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Isaías Santos – A Balsa da Usina

Certa que existiu por sobre o Rio São Francisco em tempos idos. Disseram que durou muitos e muitos anos a auxiliar tropeiros, comerciantes e moradores de Lagoa e toda a região.

Na verdade quase não existiam pontes nestas bandas por sobre o rio São Francisco. Existia a ponte de ferro já, contudo a balsa era muito, muito utilizada. Outras pessoas afirmaram que a balsa já existia dantes da ponte de ferro. Fato é que temos notícia de sua existência até a década de 60, início da década de 70, nas proximidades da comunidade do Coqueiro.

A balsa era metálica, com material que assemelhava o mesmo dos latões, dos tambores de 200 litros, destes que veem cheios de óleo. A balsa era operada por uma ou duas pessoas. No início, apenas uma. Eram amarradas duas cordas, nas duas margens do rio, distantes cerca de 10 metros em largura, cujo espaço central ia a balsa, numa margem à outra do rio. O operador tinha duas travas que eram alçadas nas cordas.

Através destas travas, o operador puxava uma corda e outra, até arrancar com a balsa da margem, ganhando velocidade à medida que a balsa se deslocava ao meio do rio. Nesta época, o São Francisco tinha cava bem mais profunda do que hoje, e sua correnteza era mais bravia, o que sempre exigia do operador da balsa muita habilidade, precisão quando levava bens que poderiam se quebrar e mesmo cuidado quando carregava pessoas e animais.

Em certa época, o uso da balsa era cobrado. As pessoas, geralmente os tropeiros, tinham que pagar certa quantia para atravessar seus bens na balsa, o que rendia dinheiro para o proprietário da balsa.

Conta-se que um até automóveis, geralmente jipes, eram transportados de um lado a outro. Um dia, numa fazenda na cidade de Luz, uma senhora estava prestes a “ganhar nenen”. O operador da balsa recebeu a senhora nos braços, acomodando-a na parte da frente onde havia espécie de banco para as pessoas se sentarem e não irem em pé sobre a balsa, visto a possibilidade de caírem dentro do rio, visto que não havia proteção nas laterais.

O operador manobrou a todo vapor as travas e as cordas, indo a balsa até subir a outra margem do rio São Francisco, colocando a senhora novamente nos braços e acomodando-a no interior de uma carroça, indo a trote acelerado para a cidade de Lagoa da Prata, visto complicação possível no parto em virtude da criança estar “atravessada” no ventre da mãe, segundo a parteira daquelas bandas.

A balsa foi importante na época. As pontes de madeira geralmente frágeis, eram levadas pela correnteza do rio no período das cheias, anualmente. Com a construção de pontes em cimento e a proliferação das estradas, a balsa caiu em desuso.

Histórias que o povo conta…

Gostaria de deixar o meu abraço e agradecimento aos leitores da coluna, em especial, “Gaguinho, da MotoGago”, Serginho mecânico, Rick, Zezé e banda, todos os meus irmãos de farda, meus irmãos do Proerd; Lucas Junior, Marcos e Clarine! Obrigado!

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