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José Antônio – O causo da Égua Roxa

Eu estudava a tarde e para  trabalhar tinha que ser de manhã, naquela época só tinha trabalho na roça ou na fábrica de foguete, que tinha que ter dezoito anos. O meu recurso foi na roça mesmo.

Arrumei um serviço com o Zagalo, para entregar leite na cidade, e a entrega era feita na tal égua roxa. No primeiro dia, o tal de pobre não tem vez, por azar meu já tive que atravessar um córrego dos Ferreiras, num frio e uma chuva e cheguei ensopado igual um pinto molhado.

O Zagalo já me perguntou porque eu estava atrasado, e eu fui explicar que era por causa do córrego. Ele já jogou um cabresto na minha mão e falou que a égua de levar leite na cidade era a roxa e que poderia buscar ela no pastinho de baixo porque ele era mansa.

Eu fui buscar a égua no pasto de capim gordura. Foi virando uma “pregança” nas minhas pernas, e na hora que eu cheguei perto, essa égua me meteu um coice e saiu correndo. Caí de costas com o cabresto, e com medo aproximei dela e de novo ela me mandou os “pés”. Eu fiquei pensando que o Zagalo tinha me falado que ela era mansinha e resolvi tentar mais uma vez.

Peguei o cabresto, mandei em cima do lombo dela e fui para o curral. Quando o Zagalo me viu já quis saber porque eu tinha demorado. Fui explicar para ele que a égua que ele falou que era mansa dava muito coice.

Na hora que ele acabou de tirar o leite e nós colocamos as latas em cima do arreio dessa égua, eu montei e saí do curral. Para passar no “corguinho” ela já nadando, na cidade foi outra labuta. Quando chegou perto do boteco do Zé do Tião, a égua tinha um problema que o Zagalo não falou comigo, a danada não podia ver lona preta nem guarda-chuva e no dia esta chovendo. Isso era um trauma da época que a égua trabalhava na olaria.

Na cidade, de repente o Silvio do Nenzito deu uma sacudida no guarda-chuva e essa égua disparou a dar coice, as latas de leite voaram e eu fui atrás de cara no chão e ela continuou pulando no meio da rua. Com muito custo o Tião, o Zico Cabral, o Lico, o Lobeira, o Geleia e um tontos no meio, conseguiram segurar a tal égua, vai passar aperto desse tanto.

Com ela já dominada me mandaram montar, mas eu já estava todo “esclaravrado”, nesse meio tempo o leite já tinha derramado e eu já estava nas “últimas”. Mas eu tinha que montar nessa égua de novo, quase todos os fregueses ficaram sem leite, eu tive que voltar e passar no Corguinho outra vez debaixo de chuva, eu e a égua passamos nadando.

Quando chegou na roça, eu fale com o Zagalo duas coisas: você falou que a égua era mansa e ela começou me dando coice lá nos pastinho. Você não me falou que ela não podia ver guarda-chuva. Muito obrigado pelo serviço, fico à toa, mas desse jeito não serve.

Perdi o dia, perdi o serviço, e ainda machuquei pra danar nessa égua roxa. Oh, vida pelejada!

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