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O ‘Bom Velhinho’ e a hora da verdade

Foto: Reprodução/Internet

Para as crianças o real e o irreal no mundo da fantasia não têm fronteira definida. Elas vivem em um mundo de mil possibilidades e acreditar, por exemplo, no Papai Noel pode enriquecer o desenvolvimento, a capacidade de criar e de pensar. Mas um dia a verdade aparece. Antes as crianças acabavam descobrindo a realidade porque encontravam presentes ainda por embalar em algum canto da casa, ou ouviam conversas sobre ‘como contar a verdade’ sendo  sussurrada, ou simplesmente devido ao amadurecimento natural e individual. Hoje a tecnologia vem quebrando vários paradigmas, e a maneira como os pequenos ficam sabendo sobre o ‘bom velhinho ´ tem acontecido muito pela internet, e cada vez mais cedo para eles.

Uma pesquisa global realizada em 2015 pela fornecedora de rede virtual privada Hide my Ass! (HMA!) mostrou que, desde que o Google foi lançado, 26% das crianças descobriram a verdade sobre o Papai Noel pela internet.  Em relação aos nascidos entre 1997, ano em que a gigante das buscas nasceu, e 2005, quando o Facebook foi aberto ao público, a faixa etária média de quem acredita no bom velhinho caiu 14,4% – entre as gerações, a idade em que a criança para de acreditar no personagem foi de 7 anos e 10 meses para 6 anos e 11 meses. Se essa taxa de redução continuar pelas próximas gerações, a crença no Papai Noel deve desaparecer em 44 anos.

O estudo ouviu mais de 2 mil pais brasileiros e cerca de 4 mil crianças, e constatou que 50% das crianças fizeram buscas no Google e deram de cara com páginas que desmistificam o personagem. Para 52% dos pais entrevistados, o grande culpado desse descobrimento é a internet – em especial os sites de busca. O documento mostrou que 41% das crianças tiveram suas primeiras suspeitas a respeito do Papai Noel depois de ver anúncios na internet dos presentes que haviam pedido – 25% viram seus pais fazendo compras de seus presentes on-line e começaram a desconfiar da verdade, e 21% tiveram suas ilusões de Natal quebradas depois de lerem tweets ou posts no Facebook com piadinhas sobre “acreditar em Papai Noel”.

PARA QUE A MAGIA SE MANTENHA VIVA

Após analisar os números revelados pela pesquisa, a Hide my Ass! lançou naquele ano uma campanha global com o nome “Keep Believing In Santa” (“Continue Acreditando no Papai Noel”). O programa foi criado com a intenção, segundo a empresa, de boicotar conteúdo on-line que possa ofuscar o personagem. “A internet não é apenas a principal fonte do fim da inocência das crianças hoje; ela também está fazendo com que elas descubram a verdade sobre o Papai Noel muito antes daquelas nascidas antes da era digital. Com essa campanha, queríamos oferecer aos pais a opção de uma ferramenta para ajudá-los a manter o espírito de Natal e o mistério do Papai Noel vivo por mais alguns anos em seus lares”, informou Cian Mckenna-Charley, diretor de Marketing da empresa.

HORA CERTA DE CONTAR

A professora do departamento de psiquiatria e coordenadora do ambulatório do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Unifesp, Vera Zimmermann, diz que o ato de fantasiar permite às crianças a suportar vivências difíceis e ajuda a lutar para conquistar os objetivos. “Nesse espaço intermediário, ela constrói, via fantasia, as estratégias para conseguir o que está desejando, ao mesmo tempo em que, gradativamente, vai adquirindo a noção de realidade e fantasia”.

De acordo com Vera, não há uma idade ‘certa’ para contar à criança sobre o Bom Velhinho. “Na medida em que a criança começa a separar o mundo da fantasia do que é real, ela mesma buscará indícios para resolver isso. Aí, o importante é não negar o que ela percebe. Por outro lado, não se deve empurrá-la para a verdade precipitadamente, porque ela ainda não estará preparada para viver essa ruptura.”, sugere.

PAPAI NOEL – O BEM & O MAL

Por todo o mundo, o Papi Noel tem inúmeros nomes, como Santa Claus, Papai Noel, Viejito Pascuero, Babbo Natale, Joulupukki, Père Noel. Existem também várias versões para o surgimento da lenda. Acredita-se que ela tenha ganhado força entre os séculos 18 e 19 e remonte à tradição europeia, principalmente alemã: Santa Claus e Black Peter formavam uma dupla antagonista de velhos que carregavam sacos. O primeiro era bonzinho e distribuía doces para as crianças; virou Papai Noel. O segundo levava no saco quem era mau e se tornou o Velho do Saco, uma das fobias infantis mais comuns.

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