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Mulheres no pedal: a modalidade que vem transformando vidas femininas no Centro-Oeste de Minas

A bicicleta é um meio de locomoção tão potente que traz e trouxe inúmeros benefícios para quem usufrui, mas especialmente às mulheres, traz, de certa forma, o empoderamento.

A paixão pelas bikes não é novidade no Centro-Oeste de Minas. Muito mais que esporte, a bicicleta ganhou espaço em diversos cenários como saúde, lazer e mobilidade. A bicicleta é um meio de locomoção tão potente que traz e trouxe inúmeros benefícios para quem usufrui, mas especialmente às mulheres, traz, de certa forma, o empoderamento.  Mariana Gomes, assessora de marketing da Avelar Sports, disse que mercado tem se preparado não só em eventos, e que hoje diversas marcas oferecem modelos de bicicletas que são focados em mulheres: com quadro mais baixo que facilita descer e subir da bike, grafismo pensado no lado feminino. Assim como a parte de vestuário também se reinventa de forma constante: mulheres gostam de pedalar de macaquinho e hoje você encontra milhares de opções com tecnologias de tecido e estampas diferentes.

 “Sempre incrível ver o número de mulheres nas competições, não é fácil lidar com toda carga que envolve ser mulher: ser mãe, trabalhar, cuidar da casa e ainda ter um hobby que você ama e se dedica a ponto de conseguir competir. Assim como ser atleta não é fácil, desde a busca de conciliar a vida de atleta com maternidade até preconceitos no meio do esporte. Eu sou suspeita pra falar, trabalho em um ambiente extremamente masculino há 8 anos, que é o do ciclismo no brasil e cada ano que passa tenho mais certeza de que as mulheres vão sim dominar o mundo: somos fortes, extremamente espertas, conseguimos gerenciar nossas vidas pessoais e profissionais com maestria e ainda andar de bike equilibrando tudo!”, afirmou.

Para entender melhor sobre essa paixão, nós conversamos com mulheres que fazem do veículo seu meio de transporte, participam de competições ou até mesmo por hobby.

Jordania Pereira é natural de Japaraíba , mas mora em Santo Antônio do Monte, onde é jornalista e diretora de Comunicação, segundo ela, o que começou por necessidade, passou a ser essencial.

“Comecei a pedalar em agosto de 2015. Sempre fui muito sedentária e estava muito acima do meu peso. Já havia tentado todos os procedimentos para emagrecer (até os que não indico hoje de forma alguma). Nesta época, meus irmãos começaram a pedalar e perderam muito peso. Não pensei duas vezes em comprar uma bike, mesmo não tendo condições. Me recordo bem que eles foram os primeiros a falar que eu não continuaria no esporte, rs, que seria só uma fase e que desistiria rápido. Não DESISTI! Entrei para perder peso, consegui e ainda ME apaixonei pelo esporte. Não importo com o lugar em que vou pedalar, a sensação de bem-estar é que me acompanha sempre! Quando comecei a pedalar vi poucas mulheres praticando a atividade. Hoje não. Principalmente depois da pandemia, onde as academias ficaram fechadas por muito tempo e a prática das atividades esportivas ao ar livre ganhou espaço. Acho que muitas ainda não vão por falta de incentivo, parceria ou até mesmo por não ter condições de comprar uma bike. Cada vez mais sinto que avançamos pelos diversos setores profissionais que, antes, eram majoritariamente masculinos. Para isso, foi preciso superar todo tipo de preconceito, ofensas e discriminação. Falo por mim mesma. Foram anos para conquistar o meu espaço e ser reconhecida profissionalmente. Nenhum direito foi nos dado, e sim tudo conquistado com muita luta. Temos muita força e capacidade de ir além. Além da perca de alguns quilinhos, heheh, ela me trouxe qualidade de vida, muitos amigos, menos estresse. Andar de bicicleta proporciona momentos de bem-estar ao lado de amigos, da família e em meia à rotina agitada. A prática vai muito além do relaxamento e da felicidade. Vocês não acreditam o quão prazeroso é acordar cedinho e sair pedalando, observando a natureza, além de desafiar-se a si próprio”, disse ela.

 

Jordania ainda complementou.

