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Pior sem ela | Artigo

Foto: Ilustração

Quando chego de alguma viagem internacional, assim que coloco os pés no solo, faço um agradecimento a Deus por ter chegado em casa com vida. Não tenho medo de avião, mas como pertencente a um signo do elemento Terra, sou ligado ao que piso e sinto no planeta. Capricornianos prezam pela cautela, estabilidade, segurança, estrutura, prudência, ponderação e, talvez, por esses motivos, quando estou no desembarque do aeroporto, incluo a existência dos bebedouros na minha oração. Afinal, de todos os lugares que já visitei, apenas no Brasil a água é de graça e ainda disponível em abundância em locais públicos.

Contudo, estou ficando preocupado com a falta de conscientização e com o desrespeito que estamos tendo com a nossa água, pois parece que o recado da natureza dado há dois anos não foi compreendido. Varandas e garagens são varridas com litros e litros saindo excessivamente das mangueiras. As torneiras pingam sem cerimônia. As descargas não são preparadas para operar com economia. Os chuveiros lavam o corpo, o box, o resto do banheiro, os canos de todo o prédio. Os jardins ficam encharcados porque o funcionário quer gastar o tempo do horário de trabalho saciando a sede das plantas. Posso incluir nas preocupações o esgoto, o lixo, a mineração e tantos outros maus usos dos rios. Nesse caos, o mais assustador é a ignorância humana.

Enquanto uma grande parte da população se esforça para economizar qualquer gota que seja; desliga as luzes que não precisam ser usadas nos cômodos vazios; reutiliza a água da máquina de lavar roupas para diversas finalidades; preserva as margens dos rios plantando árvores; tem gente que fecha os olhos para o problema, culpando os órgãos governamentais pela falta d’água, afirmando apenas que paga caro por ela e que merece ter o serviço prestado sem questionamentos. Recentemente, li, numa conversa no WhatsApp, o desabafo de uma consumidora exigente e petulante. A mulher disse que não iria contribuir para reduzir o consumo em sua residência, pois a Copasa era a vilã por esse problema mundial. Resoluta de sua fala afirmou: “pago caro porque não chove (sic)”. Ela ainda acrescentou que a instituição não faz nada para cuidar do meio ambiente e que deveria se “virar” para colocar água em sua casa. Achei de péssimo tom o caráter da fulana.

Nossa água é quase de graça quando comparamos os valores com outros países. Só para dar um exemplo para refletirmos: uma garrafa de água mineral na Europa custa, em média, cinco euros, o que daria R$ 20. No Brasil, paga-se apenas R$ 2 (quando não somos roubados pelos empresários) na mesma quantidade. Alguém pode questionar que o dinheiro vale mais no Velho Mundo e o preço seria proporcional. No entanto, lembre-se: lá a escassez é maior do que a nossa. Só que estamos caminhando para o mesmo fim. E onde vamos parar se não fizermos nada agora? De graça, nem injeção na testa.


Juliano Azevedo

Jornalista, Professor Universitário, Escritor.

Site: www.blogdojuliano.com.br

Twitter e Facebook: @julianoazevedo

E-mail: [email protected]

Instagram: @julianoazevedo / @ondeeobanheiro

 

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