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Perfil- Ludmila Rocha Dorella

Foto: Arquivo Pessoal

Ludmila nasceu em Contagem e veio para Lagoa da Prata no ano de 2011, onde tem desenvolvido trabalhos como Leiga consagrada e coordenadora da Comunidade Árvore da Vida. Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais, ela é conhecida pelos trabalhos que exerce. Uma das principais características de Ludmila é a entrega aos trabalhos para servir ao próximo. Desde 2011 na Comunidade Árvore da Vida, ela desenvolve trabalhos com a pastoral da Paróquia São Carlos Borromeu e realiza outras atividades missionárias. No ano de 2014, ela tomou posse como presidente do Serviço de Obras Sociais de Lagoa da Prata, onde encabeçou diversas mudanças na estrutura física e administrativa do local, e esteve neste cargo até este mês de junho.

Segundo Ludmila, a religiosidade sempre foi algo muito presente em sua vida desde a adolescência. Participativa no movimento católico EAC, durante seus estudos universitários, conheceu a Comunidade Árvore da Vida em Belo Horizonte, onde encontrou respostas para qual caminho deveria seguir.

Atualmente, ela está em missão na cidade de Moçambique, na África, com mais três mulheres da Comunidade Árvore da Vida, com o objetivo de desenvolver trabalhos com as crianças daquele local. Essa é a primeira vez que Ludmila desenvolve um trabalho missionário fora do país, onde reside na Província da Zambézia, distrito de Gile, num pequeno vilarejo chamado Moneia.

Em relação aos desafios enfrentados na África, a missionária relata que muitos, principalmente, quando se trata de questões sociais como a extrema pobreza, fome, limitações no acesso à saúde; questões culturais e religiosas, Além disso, segundo ela, a língua local – o Elomwé, também é desafiador. Mesmo sendo o português a língua oficial do país, há muitos dialetos locais e não é fácil encontrar quem saiba ensinar. Desta forma, muitas vezes o grupo precisa de intérprete. “Cheguei há apenas 5 meses, mas sinto que aqui há um senso de ‘povo’ que já não temos no Brasil. É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem: ‘nosso povo’, ‘nossa língua’, ‘nossa cultura’ e até ‘nossas doenças’… Há um conceito de ‘família alargada’. Os primos são considerados  ‘irmãos que não nasceram da mesma barriga’ e as tias consideram os sobrinhos como filhos. A pobreza é uma marca muito forte que influencia profundamente a cultura e o modo de viver. Caminha-se 40 km para uma reunião da paróquia, bem como para outras necessidades. O banho, na maioria das vezes toma-se no rio. As roupas também são lavadas no rio. Praticamente, não existe água encanada. É trabalho das mulheres ir ao poço todos os dias buscar água. Os trabalhos remunerados são muito escassos. Todas as famílias plantam suas ‘machambas’ (comida) e comem o que colhem como mandioca,  milho, feijão, amendoim, cana. Os batuques são os instrumentos musicais mais comuns. Junto deles há sempre dança e alegria!”, explicou.

Em suas atividades desenvolvidas no país, ela conta que tem auxiliado nos trabalhos pastorais da paróquia que se localiza em uma região rural (‘no mato’, como eles dizem). Começou a colaborar na catequese como catequista, mas também na organização da catequese em geral. A equipe está ajudando a Legião de Maria e têm visitado as sessenta comunidades da paróquia com o pároco. “Nosso papel é nos reunir com as mulheres para ouvi-las e aconselhá-las. As mulheres moçambicanas são bastante marginalizadas. Começamos também a apoiar o trabalho da Pastoral da Criança já implantada aqui há alguns anos. Estamos ajudando a coordenar os trabalhos e colaborando também com o projeto de reforço escolar implantado pelos missionários claretianos. Procuramos corresponder, na medida das nossas possibilidades, às necessidades do nosso povo que são muitas! Sempre há um curativo a fazer, uma febre para medir, uma criança que precisa ser alimentada… Aos poucos queremos desenvolver um projeto dedicado às crianças. Quando chegamos, ensinamos as crianças a jogar queimada! Jogávamos juntos e depois rezávamos o terço. Neste mês de junho, iniciamos um torneio de queimada, onde temos 8 equipes de 12 crianças! Os prêmios são pirulitos, bolachas, escovas de dente e vestidos que trouxemos de doação do Brasil, bíblias que os padres claretianos nos ofereceram”.

Ludmila também falou sobre como a equipe enviada foi recebida no país. “Fomos muito bem recebidas. Estamos um lugar que foi a sede da Missão de Nossa Senhora da Anunciação no tempo colonial. Os padres dehonianos chegaram aqui há mais ou menos 70 anos. Havia escolas,  hospital, lares para estudantes, mas com a guerra civil que sucedeu, a independência e os edifícios que pertenciam à igreja foram nacionalizados e os missionários tiveram que ir embora. Mesmo depois do fim da guerra (na década de 90), não havia missionários disponíveis para viver aqui. Nossos irmãos  estavam há muitos anos à espera da nossa chegada. Eu nunca havia vivido fora do meu país. Senti aquele temor próprio da expectativa diante de uma grande novidade, mas não senti medo. Ainda não sei o tempo exato que ficarei aqui, mas ficarei tempo que minha comunidade precisar de mim no país”.

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