‘O vírus só para de circular quando encontra barreiras’, diz médico sobre segunda dose da vacina contra covid-19
O Brasil necessita alcançar esse patamar de imunidade coletiva para ver e viver o efeito esperado da vacinação, disse o médico Túlio Azevedo.
Rhaiane Carvalho
Tomou a primeira dose e acha que já está imune? Não! Infelizmente, não. Muita gente não anda procurando os locais de vacinação para a segunda dose das vacinas contra a covid-19. A pessoa que não completa o esquema vacinal fica mais vulnerável à infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) do que aquela que recebeu as duas doses. Ou seja, além de se expor ao risco de ser contaminado e adoecer, esse indivíduo não ajuda a controlar a circulação do vírus. E tem mais, a vacinação incompleta pode criar um ambiente propício para o surgimento de versões ainda mais resistentes do coronavírus.
Segundo o médico, Túlio Azevedo, para se entender melhor a importância da vacinação, basta imaginar que há invasores à solta que procuram hospedagem nos organismos. Alguns organismos, por razões ainda desconhecidas, conseguem expulsá-los com tranquilidade. Outros lutam por horas, dias ou meses e conseguem vencer a batalha. Há também quem lute bravamente e perde a vida. “A vacina, portanto, entra em cena para torná-lo mais resistente ao ataque desses vírus invasores. Se uma determinada vacina prevê duas aplicações, isso significa que as duas doses são necessárias para fortalecer seu sistema imunológico, deixando-o mais preparado para enfrentar um possível combate. Não faz sentido a pessoa tomar uma dose da vacina e não se apresentar para tomar a segunda dose. Quem assim o faz está com uma proteção insuficiente e inadequada”.
Ele ainda falou sobre as reações pós-vacina e que elas não devem ser levadas em consideração para não se tomar a segunda dose. “Se você tomou a primeira dose e sentiu desconfortos leves, entenda que esses sintomas são passageiros e não devem ser motivo para abrir mão da segunda dose da vacina contra covid-19. Para se alcançar a imunidade coletiva, que pode frear a transmissão do vírus e fazer com que todos retomemos mais rapidamente a normalidade, é preciso que cerca de 70% da população complete o ciclo vacinal. O Brasil necessita alcançar esse patamar de imunidade coletiva para ver e viver o efeito esperado da vacinação. Para isso, cada um precisa fazer a sua parte. O vírus só para de circular quando encontra barreiras, e isso só acontece quando uma quantidade significativa de pessoas está imunizada”.
Confira como os números de pessoas imunizadas com a primeira e segunda dose na região:
Cidade |
1ª dose | 2ª dose | Dose única |
Lagoa da Prata | 31.788 | 11.707 | 1.075 |
Arcos | 30.192 | 13.683 | 1.438 |
Moema | 4.808 | 2.205 | 131 |
Japaraíba | 3.139 | 1.452 | 153 |
Santo Antônio do Monte | 19.110 | 8.797 | 597 |
51;881 | 22.240 |
2.133 |
*Dados coletados no dia 13 de setembro no Vacinômentro, site oficial do Governo Estadual e redes sociais das prefeituras.
Alerta do Governo de Minas sobre a segunda dose
No dia 30 de agosto, o Governo de Minas fez um alerta sobre a importância da segunda dose. Na mesma data, segundo o vacinômetro, 78,50% da população adulta já havia tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19, mas somente 34,76%, ou 5.697.000 pessoas, estão completamente vacinadas contra a doença.
A coordenadora do Grupo de Análise e Monitoramento da Vacinação (Gamov) da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Janaina Fonseca, fez um apelo para que os mineiros não deixem de tomar a segunda dose. “A pessoa só estará imunizada ao completar seu esquema vacinal. Quem tomou a CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer precisa estar atento ao intervalo entre as doses, conforme agendado no seu cartão de vacina. A Janssen é dose única. É fundamental que todas as pessoas retornem às unidades de saúde para receber a D2. Assim, evitaremos o aumento do número de casos, principalmente os graves, que levam à internação e ao óbito”, pediu.
Segundo a SES-MG, 92,64% dos 20 mil casos de reações à vacina foram classificados como de baixa gravidade entre janeiro e julho. Os mais comuns foram febre ou dor no local de aplicação. A possibilidade de uma segunda reação a partir da segunda dose é considerada remota, o que pode ser explicado como decorrência da existência de anticorpos produzidos a partir da primeira aplicação. “O risco por não ter a proteção integral que seria dada pela vacinação completa é muito maior e deveria ser levado em conta. Todas as vacinas disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) apresentam bons índices de segurança e eficácia, com poucos casos de reações adversas”, afirma Janaina Fonseca.