“Vivemos numa era em que cada vez mais mulheres estão conquistando seu espaço, inclusive em áreas onde historicamente a presença feminina era pequena ou inexistente há algumas décadas. Acredito que lugar de mulher é onde ela quiser. Seja liderando uma equipe ou então superando os limites do seu próprio corpo em esportes de alto desempenho. Mulheres é de um novo tempo: O tempo delas! O tempo de elas serem tudo o que podem e o que quiserem ser, após tantos anos de repreensão. Mulheres ousadas, mulheres que ultrapassam fronteiras. Mulher é saber ser um pouco de tudo e em todos os instantes ser única e especial! Aproveito a oportunidade para parabenizar a todas as mulheres que assim como eu são merecedoras de todas as conquistas! Deus nos abençoe sempre!”.

Bruna Ramos é da cidade de Arcos e contou à reportagem como vê o ciclismo feminino na região.

Comecei a pedalar em 2005 e lembro que havia muito mais homens no pedal do que mulheres. Não porque elas eram frágeis, mas por acharem que isso é coisa de homem e de moleque. As pessoas têm uma visão muito errada do ciclismo e, claro, isso vem também das mulheres; acho até que mais delas do que deles. A mulher, mesmo no século XXI, foi feita para casar e ter família. Fazer tudo isso e ainda pedalar parece coisa anormal, tanto que a maioria das mulheres que vejo no pedal é solteira ou separada, e uma pequena parte pedala para fazer companhia ao marido ou parceiro. Trabalhar fora, ter uma carreira, filhos, marido e ainda conciliar o ciclismo não é nada fácil, ainda mais sabendo que nesse meio tem mais homens que mulheres pedalando”, explicou.

Thaís Silva, é farmacêutica clínica e empresária na farmácia Alecrim, em Lagoa da Prata. Segundo ela, a bicicleta é uma paixão.

“A bike pra mim é refúgio, terapia. Comecei a pedalar por insistência da minha irmã, e me apaixonei, já são uns 8 anos pedalando, nesse tempo quantos momentos bons! Competi, visitei lugares incríveis, o contato com a natureza, a superação do próprio corpo e mente são sensações indescritíveis. Acredito que o esporte nos salva!”, disse ela.

Thaís Silva, é farmacêutica clínica e empresária em Lagoa da Prata.

 

Sabrina Mendes é professora de Educação Física na cidade de Moema, e mesmo trabalhando diariamente com o esporte, ela coloca em prática a importância da pausa para cuidar de si.

“Sempre gostei muito do pedal, daquele contato com a natureza, porém com mais frequência há mais ou menos uns 5 anos.  Além dos benefícios para a saúde, o pedal nos proporciona o contato com a natureza, a socialização, nos traz  sensações de bem-estar, felicidade, melhora o humor, traz mais ânimo e menos estresse, sensações de prazer, fatores que estão levando as pessoas a praticarem cada vez mais o pedal. Os benefícios são inúmeros, e já no início é possível notar a melhora. A prática ajuda numa maior qualidade de vida e na saúde”, afirmou.

Thaís Melo é de Santo Antônio do Monte, ciclista profissional, trabalha fora e é mãe. “Há 7 anos pratico esporte com a bike.
Ainda tem poucas mulheres praticando o ciclismo, mas com a fomentação do esporte cada vez está tendo mais mulheres.
A bike trouxe para mim a liberdade, saúde, diversão e, acima de tudo, uma válvula de escape para correria do dia a dia. O lugar da mulher é onde ela quiser. Cada vez mais estamos conquistando o nosso espaço, demonstrando que somos capazes de vencer os obstáculos e abrilhantar o esporte com beleza e leveza da mulher. Nas competições, já tivemos muitos ganhos  algum tempo pra cá, pois já temos igualdade em premiação e respeito sobre as categorias. Cada ano que passa, fico muito feliz de sempre estar aumentando o número de mulheres”, destacou.

Thaís Melo é de Santo Antônio do Monte e é atleta profissional.

A atleta também complementou.

As mulheres são capazes de realizar qualquer tarefa, seja ela de predominância masculina ou não. Não se pode colocar limites para nós. Se a felicidade está em ser uma operadora de máquina, motorista ou jogadora de futebo, qual o motivo de não exercermos? Somos determinadas, focadas e capazes. Por essas razões, sempre vamos estar ocupando mais estes lugares, pois a capacidade de aprender sempre vai prevalecer, e não o preconceito. Mulher tem que ser livre para fazer suas escolhas, e  sem julgamento da sociedade“, finalizou.

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