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Luz da Chapada | Artigo

A menina nasceu em berço pobre, muito pobre. As circunstâncias do seu nascimento foram as piores possíveis.

Sua mãe foi entregue ao pai pelo avô, visto necessidade de alimentação mesmo. Ela veio de longe, filha de escravos recém libertos mas que não tinham dinheiro, não tinham trabalho, não tinham para onde ir. A fome era uma realidade muito presente.

O avô praticamente entregou as filhas para quem quisesse levá-las, mesmo com o protesto sentido da avó e demais parentes que não queriam de forma alguma aquele desfecho. Que ficassem juntos. A família foi dissipada.

Os irmãos (homens) foram levados até a fazenda de Armânio, a fim de ingressarem na lavoura de café, coisa mais rentável na época. Assim a mãe foi entregue ao pai.

Mas o improvável aconteceu. Ao assumir a menina como esposa, o homem a amou. Amou tanto que cercou-a de muito afeto e carinho. Chego até a pensar que nasceu ali amor sem medida. Comprou a ela roupas, comida, ferramentas e outras coisas. Levantou casa. Embora humilde, constituía abrigo e proteção para a família.

A primeira gravidez tornou-se assunto de família e a felicidade era brindada por todos os familiares e amigos. Sobreveio ao pai grande aflição devido a doença que se abateu sobre ele: – doença de chagas. O coração tornou-se inchado e trabalhava com muita dificuldade, com sofreguidão. A mãe assumiu trabalho e buscava também sustento para todos. E o pior também veio a ocorrer.

A mãe contraiu tuberculose e foi levada para casa afastada no distrito, longe de tudo e de todos, visto a notícia de que esta doença matava não só o doente mas toda a família. A mãe partiu.

A menina infelizmente também ficou doente. Uma tristeza. Sem cuidado e sem os pais, a criança veio a falecer. Dizem que um homem de outras bandas, corajoso, de alma boa, vendo a situação da menina largada na entrada da igreja, por ordem do padre, tomou a menina nos braços, colocou-a sobre o cavalo e rumou, enterrando-a em lugar incerto, não sabido. De lá, colocou coisas suas sobre o alforge do cavalo e partiu, prometendo nunca mais aportar por estas bandas.

O pai ficou extremamente triste. Extremamente triste. Disseram que foi suicídio. Aliás, um suicídio anunciado, visto as condições de saúde e de cuidado que o homem estava recebendo. Morreu por inanição. Morreu de fome, de tristeza, de solidão. Dizem que morrera pela manhã. Que logo após sua morte, uma copiosa chuva desceu sobre o lugar. Chuva torrencial, com muito vento, com alguma destruição. Logo após, calmaria intensa.

A noite, como que por mágica, um grande clarão subiu por detrás da montanha e iluminou a noite. Num instante, entretanto, desapareceu.

Desde então a luz foi vista em muitos e diferentes lugares nas proximidades do Pântano, nas proximidades da área rural existente entre Lagoa e Luz.

Sempre para os lados da Chapada, vindo de lá ou indo, a luz já acompanhou tratoristas, motoristas, caminhoneiros, motoqueiros… Já foi vista por sitiantes, fazendeiros e donos de ranchos. Já foi vista inclusive por pessoas que passavam por estas bandas montadas em lombos de burro e até mesmo a pé. Pessoas sérias, idôneas, já contaram muitas vezes acerca da aparição de tal luz, confirmadas sempre.

Certa vez mantive contato com três pessoas diferentes quase que ao mesmo tempo (mensagens por celular), tentando conferir se estavam mesmo, as três a falaram a verdade, sendo que uma falou sobre a outra, como se testemunha ocular fosse, uma da história da outra. Qual não foi a minha surpresa ao ver que até mesmo nos pequenos detalhes, mínimos detalhes, as histórias eram confirmadas magistralmente.

A Luz da Chapada já assustou pessoas. Também já guiou outras na busca por médicos, remédios e socorro.

Mas a origem da história (ou lenda) da “Luz da Chapada” a qual mais me chamou a atenção foi esta. “Dizem os antigos que a luz é a alma do pai em busca da filha. Quando encontra uma alma boa, incide sobre ela, pensando ser a alma da filha”.

Histórias que o povo conta…

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