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Professores falam sobre possível retorno das aulas presenciais

Docentes apontam fatores de saúde, estrutura e logística como fatores importantes para esta retomada, mas todos não concordam com esta possibilidade.

Karine Pires

A educação do estado mineiro pode ser incluída no plano Minas Consciente, de acordo com a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis. A informação foi divulgada na página do sindicato durante uma entrevista à Central 98 FM. Zuleica, participou na terça-feira (25) de uma reunião com o Comitê Extraordinário Covid-19 do governo de Minas, na Cidade Administrativa em Belo Horizonte.

Em  Lagoa da Prata as aulas estão suspensas desde o mês de fevereiro e, até o momento, estão sendo realizadas remotamente. A redação do Jornal Cidade conversou com alguns professores de Lagoa e região para saber a opinião deles sobre o assunto.

Para a professora e escritora Rosana Cristina Ferreira Silva, que leciona no Instituto Pedagógico Arcoense (INPA) em Arcos e na Escola Estadual Virgínio Perillo de Lagoa da Prata, este retorno seria inadequado considerando a atual situação da pandemia, além disso ela ressalta sobre o quadro de saúde dos docentes e outros fatores que tornam este retorno inadequado para o momento.

“O retorno das atividades presenciais é inadequado para o momento, mesmo baseando-se em pesquisas científicas. Há muitas razões para essa inadequação: primeiro, enquanto a vacina não estiver pronta para ser aplicada em grande escala, todos estão expostos ao risco iminente de contágio. A faixa etária dos estudantes, em sua maioria, é assintomática, podendo estes contaminarem seus familiares que podem fazer parte do grupo de risco. Segundo, boa parte dos docentes têm doenças cardiovasculares e diabetes, tornando os recursos humanos ineficientes para uma atuação de qualidade. Além disso, os próprios alunos também apresentam enfermidades. Assim o retorno só contemplaria parte do corpo discente o que seria uma injustiça”.

A docente também destaca sobre a estrutura de escolas públicas.

Minha maior preocupação em relação ao retorno é justamente o início de uma nova onda de contágio e isso implica novas mortes. Além disso, as escolas públicas de Minas, salvo pouquíssimas exceções, não tem estrutura física que atenda a demanda de forma segura e para todos. Esta minha opinião se baseia na experiência de países que tentaram o retorno e não tiveram êxito, voltando atrás com essa tentativa.

Nossa redação também conversou com dois professores que não quiseram se identificar, um deles aponta fatores logísticos de como funcionaria na prática este retorno, pensando na quantidade de alunos que há em uma escola pública.

Se tem uma turma com 40 alunos e 1 professor, esse rodízio seria feito com 10 alunos e 1 professor em sala de aula? Gastaria um bom tempo para fazer esse rodízio nesta turma.

Outro questionamento, levantado pelo professor é voltado para outros profissionais da limpeza e da merenda de uma escola. Para ele é necessário pensar como seria feito o distanciamento destas pessoas de uma maneira que os protejam dentro do ambiente de trabalho. Para os profissionais da limpeza, a higienização teria que ser pensada para antes, durante e após as aulas, considerando o fluxo de funcionamento das escolas em que ele leciona que é de 7h da manhã ás 22h.

Além destes fatores, o recreio escolar teria que ser avaliado também, de acordo com o professor, pensando em como os alunos poderiam aproveitar o recreio com sem correrem riscos e como os produtos que os alunos podem levar para o lanche estariam higienizados pelos próprios alunos ou comerciantes, pois o vírus poderia estar nas embalagens dos produtos que seriam usados na escola.

Outra professora se demonstrou preocupada com este retorno, pois se preocupa não só com a própria saúde e de sua família. A docente destaca que o diretor da escola em que trabalha enviou um formulário que deveria ser preenchido com o nome completo e também se faria parte de um grupo de risco.

De acordo com a avaliação médica recebida pela docente, ela possui pré-disposição genética a desenvolver trombose que, se for combinada com a possível contaminação pelo novo coronavírus, ela correria risco de vida. Mesmo assim, foi confrontada por não se enquadrar nos itens presentes no formulário como uma pessoa do grupo de risco.

Eu acho um desaforo, uma falta de respeito nos obrigar a retornar para a sala de aula sendo que é muito perigoso. Os números constam que se retornar vai aumentar muito os casos de morte e contaminação. É um descaso conosco! E eu estou muito preocupada com esta situação. 

O ideal para o momento

Pensando então o que seria ideal no momento, na opinião de Rosana o correto seria investir na qualidade das aulas remotas melhorando a experiência de alunos e professores durante este período e também levar internet, meio fundamental para docentes e discentes se conectarem.

Para concluir, o ideal para o momento é investir na qualidade das aulas remotas, com aplicação de recursos públicos para todos os que necessitarem, tanto para professor quanto para aluno, além de levar a internet para todos e gratuitamente.Que essa pandemia acabe logo!

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