que representam as particularidades da região em que se habita, sendo alvo de estereótipos associados, por exemplo, ao caipira e ao nordestino, criando, por fim, a concepção de “atraso” e “subdesenvolvimento” de tais indivíduos.

Em outro âmbito, a mídia reforça o preconceito linguístico por retratar de maneira caricata os personagens de regiões menos favorecidas do Brasil, ridicularizando-os e enfatizando a desigualdade social, demonstrando que a língua está relacionada aos valores e estruturas sociais, e que os enunciadores da norma culta apresentam maior valor aquisitivo. Segundo Marcos Bagno, é uma ofensa aos Direitos Humanos a maneira a qual os nordestinos são retratados na televisão, visto que desrespeitam o valor cultural desses, promovendo a exclusão social. Se o preconceito linguístico continuar, o futuro será funesto, a menos que propostas sejam discutidas e consideradas.

Infere-se, portanto, que a Língua Portuguesa apresenta diversas particularidades regionais e culturais, sendo a linguagem um processo em constante mutação. É imprescindível que a mídia abandone os estereótipos em personagens de áreas menos desenvolvidas do país, investindo em interações para com os diversos grupos, por meio de campanhas educativas. Essas, por sua vez, poderiam agir com maior tolerância para com as diversas culturas, promovendo o pensamento crítico de que o Brasil é um país de múltiplas línguas, e não se deve desconsiderar a gramática normativa, servindo como base que sustenta o idioma, mas sim admitir que as variações são inerentes à Língua Portuguesa, para que desse modo, possa ser viável enfim, alcançar o relativismo cultural. Destarte, assim como em Macunaíma, seria possível valorizar a síntese étnica que marca a cultura brasileira.

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Yasmin Oliveira
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