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Santa Casa de Arcos terá que fechar as portas se não receber apoio

Dívida é superior a 2 milhões; só para os médicos, deve mais de e R$ 1 milhão; fornecedores já estão suspendendo entregas

Por: Jornal Correio Centro Oeste

A situação financeira da Santa Casa de Arcos é preocupante e existe o risco de fechamento. Em 3 de abril deste ano, a dívida já superava R$2 milhões (R$2.651.503,71). São débitos com fornecedores, empréstimos (bancos), impostos; contas de água, energia elétrica e telefone; médicos (dívida que vem se arrastando desde 2016) e funcionários (valor referente ao Vale Alimentação em atraso há dois meses). Só para os médicos, a Santa Casa deve mais de R$1 milhão.

Segundo o gerente administrativo, Roberto Miranda, os fornecedores já estão suspendendo as entregas até que sejam quitados os débitos em atraso. Os médicos plantonistas solicitaram que seja estipulada uma data para o pagamento dos atrasados e já falam em suspender os atendimentos. Também foi informado que 50% do valor repassado como subvenção, pela Prefeitura de Arcos, já são designados para pagamento do sobreaviso de médicos que atendem exclusivamente pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) que estão internados. O médico de sobreaviso tem que estar disponível 24 horas diárias, com no máximo 15 minutos para chegar à Santa Casa em atendimentos de urgência.

Em 2018, o valor da subvenção da Prefeitura foi de R$ 1.330.000,00. O repasse do SUS nesse mesmo ano foi R$993.230,48. O déficit superou os R$ 450 mil.

 

Ademir Rubens da Silva

Elogios ao atendimento e críticas à estrutura do prédio

Uma jornalista do CCO esteve nas enfermarias na tarde de terça-feira, 23, quando conversou com pacientes e acompanhantes, sugerindo que eles relatassem os pontos positivos e negativos da Santa Casa.

Patrícia de Oliveira Contins, 47 anos, ajudante de serviços gerais, estava acompanhando uma paciente e elogiou o atendimento. “Tanto as enfermeiras quanto os médicos e o pessoal da cozinha são muito atenciosos. O que deixa a desejar é a estrutura do prédio, que está precisando de reforma”.

A confeiteira Marília Verçosa, 55 anos, também fez elogios. “São muito educados e prestativos. Toda hora eles vêm conferir se o soro está pingando, perguntam se está tudo bem, conferem pressão, sempre estão olhando a gente. O que precisa melhorar é a estrutura do prédio neste setor”.

Ademir Rubens da Silva, 62 anos, disse que o atendimento é ótimo, assim como o serviço de limpeza.

Graziele Ribeiro e Maurício Ribeiro dos Santos, pais de Nícolas Rodrigues, 15 anos, que se submeteu a uma cirurgia pelo SUS, também estão satisfeitos com o atendimento na Santa Casa e no hospital São José. “Queremos agradecer pelo cuidado e dedicação. Ele foi muito bem cuidado. Agradecemos ao Dr. Luciano dos Santos Carvalho, ortopedista, e a todos”, disse Graziele.

Técnicas em enfermagem Eliana Maria e Ana Paula Pereira

Atrasos frequentes nos pagamentos dos funcionários

A técnica em enfermagem Eliana Maria trabalha na Santa Casa há 20 anos. Ela diz que o hospital sempre enfrentou dificuldades financeiras, mas sem deixar de priorizar o atendimento aos pacientes. Ela afirma que nesses 20 anos, pacientes nunca ficaram sem medicação. Quando falta, pegam emprestado no hospital São José.

A falta de recursos afeta os funcionários, que não recebem o pagamento no dia certo.  A técnica em enfermagem Ana Paula Pereira disse que o atraso no pagamento é de 10 a 15 dias, dependendo da fase do ano. “Décimo terceiro sempre atrasa de dois a três meses; e geralmente nos meses de janeiro, fevereiro e março, recebemos sempre depois do dia 22 (o mês fecha no dia 15). Já chegamos a receber no dia 29”.

Mesmo recebendo salários com atraso, a equipe não deixa de se dedicar, e em alguns casos, segundo Eliana Maria, chegam a ser desrespeitados por acompanhantes que não aceitam as normas do hospital. “Muitos acompanhantes não respeitam a gente. É lógico que têm direito ao prontuário do paciente, para saberem o que estão tomando e os resultados dos exames, mas muitas das vezes a gente não pode passar o resultado de um exame para um acompanhante, porque quem tem que dar a notícia é o médico. Tem pessoas que não respeitam esse padrão que nós temos”, comenta.

A enfermeira também disse que em situações de epidemia de dengue elas se sentem sobrecarregadas, mesmo assim, fazem todo o possível para que não falte a atenção necessária. “Trabalhamos muito em equipe, uma ajudando a outra. Estamos aqui para resolver o problema do paciente, porque ele já vem carente e a família também já está preocupada”.

O técnico em enfermagem Felipe Gabriel Rosa da Cruz se preocupa com a precariedade das instalações do prédio. “Tinha que ter consciência da população, dos políticos, porque o hospital está praticamente caindo aos pedaços e a estrutura do bloco cirúrgico ficou só no papel. Querendo ou não, a população vai precisar, seja rico ou pobre. Se aqui não tiver recursos e tivermos que transferir pacientes pra fora, fica mais difícil pra família”. Ele também falou sobre a falta de medicamentos e materiais, em virtude da grande demanda durante a epidemia de dengue. “Já chegou a faltar medicação e material. Faltou soro, agulha, gel”, cita como exemplos e explica que, nesses casos, recorreram ao hospital São José, para que os pacientes não ficassem prejudicados.  A direção do hospital São José também recorre à Santa Casa quando precisa de medicamentos e materiais.

Médicos plantonistas estão sem receber há cerca de três meses

Os médicos plantonistas da Santa Casa de Arcos estão com os pagamentos atrasados há aproximadamente três meses. Outros repasses referentes à produtividade dos médicos e a convênios – que ficam retidos – também não são repassados a esses profissionais há cerca de dois anos.

O médico Tales Lopes Lamas, diretor técnico, afirma que todos os hospitais que dependem de SUS têm resultados deficitários, uma vez que em mais de 90% das vezes o recurso disponibilizado pelo Sistema não cobre as despesas que o paciente tem. O valor não é atualizado há mais de 20 anos. Segundo Dr. Tales Lamas, é por esse motivo que todas as Santas Casas e os hospitais de interior dependem de outras fontes de recursos. “É um problema crônico que, em meu ponto de vista, não vai ser resolvido enquanto o Governo não mudar a tabela do SUS. Estamos procurando uma maneira de resolver, porque se continuar do jeito que está, a previsão futura é fechar as portas.  A Santa Casa precisa de ajuda constantemente, da parte Executiva, da população, dos empresários”.

O diretor afirma que a maioria dos atendimentos na Santa Casa são feitos pelo SUS, chegando a 70%. Sobre demoras em transferências de pacientes do hospital São José para a Santa Casa, ele explica que isso acontece por questões técnicas. “São dois médicos discutindo casos e a necessidade de transferir, se a gente tem estrutura para atender esse paciente ou se é um paciente que precisa de uma estrutura maior, de alta complexidade”, esclarece.

Os profissionais da Santa Casa estão conscientes quantos aos riscos de infecção em virtude das paredes e tetos mofados. Tem uma verba específica para a reforma, que só pode ser utilizada com esse fim, ou seja, não pode ser gasta com custeio.

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