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Profissão: Mãe Social

“Eu a chamo de tia Roseli, mas pra mim ela é como uma mãe verdadeira, que cuida de tudo. Foi ela quem me ensinou a ser comportada e educada nos lugares e eu a amo muito.” Cíntia de Almeida, 37 anos.

Muito mais que cumprir uma tarefa remunerada, a função exige o verdadeiro instinto materno

Mãe biológica de uma pessoa com deficiência, e mãe social de mais 13 também com limitação física ou intelectual, Roseli Aparecida Branco Oliveira representa nesta matéria tantas outras cuidadoras que merecem homenagem neste mês das mães. Ela administra duas casas lares em Lagoa da Prata, e as tarefas incluem educar, cuidar da alimentação, levar para passear, ou seja, tudo que uma mãe faz.

Entretanto, talvez a principal tarefa seja a de resgatar a dignidade e autoestima de quem um dia foi abandonado por seus familiares, através de convívio afetuoso. Aí é que entra o dom tão especial de quem assume essa profissão Aquelas que se lançam ao exercício da função, geralmente o fazem por amor, ainda que este último seja impagável.

Poucas pessoas conhecem a atividade profissional da Mãe Social, embora tenha sido instituída há mais de 30 anos pela Lei 7.644. É uma profissão que foi criada como resposta para alguns problemas sociais como, por exemplo, maus-tratos e abandono. A definição desta atividade está disposta, de modo geral, no art. 2º da Lei nº 7.644/87, com o seguinte conceito: “Considera-se mãe social, para efeito desta Lei, aquela que, dedicando-se à assistência ao menor abandonado, exerça o encargo em nível social, dentro do sistema de casas-lares”.

Roseli Oliveira (ao centro) é mãe biológica de uma moça com deficiência, e mãe social de mais 13 pessoas também com limitação física ou mental.

Aqui em Lagoa da Prata as duas casas lares que foram fundadas há 12 anos estão vinculadas à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e abrigam pessoas entre 19 e 46 anos. São pessoas especiais que estavam sem família e algumas delas haviam sido inseridas na antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), mesmo sem terem cometido crimes. O local, completamente inadequado, era o que lhes tinha restado por não poderem ficar nas ruas.

A Roseli está com estes 13 “filhos” desde quando chegaram à cidade. Quatro são de Lagoa da Prata e estavam no Serviço de Obras Sociais (SOS), os demais vieram de outras cidades, principalmente da região de Belo Horizonte. Como já tem experiência com filho especial, Roseli aceitou o desafio e agora se diz incapaz de mudar de profissão. “Eu nunca tinha trabalhado antes e ganhei esse presente como um desafio. Havia um medo no início porque a responsabilidade é muito grande, mas Deus vai preparando a gente antes, pois tenho um filho biológico que estuda na Apae. Além disso, o convívio diário nos ensina muito, e a Federação da APAEs deu vários cursos e fóruns exclusivos para mãe social”, diz.

A adaptação não foi fácil nem para Roseli, nem para os novos moradores, mas ela teve persistência e dedicação para se adequar à rotina e aos membros da casa. Roseli começou como auxiliar de serviços gerais. A mãe social de uma das casas saiu e ela ocupou a vaga, quando viu já estava administrando as duas casas. “Ser mãe social é fazer o papel de mãe mesmo, e nem vejo isso como uma função por amar o que faço. E eles sentem o mesmo por mim, pois sempre me dizem que sou a mãe do coração deles”.

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