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Portadores de diabetes falam como é conviver com a doença diariamente

Para reforçar a conscientização, foi instituída pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes.

Matheus Costa

De acordo com o Blog da Saúde do Ministério da Saúde (MS), cerca de 250 milhões de pessoas no mundo têm diabetes. E, conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), no Brasil existem, atualmente, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes e esse número tende a aumentar. E para reforçar a conscientização a respeito, principalmente em relação a prevenção e as dificuldades enfrentadas pelos pacientes, foi instituída pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes.

A data e a conscientização da diabetes são importantes pois, conforme a SBD, metade das pessoas que tem a doença desconhece o diagnóstico. As estatísticas assustam, e o número crescente de casos está diretamente relacionado à má alimentação, sedentarismo e ganho de peso.

O Jornal Cidade conversou com pessoas que sofrem com a doença, onde contaram quando e como descobriram.

A Conceição Aparecida contou que descobriu a diabetes há pouco tempo, e que ela veio de uma forma diferente. “Comecei a perder parte da visão. Então, fui ao médico e descobri um derrame nos olhos, causados pela diabetes. Hoje enxergo pouco, mas faço de tudo, aprendi a conviver, só que não é uma vida fácil. Pele muito ressecada, unha tem que ser bem cuidada, muita sede… As pessoas têm que se cuidar mais, fazer exames de rotina e observar o corpo, pois ele fala, a gente que às vezes não quer escutar”, relatou.

Foto: Conceição Aparecida/Arquivo Pessoal.

Já o Randles de Medeiros disse que descobriu a diabetes quando tinha 20 anos, hoje ele tem 50. “Tomo insulina e medicamentos. Não é uma convivência muito fácil, pois eu não aceitei a doença ainda e acho difícil aceitar, pois é muito desumana. As pessoas precisam se cuidar e entender que não é só o doce, tem os carboidratos. Depois que a gente tem a doença é um caminho sem volta”.

Foto: Randles de Medeiros/Arquivo Pessoal.

Alice Cristina descobriu a diabetes em 2019 por meio da cetoacidose diabética e, atualmente, faz uso de insulina. “Tomo a insulina NPH duas vezes ao dia (manhã e tarde). Na minha família, por parte do meu pai, tem o diagnóstico, mas somente eu das minhas irmãs apresentei. Não é fácil aceitar que sua alimentação tem que mudar totalmente. No início é difícil, ainda é… não vou mentir! Mas tem “tantaaaa” coisa que dá para substituir por açúcar que a gente nem nota a diferença depois de um tempo”, explicou.

Foto: Alice Cristina/Arquivo Pessoal.

O médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e da enfermaria do Hospital São Carlos e diretor técnico e médico assistencial da Unidade de Pronto Atendimento de Lagoa da Prata, Saulo Lacerda Oliveira Pedrosa, explicou que a diabetes pode aparecer em diferentes formas. “Na verdade, a diabetes é uma doença do metabolismo intermediário, em que o paciente fica com os valores de glicose no sangue aumentados cronicamente, ou seja, por um longo período.

A diabetes tem subtipos. A diabetes do tipo 1 é mais rara, 10% das pessoas portadoras da doença, apresentam este tipo, e é uma doença auto imune, que destrói células produtoras de insulina, levando o paciente a apresentar níveis altos da glicose, e pode coexistir com outras doenças autoimunes. Acredita-se que uma interação entre fatores genéticos e ambientais algumas infecções virais poderiam contribuir para que a pessoa geneticamente predisposta apresente a doença. A diabetes do tipo 2 é a mais comum, 80% dos casos cursa com resistência do corpo aos efeitos da insulina, o que leva ao aumento da glicose. Ela costuma acometer indivíduos obesos com mais de 45 anos, porém tem aumentado sua incidência em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade, associa-se também a inatividade física e sedentarismo, abuso de álcool, além é claro de também ter fatores genéticos envolvidos. Existe ainda a diabetes gestacional, onde este aumento pode ocorrer durante a gravidez e estados diabéticos induzidos por algumas drogas e medicamentos, esses dois últimos subtipos são menos frequentes”.

