Período de estiagem é o maior desde 1988. Levantamento foi feito na segunda-feira (25)
O município de Lagoa da Prata enfrenta um período de estiagem de 103 dias, conforme dado colhido no dia 25 de setembro. Quem acompanha o índice pluviométrico em Lagoa da Prata é o arquiteto Carlos Brasil Guadalupe (Lalinho), que faz a medição desde outubro de 1985 em um aparelho montado em sua própria residência. “Isso só aconteceu em 1988, que ficou 117 dias sem chover. Naquele ano, choveu no dia 4 de junho e depois só choveu no dia 27 de setembro. Em 1994, de 25 de junho a 17 de setembro ficamos 91 dias sem chuva. Em 1997, de 16 de junho a 14 de setembro ficamos 90 dias. Em 2015, de 3 de junho a 6 de dezembro ficamos 95 dias sem a chuva. E em 2014, de 14 de junho até hoje (25) estamos sem a chuva. Ou seja, o inverno já passou e não choveu”, comparou.
Lalinho disse que ainda há uma curiosidade. “Hoje estamos no final de setembro e ainda falta muita chuva até o fim do ano. Outubro, novembro e dezembro são meses chuvosos, mas hoje nós já temos 547 milímetros de chuva. E o que aconteceu em outros anos secos? Em 1988, no mesmo período, tinha chovido só 560 milímetros. Porém,
o ano mais seco de todos foi 2014, que choveu 713 milímetros. A média anual em Lagoa da Prata era, até 2014 de 1.500 milímetros, e hoje é de 1.350, pois em 2014 choveu a metade. Mas em 2014, até no dia 25 de setembro, havia chovido somente 297 milímetros, ou seja, metade do que já choveu este ano até a mesma data. Porém, 2014 não entra para minha lista como muito tempo de estiagem, pois no meio do caminho tiveram alguns chuviscos”.
A SECA
Lalinho destacou que a seca é um problema global e não exclusivo de Lagoa da Prata. “Muita gente pensa que a falta de chuva tem a ver com o desmatamento, mas é muito maior que isso. Isso é global. Por exemplo, no Rio Grande do Sul teve o mesmo desmatamento que em Minas Gerais ou até pior e lá está cheio de água. Então, por qual motivo lá está chegando e aqui não? São as nuvens que saem lá do Equador, pela Amazônia, olhando pelo lado esquerdo do mapa, vem pelas Cordilheiras dos Andes e desce pelo sul. E às vezes na primavera ela chega até em Minas Gerais. Muito dificilmente chega acima da Bahia”.
VOLUME DE CHUVA POR ANO:
1988 – 1.272 milímetros
1994 – 1.328 milímetros
1997 – 2.117 milímetros
2008 – 2.478 milímetros
2014 – 713 milímetros
2015 – 1.141 milímetros
2017 – até 25 de setembro, 547 milímetros