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Ser mulher

Hoje, não quero receber cumprimentos pelo fato de ser mulher. Ser do sexo feminino foi apenas uma consequência natural e biológica da genética, não foi uma escolha de ninguém, quiçá de Deus. Aceitaria algum comentário pelas conquistas que fiz na vida como ser humano, com orgulho da minha condição feminina de ser.

Não gosto dessa bajulação sem sentido, como se resgatassem uma dívida histórica, por terem por séculos e séculos, enxergado a mulher como um ser inferior, um apêndice do homem ao qual devia obediência e submissão.

Tudo isso foi parte de um erro de comportamento social, assim como se perpetua até hoje com o racismo, com algumas religiões e culturas diferentes. Com a evolução do tempo, a sociedade vai tomando consciência de seus próprios erros e acontece a emancipação daqueles antes  considerados inferiores ou discriminados. Foi assim conosco e para muitos ainda continuará sendo por muito tempo, pois muitos homens trazem arraigados dentro de si, essa opressão contra a mulher, que querendo ou não, o seduz e domina, nem que seja por breves instantes. Sua força bruta não admite a sua fraqueza diante da frágil presença feminina que muitas vezes o subjuga e o supera em alguns sentidos. Mas ser homem ou mulher não significa uma disputa, e sim a continuação de um no outro para que todos os valores da vida tenham sentido.

Mas não é isso que quero abordar agora. Eu só quero que se alguém tiver um abraço para me dar, que o faça pelos papéis que desempenhei na vida, como o de mãe, de educadora, de filha, de amiga, de companheira de todas as horas, de sonhadora  incorrigível que orgulhosamente realizou a maioria de seus sonhos. Não me enviem abraços pelo simples fato de ser mulher. Meu sexo não foi uma escolha minha e jamais foi um entrave ou um privilégio para tudo que consegui na vida. Sou, como todo e  qualquer ser humano, uma semente que Deus lançou a terra e que felizmente, germinou, cresceu e deu frutos.

Vidas que eu sempre tratei da mesma forma, sem distinção entre filho e filha, que eu sempre amei igual, assim como o os ídolos e amigos que conquistei e com os quais dividi as alegrias e tristezas em minha vida. Enviem-me um abraço simplesmente pelo ser humano que sou e eu agradecerei sorrindo.

Maria do Rosário Bessas é escritora e presidente da Academia de Letras de Lagoa da Prata (Acadelp)
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