Maria diz que seu filho Joãozinho tem TDAH (Transtorno do Défict de Atenção e Hiperatividade) porque ele é distraído e agitado. Curiosa, Ana lhe pergunta o porquê de Joãzinho ser distraído e agitado. Maria explica: “É porque ele tem TDAH”. Em meu cotidiano vejo muitas explicações como a de Maria. Uma das características desse tipo de explicação é a circularidade na qual ela se encerra. Aparentemente o problema foi explicado, mas na realidade apenas utilizou-se de maneiras diferentes de dizer a mesma coisa.
É possível notar que Maria tentou explicar os comportamentos de distração e agitação de seu filho por meio da nomeclatura TDAH. No entanto, cabe lembrar que este é um nome utilizado pela ciência para descrever um conjunto de comportamentos, mas não explica o motivo deles acontecerem. Para de fato conseguirmos entender e explicar as razões de Joãozinho agir da forma como age, precisaríamos compreender diferentes fatores, por exemplo, relacionados à sua história de aprendizagem e à sua interação atual com o ambiente.
Não há problema algum em usarmos nomenclaturas como: ansiedade, depressão, TDAH, etc. O problema surge quando limitamos a explicação para tais comportamentos utilizando de nomes que apenas os descrevem. Dizer que sou bipolar porque oscilo meu humor e que oscilo meu humor porque sou bipolar é a mesma coisa. É preciso que haja uma investigação mais ampla dos comportamentos. Só assim poderemos de fato compreendê-los e tentar modificá-los.
