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Obras na Avenida Isabel de Castro se estendem por mais de seis meses e causam transtornos

Além dos moradores indignados com a demora das obras, colaborador do Saae aponta falta de critérios técnicos e responsabilidade na aplicação de recursos públicos por parte do órgão municipal. De acordo com engenheira do Saae, foram gastos quase um milhão de reais para execução da obra.

Alan Russel

Um dos problemas mais antigos relacionados à urbanização em Lagoa da Prata se dá na Avenida Isabel de Castro. A avenida, que praticamente corta a cidade no sentido norte/sul, teve seu desenho projetado exatamente seguindo o curso do Córrego Chico Silveira. Atualmente, em determinado trecho do percurso da Avenida Isabel de Castro, o Chico Silveira se encontra a céu aberto e sem canalização. Somente a partir da Rua Goiás, o córrego é canalizado, porém, mesmo no trecho onde existe a canalização do córrego, os problemas causados pelas chuvas são frequentes, como apresentou o Jornal Cidade em material de vídeo especial, produzido em março deste ano.

A gestão municipal iniciou ainda no mês de abril, obras de drenagem pluvial, com a implantação de galerias no trecho da Isabel de Castro, entre as Ruas Joaquim Gomes Pereira até a Rua Modesto Gomes. Porém, as obras que se estendem por mais de seis meses estão causando inúmeros transtornos para os moradores da Isabel de Castro e adjacências. E para complicar ainda mais a situação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), autarquia municipal responsável pela obra, um colaborador do órgão aponta falta de critérios técnicos e responsabilidade na aplicação de recursos públicos.

Foto: Rafael Robatine/Jornal Cidade.
Foto: Rafael Robatine/Jornal Cidade.

Moradores da Rua Isabel de Castro convivem há seis meses com transtornos causados pelas obras

O industriário Marcelino da Costa mora há 18 anos na Isabel de Castro e já passou por inúmeros transtornos causados pelas chuvas e inundações. Marcelino disse que mesmo sabendo que as obras podem acabar de vez com os problemas de alagamentos, a maneira como a obra está sendo realizada e o longo prazo para o término dos trabalhos vem causando muitos transtornos para os moradores da Isabel de Castro e do entorno.

“São inúmeros os problemas que estamos passando há meses. Tivemos a rua interditada, fiquei com carro sem poder entrar na garagem por semanas, estive com o esgoto a céu aberto bem na porta da minha casa, já fiquei dias sem água na residência, muita poeira, muita sujeira e esses problemas se arrastaram por meses. Eu espero que todos esses transtornos tenham valido a pena, mas só iremos saber após o término das obras. Só assim vamos ter certeza de que o serviço foi executado com qualidade”, explica o industriário.

Marcelino afirma que em nenhum momento o Saae fez qualquer tipo de contato com as famílias que moram na região.

“O Saae não teve nenhuma conversa com a gente desde o início das obras, pelo contrário, foram nós, moradores, que nos unimos e fomos até o órgão para cobrar um posicionamento. Essa ida até o Saae aconteceu após a obra ficar paralisada por quinze dias e, na ocasião, o Saae nos deu um retorno sobre o atraso das obras e disse que iria se normalizar em breve. Mas especificamente em nos procurar antecipadamente não. O Saae não manteve nenhum contato com as famílias que residem na Rua Isabel de Castro.

Colaborador do Saae aponta irresponsabilidade do órgão em relação às obras na Isabel de Castro

Jhonnys Santana é funcionário do Saae e procurou a reportagem do Jornal Cidade para apresentar falhas e falta de critérios técnicos nas obras que o órgão municipal realiza na Avenida Isabel de Castro. De acordo com o colaborador do Saae, o órgão gastou recursos públicos de forma desnecessária ao implantar e depois retirar bocas de lobo para captação de águas na rua que acompanha o curso do Córrego Chico Silveira.

“As obras aqui na Isabel de Castro são de essencial importância para Lagoa da Prata, mas a maneira que a obra vem sendo executadas causa inúmeros questionamentos com relação a qualidade da obra e também da transparência do Saae. No trecho entre a Rua Joaquim Gomes Pereira e Rua Bom Despacho foram instaladas bocas de lobo na extremidade da rua que iria ajudar muito na captação de águas pluviais. Porém, sem nenhuma explicação, essas bocas de lobo foram retiradas para implantação de grades no meio da rua. Eu mesmo encaminhei ofício para os diretores do Saae questionando os motivos da mudança e até então não obtive resposta”.

Jhonnys também salienta que a retirada das bocas de lobo causou prejuízos para o Saae, uma vez que a obra já estava finalizada e que não há como reutilizar as manilhas que foram implantadas e posteriormente retiradas da Rua Isabel de Castro.

“É muita irresponsabilidade com o dinheiro público. Primeiro, fazem todo o trabalho para depois desfazer e começar tudo novamente, sem nenhum critério técnico ou justificativa. Foi gasto muito dinheiro com essas bocas de lobo que foram implantadas e agora estão aqui, jogadas no canto da rua e inutilizadas. O que vão fazer com essas bocas de lobo e manilhas agora? A direção do Saae precisa de ter mais responsabilidade com o dinheiro público e também ter mais critérios com relação a uma obra dessa importância”, finaliza o colaborador da autarquia.

Colaborador Jhonnys enfatiza falta de critérios técnicos e falta de responsabilidade com o dinheiro público, já que bocas de lobo
foram compradas e não foram utilizadas na obra. (Foto: Rafael Robatine/Jornal Cidade).

Saae se pronuncia sobre obras na Avenida Isabel de Castro e investimento beira a casa de um milhão de reais

A reportagem do JC falou com a engenheira do Saae, Joana Resende, que falou sobre os critérios adotados para execução da obra na Avenida Isabel de Castro.

“Esta obra é parte do projeto executivo de drenagem pluvial, contratado pelo Saae no ano de 2017, que contempla nove áreas da cidade de Lagoa da Prata. Como a Avenida Isabel de Castro recebe água de chuva de grande parte da cidade, a execução desta obra é essencial, pois atualmente a tubulação instalada é insuficiente para o volume de água de chuva que recebe, além do que, os tubos apresentam várias deficiências em sua execução, como declividade, rejuntamento, etc”.

A engenheira do Saae também falou do valor investido pelo órgão com o intuito de sanar os problemas de inundações na rua que acompanha o curso do Córrego Chico Silveira.

“O Saae fez aquisição de 226 metros de aduelas de concreto armado pré -moldado celular seção de 3,0 x2,50 m (Processo Licitatório Pregão nº 108/2019) para a execução do trecho entre a Rua Luz e Modesto Gomes, no valor de R$ 429.400,00. Aquisição de escoras de eucalipto (Processo Licitatório Pregão nº 014/2020), no valor de R$ 6.892,00. Contratação de empresa especializada em engenharia, para a execução de obras de Saneamento Básico (Processo Licitatório Tomada de Preços nº 003/2019), trecho entre a Rua Luz e Modesto Gomes, com fornecimento de todo material (exceto as aduelas e escoras de eucalipto), mão de obra especializada, incluindo o topógrafo, equipamentos e ferramentas com valor de R$554.312,59”, finaliza a engenheira do Saae.

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