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Nilson Bessas – Um novo mercado para um novo mundo

Empresas com responsabilidade social vão ser mais lembradas pelos consumidores em um novo mercado que está surgindo. Pode ser o sinal de que o mundo ficará melhor e mais justo. Entretanto, muitas empresas poderão ser extintas se não reformularem suas condutas e propósitos.

 

São oito horas da noite. A arquiteta Daniela chega em casa após um dia de trabalho. Logo ao entrar, depara com o filho de cinco anos recebendo os cuidados da avó, pois o menino estava queimando em febre e respirava com dificuldade. Daniela imediatamente percebe que a criança precisava com urgência de atendimento médico. Emocionada, ela abraça o filho com todo amor do mundo, e depois, sem perder tempo, o pega nos braços para levá-lo ao hospital.

São oito horas da noite. O desempregado João Paulino vaga pelas ruas de um bairro de classe alta. Seu estado emocional está alterado, precisando urgentemente de dinheiro. Ele é dependente químico e seu organismo precisa ser abastecido.

A arquiteta Daniela nasceu em uma família tradicional, bem estabilizada economicamente, e teve muitas oportunidades na vida, de onde veio se tornar uma profissional competente e bem sucedida.

O desempregado João Paulino já teve um destino diferente, sem oportunidades. Nasceu em uma família extremamente pobre e desequilibrada. Tem quatro irmãos que seguem pela vida sem rumo e sem destino. Convive com um pai alcoólatra e violento, e com uma mãe de olhar doce e sofrido, que sobrevive um dia após o outro, sem esperanças. Eles moram num barraco distante de tudo, situado na periferia da cidade, onde as ruas sem calçamento sofrem com a poeira em épocas de seca e com a lama em épocas de chuva. Eles veem a vida passar dramaticamente, ignorados pelo governo e pela sociedade. João Paulino, ainda garoto, obviamente, conheceu a droga da droga. Depois disso, tudo só veio a piorar ainda mais.

Num certo momento da sua andança, João Paulino dá de cara com um belo carro saindo por um portão de grades rústicas e oponentes. Imediatamente imaginou estar ali a sua salvação. Sem hesitar, saca um revolver da cintura, se joga na frente do veículo, alterado, aponta a arma na direção da motorista.

A motorista é Daniela, a arquiteta. Ela estava ansiosa, na companhia de sua mãe, para levar o filho ao médico. A crise de falta de ar do menino persistia. Mas, tudo naquele momento parecia se complicar ainda mais ao ver aquele homem estranho, desesperado, lhe fazendo aquela abordagem. Na confusão e no nervosismo entre as partes, um disparo acontece e não se sabe como, atinge a pobre criança…

Calma! Esta história, especificamente, não aconteceu, embora pudesse ter acontecido, pois tal tipo de incidente vem fazendo parte da rotina da sociedade deste país. E não aconteceu porque lá no passado alguém mudou o seu rumo e se encarregou de escrever outra história com outro destino. Foi há dez anos, quando uma pequena empresa em atividade, percebeu que poderia fazer algo para contribuir com a inclusão social de pessoas carentes, sem oportunidades. Então, neste momento, começou a apoiar uma entidade não governamental que desenvolvia pequenos programas sociais (esporte, música, artes plásticas e artesanato) para dar sentido à vida de muitas crianças e adolescentes que viviam na extrema pobreza à margem da sociedade, sem ter a menor ideia do que seria um ato de amor e respeito.

E foi um voluntário dessa entidade que conheceu João Paulino, um menino que parecia não ter futuro, e o levou para participar de um programa social. Na entidade ele descobriu um mundo novo que jamais imaginou existir. As pessoas eram amáveis e se respeitavam. Este lugar, então, se tornou o seu céu. Pouco tempo depois com a ajuda da entidade ele entrou na escola. Seu dia ficou preenchido com as atividades da ONG e com as aulas escolares. O tempo passou e com uma inteligência brilhante e com uma forte disciplina nos estudos, começou a cursar medicina depois de passar no vestibular de uma universidade federal da capital. Portanto, João Paulino foi mais um, de muitos jovens resgatados do submundo pela entidade e que teve a vida transformada para o bem.

Daniela, cuidadosamente, conduz seu carro ao sair pelo portão. A bordo, no banco de trás, estão sua mãe e seu filho. O menino treme de frio e continua respirando com dificuldade. A rua está tranquila. Crianças brincam de futebol e andam de bicicletas. Apressada, ela acelera o veiculo rumo ao hospital. Ao chegar, o menino foi atendido imediatamente por Dr. João Paulino, que estava de plantão. Atentamente, Dr. João Paulino fez os primeiros socorros e a respiração da criança retomou a normalidade. O médico foi objetivo e eficiente, pois, com alguns minutos a mais, a falta de ar do menino viria lhe causar graves danos à sua saúde. Atencioso aos sintomas, Dr. João Paulino, manda fazer urgentemente os exames clínicos, que momentos depois vieram demonstrar pelos resultados que era bronquite alérgica. Uma hora depois, medicado e passando bem, o menino recebe alta para voltar para casa. Daniela se sente aliviada e muito feliz pela rápida recuperação do filho. Cumprimenta o médico, que lhe corresponde com um sorriso cheio de encanto e paz. Ela então pensa: “Como existem pessoas boas nesse mundo”!

Refletindo sobre as histórias dos dois destinos, conclui-se que o homem que poderia ser um dependente químico, capaz de matar para ter a droga – graças a um programa social financiado por uma pequena empresa e realizado por uma entidade filantrópica – é um profissional respeitado, que vive para salvar vidas.

Entretanto, esta simples história vem demonstrar, que quando queremos, podemos mudar o destino de alguém sem oportunidades. E o papel de incluir pessoas carentes à sociedade passa a ser de todos, pois o governo não consegue cumprir sozinho com o seu dever. A humanidade se desenvolve e os problemas sociais se multiplicam. Diante disso, recentemente, as empresas começaram a desempenhar um papel que a princípio não fazia parte de suas atividades: desenvolver e apoiar programas de inclusão social. Para as comunidades, isso vem ser uma ótima notícia, pois a iniciativa privada prima de gestões eficazes, e seus atos não costumam ficar em promessas, e sim, em realizações.

A rotina de uma empresa está sujeita a muitos impostos e a muita burocracia, além de submeter diariamente à severa competitividade do mercado.  Mas ainda assim, pensar e praticar à inclusão social, além de fazer o bem às pessoas que são atendidas, faz bem, principalmente, à própria empresa. Os consumidores estão a cada dia, preferindo consumir os produtos e serviços das empresas que tem compromisso social, e isto, se tornará uma forte cultura, como já se tornou em alguns países do primeiro mundo. Portanto, a responsabilidade social além de salvar vidas, pode também, salvar a sua empresa. Um novo mercado para um novo mundo está sendo construído. Não fique de fora, faça parte dele.

 

Nilson Bessas Presidente do Conselho de Administração e Diretor Comercial/Financeiro do Sicoob Lagoacred Gerais. E-mail: nilson@lagoacred.com.br
Nilson Bessas
Presidente do Conselho de Administração e Diretor Comercial/Financeiro do Sicoob Lagoacred Gerais.
E-mail: [email protected]

 

 

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