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Possíveis problemas estruturais na ponte sobre o Rio São Francisco preocupa população

A ponte que liga Lagoa da Prata à Luz foi construída pela empreiteira Cowan, a mesma construtora responsável pelo viaduto que desabou na capital mineira em 2014.

Alan Russell

Nas últimas semanas, diversas postagens em redes sociais apontavam um possível problema estrutural na nova ponte sobre o rio São Francisco, que liga Lagoa da Prata à Luz. Nas fotos publicadas em grupos do facebook, é possível perceber trincas e fissuras na parte de baixo da ponte. Diante da preocupação da população, vereadores de Lagoa da Prata, assim como o prefeito de cidade de Luz, encaminharam ofício para o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens (DER), solicitando uma visita do órgão responsável, para averiguar a situação estrutural da ponte.

Ponte apresenta trincas e fissuras na parte de baixo. (Foto: Rafael Robatine).
Foto: Rafael Robatine.
Foto: Rafael Robatine.

A vereadora de Lagoa da Prata, Cida Marcelino, afirmou que os técnicos do DER vieram à Lagoa no dia 15 de abril e, na ocasião, realizaram intervenção na cabeceira da ponte e se comprometeram a apresentar um estudo mais detalhado acerca dos possíveis problemas estruturais.

“Encaminhei um ofício solicitando a visita dos profissionais do DER que prontamente nos atenderam. Além das trincas em baixo da ponte, a população estava preocupada com relação à uma leve depressão que estava ocorrendo na cabeceira da ponte. Com relação a essa depressão o pessoal do DER realizou o reparo e já está normalizado. Porém, com relação a possível trinca, o DER disse que precisa fazer um estudo mais detalhado. Mas de antemão já deixaram claro que a população não precisa se preocupar”, explicou a vereadora.

Leia abaixo na íntegra o e-mail que o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens enviou em resposta à solicitação da vereadora Cida Marcelino:

“Em atendimento ao vosso ofício 174/20, no que refere a possível trinca na estrutura da ponte sobre o Rio São Francisco, localizada na MG 429, informamos que uma equipe de técnicos da unidade regional, realizou em 15/04/2020, uma vistoria na OAE e a princípio não encontrou indícios de trincas ou fissuras no local mostrado pelas fotos enviadas, mas já solicitou ao setor responsável (DER/Pontes) a presença de um técnico para vistoria e análise final da situação da ponte, inclusive do abatimento que ocorreu no encabeçamento. De imediato, já foram tomadas as providências para a recomposição do pavimento, eliminando o desnível existente no encabeçamento da ponte, e a situação será monitorada pela Unidade Regional, até o parecer final da gerência de pontes do DER.” Informou o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens.

Executivo de Luz também se preocupa com situação da ponte

O prefeito da cidade de Luz, Ailton Duarte, explicou que também encaminhou ofício para o DER e que acompanha de perto a situação da ponte sobre o Rio São Francisco. No último dia 30 de abril, o prefeito Ailton, esteve em Lagoa da Prata e, juntamente com a engenheira civil, Gabriela Paulinelli,  conversou com a reportagem do Jornal Cidade.

Prefeito de Luz, Ailton Duarte, esteve em Lagoa da Prata juntamente com a engenheira civil, Gabriela Paulinelli, e a vereadora Cida Marcelino. (Foto: Rafael Robatine).

Gabriela Paulinelli faz parte do quadro de profissionais da prefeitura de Luz e é especialista em engenharia ambiental. Gabriela explicou o que ocorreu com a ponte sobre o Rio São Francisco e tranquiliza a população:

“A questão relacionada a trinca que surgiu aqui nesta ponte veio advinda de um recalque. O que é um recalque: é um abatimento no terreno que fez com que, entre a fundação e a ponte, fizesse um degrau. O problema dessa trinca é infiltração, a ferragem fica exposta, causando assim a oxidação e eletroquímica da ferragem, tirando assim a sua funcionalidade. Mas isto já está sendo analisado e será realizado o reparo. Mas não é um problema estrutural, é apenas um abatimento do terreno que causou isto e será restaurado”, explicou a engenheira.

Omissão do prefeito de Lagoa da Prata com relação à ponte

Um assunto foi consenso entre Ailton Duarte, prefeito de Luz, e a vereadora de Lagoa da Prata, Cida Marcelino: A omissão de Paulo Teodoro, prefeito de Lagoa da Prata, em relação à ponte que liga as duas cidades. Ailton disse que desde o acidente que danificou a antiga ponte de ferro, Paulo Teodoro vem se omitindo:

“Eu quero citar aqui o prefeito de Lagoa da Prata que foi bastante omisso. Bastante omisso mesmo, a palavra é esta. Me perdoe, meu amigo, mas várias vezes eu te liguei e você nem atendeu. Inclusive, no dia que reinauguramos a antiga ponte de ferro ele nem se fez presente”, confessou o prefeito de Luz.

A vereadora Cida Marcelino, endossa a omissão do prefeito de Lagoa da Prata, Paulo Teodoro:

“O prefeito de Lagoa da Prata em relação a esta  ponte e também à ponte de ferro foi e é totalmente omisso, e a secretaria de obras também. Não por falta do legislativo cobrar, não por falta dos produtores rurais cobrarem, mas é porque ele não quer mesmo. Quando a pessoa não quer, não adianta”, finalizou a vereadora de Lagoa da Prata.

Ailton Duarte, Cida Marcelino e Gabriela Paulinelli afirmam estar tendo negligência por parte do prefeito de Lagoa da Prata. (Foto: Rafael Robatine.

Empreiteira responsável por construção da ponte é a mesma do viaduto que caiu em BH

É necessário salientar que a empreiteira responsável pela construção da ponte sobre o rio São Francisco, que liga Lagoa da Prata à Luz, é a mesma que construiu o viaduto que desabou na avenida Pedro I, em julho de 2014 em Belo Horizonte. A Construtora Cowan é alvo constante de diversos processos e alvo de investigações por parte de órgãos competentes.

Em 2012 o Tribunal de Contas do Estado – TCE-MG, divulgou auditoria que indicava superfaturamento por parte da Cowan nas obras do BRT da avenida Pedro I. No mesmo ano a construtora se envolveu em disputa fraudulenta em licitação de coleta e tratamento de esgoto da prefeitura do Rio de Janeiro. Em 2010 o Tribunal de Contas da União – TCU, incluiu na lista de ações com irregularidades graves, uma obra da empresa em Porto Velho – RO e, na ocasião, recomendou a paralisação da obra.

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