Ele ainda ressaltou os cuidados que se deve ter para evitar a doença. “Como a diabetes do tipo 2 é a mais comum, devemos ter cuidados que evitem os maiores fatores de riscos da doença que são a obesidade, sedentarismo e abuso de álcool. Portanto é importante que a pessoa se alimente bem, com uma dieta balanceada em relação principalmente a ingestão de carboidratos. Preocupe-se em combater o ganho de peso, que tem sido uma verdadeira epidemia nos dias de hoje. Pratique regularmente atividades físicas e evite o abuso de bebidas alcoólicas”.

Já para quem tem a doença, Saulo ressaltou a importância de o portador ter alguns cuidados em sua rotina. “Aqueles que já têm a diabetes, devem manter o controle do peso, evitar principalmente o abuso de carboidratos e o abuso de álcool. E principalmente aderir ao tratamento e acompanhar com frequência seus valores glicêmicos. A diabetes mal controlada causa riscos como Acidente Vascular Cerebral, infarto do miocárdio, doenças circulatórias graves que podem levar a amputações, doenças renais que podem levar a falência do membro e distúrbios visuais que podem inclusive levar a cegueira”.

O médico ainda frisou qual a faixa etária mais propensa a desenvolver a doença. “A diabetes tipo 1 como é um problema de produção da insulina, e tem grande cunho genético, o paciente normalmente se descobre diabético mais novo, quando criança ou na adolescência. A diabetes gestacional acomete mulheres na idade fértil, a diabetes do tipo 2 (mais comum) tem grande incidência por volta dos 45 anos, porém, a cada ano vem aumentando casos em crianças e adolescentes obesos”, explicou.

Diabetes e seus tipos

Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto, em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.

Diabetes Tipo 1 (DM 1)

Essa forma de diabetes é resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo contra as células, beta levando a deficiência de insulina. Nesse caso podemos detectar em exames de sangue a presença desses anticorpos que são: ICA, IAAs, GAD e IA-2. Eles estão presentes em cerca de 85 a 90% dos casos de DM 1 no momento do diagnóstico. Em geral costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária.

O quadro clínico mais característico é de um início relativamente rápido (alguns dias até poucos meses) de sintomas como: sede, diurese e fome excessivas, emagrecimento importante, cansaço e fraqueza. Se o tratamento não for realizado rapidamente, os sintomas podem evoluir para desidratação severa, sonolência, vômitos, dificuldades respiratórias e coma. Esse quadro mais grave é conhecido como Cetoacidose Diabética e necessita de internação para tratamento.

Diabetes Tipo 2 (DM 2)

Nesta forma de diabetes está incluída a grande maioria dos casos (cerca de 90% dos pacientes diabéticos). Nesses pacientes, a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência insulínica. Isso vai levar a um aumento da produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge o diabetes. A instalação do quadro é mais lenta e os sintomas – sede, aumento da diurese, dores nas pernas, alterações visuais e outros – podem demorar vários anos até se apresentarem. Se não reconhecido e tratado a tempo, também pode evoluir para um quadro grave de desidratação e coma.

Ao contrário do Diabetes Tipo 1, há geralmente associação com aumento de peso e obesidade, acometendo principalmente adultos a partir dos 50 anos. Contudo, observa-se, cada vez mais, o desenvolvimento do quadro em adultos jovens e até crianças. Isso se deve, principalmente, pelo aumento do consumo de gorduras e carboidratos aliados à falta de atividade física. Assim, o endocrinologista tem, mais do que qualquer outro especialista, a chance de diagnosticar o diabetes em sua fase inicial, haja visto a grande quantidade de pacientes que procuram este profissional por problemas de obesidade.

Diabetes Gestacional

Atenção especial deve ser dada ao diabetes diagnosticado durante a gestação. A ele é dado o nome de Diabetes Gestacional. Pode ser transitório ou não e, ao término da gravidez, a paciente deve ser investigada e acompanhada. Na maioria das vezes ele é detectado no 3o trimestre da gravidez, através de um teste de sobrecarga de glicose. As gestantes que tiverem história prévia de diabetes gestacional, de perdas fetais, más formações fetais, hipertensão arterial, obesidade ou história familiar de diabetes não devem esperar o 3º trimestre para serem testadas, já que sua chance de desenvolverem a doença é maior.

Outros Tipos de Diabetes

Outros tipos de diabetes são bem mais raros e incluem defeitos genéticos da função da célula beta (MODY 1, 2 e 3), defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas (pancreatite, tumores pancreáticos, hemocromatose), outras doenças endócrinas (Síndrome de Cushing, hipertireoidismo, acromegalia) e uso de certos medicamentos.

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