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Seu Zé Reis e Dona Humberta | Artigo

Foto: Arquivo pessoal

Em Japaraíba, o seu Zé Reis é muito conhecido. Casado há muitos anos com a dona Humberta, criou seus 15 filhos em Japaraíba e outras cidade da nossa região.

Seu Zé Reis tem uma particularidade muito importante. Todos os seus filhos tem nomes de santos. Dizia que assim, todos os filhos já nasciam abençoados, cada qual com o seu santo de nascimento, com o seu anjo da guarda, conforme a tradição católica determina. E o seu Zé é muito religioso. Seu José Lopes Reis, o seu Zé reis sempre foi muito dedicado à fé, estendendo a todos os filhos a devoção e a religião católica, da qual se orgulha e é ativo frequentador.

Devoto de Nossa Senhora, Seu Zé me disse que já fez de tudo um pouco na vida: foi retireiro, lavrador, trabalhou na terra, padeiro, carpinteiro… Já trabalhou como taxista, com vendas e em certo tempo foi vereador da cidade de Japaraíba. É um homem esclarecido e muito político.

Mas a profissão que ele abraçou mesmo foi a de pedreiro, sendo mestre e empreiteiro de obras.

Seu Zé me contou que no dia do seu casamento, então marcado no cartório para ocorrer às 14 horas, trabalhou até 12 horas, até o meio dia como pedreiro, num casa nas proximidades de onde hoje se encontra o Supermercado do Roberto. Havia colocado andaimes e “cintamento” por sobre as paredes,  a fim de garantir que elas não se partissem antes do rebocamento.

O seu sogro, pai da dona Humberta, incomodado com a tranquilidade do noivo trabalhando, se postou na parte de baixo do andaime e, diretamente, perguntou ao seu Zé se ele não iria ao seu próprio casamento, com voz firme, carregada de um pouco de ‘zanga’. Disse o sogro que iria falar com Humberta, vez que muito provavelmente o casamento não ocorreria.

Seu Zé da forma como se encontrava, respondeu o sogro com meias palavras, tendo dito que queria garantir um pouco de dinheiro no dia do casamento para comprar panelas, visto não haver ganho nenhuma nas festas anteriores de celebração da chegada do casamento. Rumou para casa, alertando aos seus pais acerca do horário. Tomou um “banho de gato”, como ele mesmo afirmou.

Precavido, havia solicitado a um vizinho que pudesse levar a ele e a sua família até o cartório, o que foi feito. Chegando nas proximidades do cartório, parou em frente à casa da dona Humberta e, segundo o seu Zé, a dona Humberta já havia inclusive tirado a “roupa do casamento”, achando que o seu Zé não mais interessaria a casar-se, ante a notícia de que estava trabalhando enquanto ela estava se arrumando. A noiva atrasou alguns minutos. O seu Zé lá se encontrava para colocarem as alianças.

O casamento havia sido marcado para as 17 horas (cinco da tarde) em Lagoa da Prata, o que aconteceu com muita simplicidade, mas com muito significado, com muito amor.

Deste casamento nasceram 17 filhos, sendo que 2 não sobreviveram aos partos. São eles: Rafael, Lázaro, Eduvirges, Ana, Luzia, Maria, Gilberto, Geraldo, Isabel, Raquel, Humberta, Aparecida, Sebastião, Maria Regina e Reginaldo. Com família numerosa, o seu Zé conta que trabalhava muito para cuidar dos filhos e da esposa mas que é grato a Deus porque nunca faltou o que comer para todos. Os tempos eram difíceis e tudo era sofrido. Tudo o que ia comprar era com luta e com sacrifício, principalmente quando as crianças adoeciam.

Com os seus 70 anos se aproximando, muito bem vividos, recorda sempre com saudade e satisfação dos tempos de outrora, os quais mesmo com muita luta e trabalho intenso, soube com a sua mui digna esposa, Dona Humberta, quase 50 anos de casados, criar os filhos com exemplos de honestidade e de dignidade, do qual são exemplos para os netos e também para com a comunidade.

Disse o seu Zé que a união da família sempre foi um diferencial para vencer os problemas. Como andávamos todos muito juntos e unidos, quando passávamos pela rua a fim de ir à igreja, muita gente gritava “Olha a procissão de São José”!

Morou em muitas cidades, fazendo amizades com muita gente.

Hoje os filhos estão quase todos casados, teem suas profissões e são pessoas muito queridas na comunidade.

Vida longa ao seu Zé e Dona Humberta. Que a nossa amizade seja longa e duradoura! Sejam felizes!!!

Histórias que o povo conta…


Isaías Santos – autor
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