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Professores contam os desafios de ensinar, principalmente, na pandemia

Mesmo sabendo da desvalorização de tal profissão, os docentes continuam a ensinar. Para prestigiar o dia do professor, comemorado no dia 15 de outubro, o Jornal Cidade conversou com professores para falarem das dificuldades de ensinar numa sala de aula 100% online.

Matheus Costa

A profissão que forma todas as outras profissões. A profissão que ensina, que educa e que também aprende. Ser professora e professor nunca foi fácil em um país que tal profissão é tão desvalorizada. E nada melhorou com a chegada da pandemia do coronavírus, onde os docentes tiveram que se adaptar, arranjar um novo jeito de ensinar e desta vez on-line. Aqueles que tinham dificuldades com a tecnologia tiveram que aprender, e tudo isso para ensinar seus filhos, sobrinhos, netos etc. Uma profissão que, se não fosse executada com amor, certamente não daria certo.

Comemorado no dia 15 de outubro, o dia do professor é uma data importante para prestigiar aqueles que nos ensinam ou já ensinaram. Para isso, o Jornal Cidade conversou com alguns docentes para falar sobre como foi ter que se adaptar com as aulas on-line, nesse momento de isolamento social e como se tornou ainda mais difícil ensinar.

 

Ricardo Costa, professor de História do Brasil e diretor do Pré-vestibular Tutores (Arquivo pessoal).

O Ricardo Costa, diretor da Tutores de Lagoa da Prata, é professor de História do Brasil há 14 anos. Ele contou à redação que o maior desafio que enfrentou durante a pandemia foi sair de uma sala presencial e entrar em uma sala de aula 100% virtual. “Fazer um planejamento por um período que a gente não sabia quanto tempo ia durar. Então, por mais que a gente já tivesse algum contato com gravação, foi totalmente diferente. Tivemos que não apenas nos adaptar na frente da câmera, mas como também tivemos que aprender tudo, captação de imagem, microfone, iluminação… Ou seja, praticamente fizemos um curso de youtuber de forma intensiva e rápida”, contou.

Apesar das dificuldades, Ricardo contou também que as aulas foram muito boas. Segundo ele, a Tutores desenvolveu uma metodologiaque eles já usavam, sem usar as plataformas corporativas que ficaram famosas com as aulas on-line, como Teams e Zoom. “Nós criamos um estúdio dentro da sala de aula com quadro, do jeito que a gente sempre fez. Então adaptar e dar aula foi muito fácil. Nós já gravávamos aulas, 60% dos nossos professores já faziam isso, mas era diferente, pois não era ao vivo. É importante frisar que existe o timing, ou seja, existe uma pedagogia digital. Não adianta o professor chegar no Educação a Distância (EAD) desanimado, você precisa ter entoação, saber o tempo certo de dar aula. Mas eu acho que ninguém estava preparado para isso, foi muito de repente. A gente foi arremessado, catapultado para um mundo digital”.

Ricardo ressaltou que acredita que ser professor é uma questão de vocação. “Não importa a questão de dinheiro. Eu sempre quis ser professor, sempre fui muito resolvido na minha área, sempre soube das dificuldades e fiz graduação sabendo da desvalorização que é, mas o amor pela profissão fala mais alto”, finalizou.

Como frisou Ricardo, ser professor é vocação e, para reforçar, o JC conversou com a jovem Larissa Rezende, de 20 anos, que atualmente está no 4º período do curso de Pedagogia, aprendendo para ensinar no futuro. Ela contou que o curso sempre foi sua primeira opção.

Larissa Rezende Nunes Cardoso (Foto: Arquivo Pessoal).

“A graduação de pedagogia sempre foi minha primeira opção de curso, mesmo com todo mundo me falando para fazer ‘algo melhor e mais rentável’, porque eu queria fazer algo que gostasse e que contribuísse com o mundo de alguma forma. Eu não me sinto satisfeita com alguns aspectos da nossa sociedade e acho que a única maneira de mudar isso é com a distribuição de conhecimento. Ser professora, para mim, é passar o conhecimento da humanidade para frente e fazê-la evoluir, é criar o mundo, e por isso, sempre será uma profissão que vale a pena”, disse Larissa.

Wanessa Alves Carvalho que é graduada em Ciências Contábeis e é graduanda em História e pós-graduanda em Ensino de Humanidades, também contou sobre sua experiência.

Wanessa Alves Carvalho (Foto: Arquivo Pessoal).

“Antes de iniciar recentemente na docência, passei por outra graduação e outras experiências profissionais no setor industrial. Foram experiências que me ensinaram muito, mas nada se compara com o que tem sido poder estar dentro da área educacional. É um mix de sensação enorme, é paixão e ódio a cada hora. Paixão por saber que a educação é o único caminho de transformação real para uma sociedade justa e igualitária. Porém, ódio por saber que tais transformações são lentas e dependem de muitas variáveis que vão além dos nossos alcances. Ódio por ser uma profissão extremamente desvalorizada, desrespeitada e cansativa. Mas paixão por saber que você pode ser uma peça chave para a mudança da realidade de alguém. E também paixão por estar no meio de tanta gente inspiradora e batalhadora, que apesar de todas as dificuldades, ainda vão para a sala de aula com muito brilho e esperança nos olhos. Enfim, ser professora é uma experiência muito intensa, e que precisa, mais do que nunca, passar por ações efetivas sobre a valorização e importância da mesma. Até porque, como já disse o Mestre Paulo Freire, ‘se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda’”, afirmou.

Luciana Vasconcelos, professora e mestra em educação da língua inglesa. (Foto: Arquivo Pessoal).

Por fim, Luciana Vasconcelos, professora e mestra em educação da língua inglesa, disse como se reinventar neste momento foi importante. “Sou professora há muitos anos, mas infelizmente a gente sabe que é uma classe amplamente desvalorizada. Hoje dou aulas em escolas da rede pública e privada, além de uma universidade. Mas o que quero frisar é a nossa importância. Estamos vivendo um momento em que nos reinventar é imprescindível, isso só nos mostra o quão versátil podemos ser, mesmo com várias dificuldades. A docência é pra quem tem muita coragem e amor pra oferecer. Aos meus colegas de profissão, o meu muito obrigada por acreditarem que a educação é o caminho para mudanças efetivas e não paliativas”.

 

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