Luciene Morais – Mudanças X Perda de Identidade

Um dos maiores medos enfrentados pelas pessoas é o medo de “perderem” a sua própria identidade no processo de mudança. Não é para menos que isso aconteça!

Se uma pessoa passa por longos anos de sua vida agindo de determinada forma, é de se esperar ela comece a acreditar que aquele seu jeito faça parte de sua personalidade.

Esse processo de identificação não acontece por acaso. É na interação com as pessoas que o indivíduo construirá para si mesmo uma ideia de como ele é. Tal construção virá de frases que ele ouvirá como, por exemplo: “você é estressado”, “ você é preguiçosa”, “você é medroso”, “você é engraçada”, “você é atrapalhado” etc.

Com o passar do tempo cria-se o rótulo para aquele indivíduo e, tanto ele quanto aqueles com quem ele convive se acostumam com isso. A partir de então, cria-se a expectativa de que ele agirá sempre daquela forma, porque ele é assim e assado, faz parte da personalidade dele agir aquele jeito.

Está formado então um grande empecilho para o processo de mudança e quaisquer tentativas podem soar como ameaças. É comum então que ao tentar agir de forma diferente a pessoa ouça comentários como: “Fulano, mas você não era assim, o que está acontecendo com você”?”, “ Beltrano! Como assim? Cadê aquele Beltrano que eu conheço hein? Não, você não é assim!”, “ Sicrano, por que você está diferente? Prefiro o Sicrano de antes!”. Comentários como esses não apenas desmotivam a pessoa a seguir em seu processo de mudança, mas fazem também com que ela tenha medo de perder a sua própria identidade.

Cabe lembrar que todo processo de mudança afeta direta ou indiretamente outras pessoas e, estar disposto a mudar significa também estar disposto a lidar com comentários como os citados acima. A água, seja em seu estado gasoso, liquido ou sólido, não perde a sua essência, ou seja, não deixa de ser água porque modificou o seu estado. Da mesma maneira, o processo de mudança não fará com que a pessoa perca a sua própria identidade, pelo contrário, permitirá que a mesma a construa de um jeito diferente, à sua própria maneira.