Pastor Vaninho
Quando ia em sua residência juntamente com meu pai, Toninho, antes de sentar-me à mesa para tomar café (o melhor da cidade), tinha que dizer a senha. Na verdade tal senha era uma historinha. Perguntava à irmã Dormaci, qual era o crente mais fraquinho da igreja do Pastor Silvano.
Cobrando sinceridade (nem precisava porque esta era uma de suas melhores virtudes), perguntava qual era o crente mais vagabundo, mais “tranqueira” da igreja; aquele que se Deus não tivesse dó, nem nas nuvens iria, quanto mais responder à chamada divina do último dia. Perguntava à irmã Dormaci qual era o crente mais ruim que o Pastor Silvano tinha. Ao que ela com um sorriso lindo no rosto, respondia: “- Além de você, deixa eu pensar…” E com um riso sentava à mesa.
O Pastor sempre pedia pra dizer a historinha. Ao final do café, dizia baixinho pro meu pai que eu era na verdade um crentinho muito ruim mesmo (kkkkk).
Difícil escrever sobre ele. Sabe por que? Suas lembranças e seus conselhos ainda estão muito presentes conosco. Muito conhecida sua vida e seus feitos. Homem simples, humilde, prático. Ia direto ao assunto. Se não tinha nada a dizer, apenas sorria.
Observador atento, sabia tocar cada alma das suas ovelhas. Com duas ou três palavras, dizia aquilo que a gente queria ouvir. Não poucas vezes, ajoelhei-me diante dele para receber oração. Era um Pastor dedicado.
Nas igrejas pelas quais passou deixou marcas profundas de amor, de carinho, de dedicação. E agora, de ausência. Há pouco tempo perdemos a nossa querida Irmã Dormaci, Kiki… E agora partiu para estar com o Senhor, nosso querido Pastor.
Presidente e fundador da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Ministério Lagoa da Prata, soube como poucos administrar e comandar uma igreja. Honesto e valente, aguerrido na defesa da fé e ao mesmo tempo manso no trato com as pessoas de seu convívio, deixará para sempre um legado de auxílio pastoral e exemplos de fé e amor à obra de Deus.
Deixa sua esposa, Irmã Sirley e filhos: Jaézer (creio que assim se escreve), Jaene, Jader, Jason e nossa Pastora Jacilene. Deixa netos e bisnetos. São muitos.
Deixa uma igreja em pranto, muitos, muitos amigos, tanto no meio evangélico quanto fora dele. Deixa ainda a admiração e respeito de todos aqueles que de alguma forma conheceu nosso Pastor.
Já com sua cabeça branca, apenas com o olhar impunha respeito. Com um simples gesto de mão, reunia em torno de si a atenção de dezenas de pessoas.
Pregador com chamada autêntica, pautou sua vida pela honestidade com as coisas de Deus e também em sua vida pessoal. Pagava em dia e cobrava de todos que também assim o fizesse. Seu zelo para com o bom nome da igreja chegava a ser para ele obsessão. Quanta falta nos fará…
Que descanse em paz, nosso querido Pastor Vaninho. Sou grato a Deus pelo tempo que esteve conosco e pela nossa amizade.
Peço perdão aos leitores se o texto não se encadeou devidamente. É que saudade não se descreve… Amor, muito menos…
Que Deus cuide bem de sua tão dileta e estimada alma.
Histórias que o povo conta…