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Intervenções na região do brejão preocupam ambientalistas

No início de outubro duas máquinas de esteira realizaram trabalhos de limpeza e desassoreamento de drenos na área de vereda. Ambientalistas contrários a exploração da área contestam intervenção e fazem apelo para recuperação da área.

Ambientalistas são contrários à exploração da área e contestam intervenção. (Foto: Rafael Ribeiro).
Alan Russel
@road_russel

Após máquinas de drenagem iniciarem intervenções na região da antiga lagoa do brejão, ambientalistas entraram em contato com a redação do Jornal Cidade com o intuito de levar ao conhecimento da opinião pública, possíveis crimes ambientais que estariam acontecendo na região. Diante das denúncias, a redação do Jornal Cidade foi até o local e, com imagens aéreas foi possível visualizar uma draga de esteira realizando a limpeza e desassoreamento no principal dreno da área de vereda, que se situa entre o perímetro urbano de Lagoa da Prata e a usina Biosev.

Na ocasião, a reportagem entrou em contato com a Polícia Ambiental para averiguar se a empresa responsável pela intervenção teria apresentado a documentação necessária. De acordo com o sargento Leonardo, a Polícia Ambiental esteve na região, juntamente com o responsável pela empresa que executa a obra, e que o trabalho que estava sendo executado corresponde com a documentação apresentada pelo consultor. O policial ambiental também informou que lavrou um Boletim de Ocorrência (BO) sobre a fiscalização e o BO foi encaminhado ao Ministério Público (MP). O sargento informou ainda, que as licenças apresentadas pela empresa responsável pelas obras, são licenças declaratórias, emitidas de forma virtual e que a responsabilidade pela veracidade das informações contidas nas licenças, são exclusivas da empresa que emitiu os documentos.

“Os órgãos ambientais responsáveis, Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Superintendências Regionais de Meio Ambiente (Supram), diante dessas declarações, emitiram a autorização à empresa responsável. Trata-se de autorização precária, uma vez que as declarações são emitidas de forma virtual pela empresa que executa o trabalho. Sendo assim, a empresa iniciou as obras. Cabe a nós da Polícia Ambiental, irmos até a obra para conferir o trabalho que está sendo executado. E foi o que aconteceu. Fomos até o local, lavramos um Boletim de Ocorrência informativo e encaminhamos ao Ministério Público. Eu sugeri ao MP para que os órgãos ambientais responsáveis viessem ao local, para averiguar de forma mais técnica, se a atividade está sendo executada de acordo com o que foi proposto pela empresa de consultoria”, explicou o sargento da Polícia Ambiental de Lagoa da Prata.

Ambientalistas se posicionam contrários à obras no Brejão

O empresário Silvio Elias foi um dos cidadãos que entrou em contato com a redação do Jornal Cidade. De acordo com Silvio, as obras são ilegais e a maneira como foi emitida as declarações não correspondem com a veracidade.

“Pelo que parece, a empresa que está executando a obra, emitiu declarações simplificadas. Mas para intervenção em uma área da extensão do brejão, que são mais de cem hectares, essa declaração é insuficiente. O que a empresa está querendo fazer é dificultar as ações dos órgãos ambientais”, aponta Silvio Elias.

Com as fortes chuvas no início do ano, região do brejão deu sinais de recuperação e começaram a formar pequenas lagoas no local. (Foto: Rafael Ribeiro).

Silvio também explica que a recuperação do brejão é um sonho antigo da comunidade. E que após o grande volume de chuvas do início do ano, a região estava se recuperando de uma maneira que até então não se viu.

“É inaceitável. A recuperação do brejão é um sonho de toda a cidade. E justamente quando a natureza mostra sinais de recuperação, eles vêm querendo drenar novamente o brejão. Vamos perder uma lagoa com um potencial hídrico gigantesco só para favorecer pecuaristas? E não são apenas pecuaristas que tem interesse no brejão não. Nós sabemos que os empresários do ramo imobiliário têm interesse na drenagem do brejão”, finaliza Silvio.

Local tem sido utilizado para pecuária (Foto: Alan Russel/Jornal Cidade).

Outro ambientalista que conhece bem a região e não quis se identificar, informa que vai diariamente na região do brejão para a prática de caminhada e que a intervenção atrapalha a recuperação da lagoa do brejão.

“Eu moro no Bairro Cidade Jardim e, diariamente venho fazer caminhada na região do brejão. Infelizmente, a situação só piora. Tem muito gado e cercas dentro do Brejão e que deveria ser uma área de preservação permanente. Com as chuvas do início do ano inúmeras pequenas lagoas foram formadas e a quantidade de fauna e flora aqui é riquíssima. Eu vejo diariamente inúmeras espécies de aves, garças brancas, flamingos e até tuiuiú. Porém, novamente, estão impedindo o brejão de se recuperar”, aponta.

O cidadão que preferiu não ter sua identidade revelada, salienta que por mais que a especulação imobiliária tenha interesse na área, a região não suporta edificações.

“Aqui é uma área de brejo, é um refúgio de animais. Não entendo como os empresários do ramo imobiliário insistem em querer fazer daqui um local para edificações. Não existe o mínimo de bom senso desse pessoal. Isso sem contar que é uma área de vereda, uma área alagadiça”, explica.

Empresa responsável pela intervenção na região contesta ambientalistas

Ambientalistas são contrários à exploração da área e contestam intervenção. (Foto: Rafael Ribeiro).

O proprietário da empresa Ambiental Sem Limites, responsável pelos trabalhos na região do brejão, falou com a reportagem do JC e afirma que todo o trabalho executado está em total acordo com as leis e que a documentação foi aprovada pelos órgãos competentes. O mestre em ciências ambientais, Frederico Muchon, afirma que o trabalho realizado é apenas desassoreamento e limpeza dos dois drenos principais existentes na área de vereda.

“O que está sendo realizado na região do Brejão é apenas um trabalho de limpeza e desassoreamento dos dois drenos principais. Não está sendo realizado nenhum rebaixamento desses drenos. Estamos retirando apenas vegetação e lama dos dois drenos principais e tudo está dentro da lei, tanto é que toda a documentação foi apresentada e aprovada pelos órgãos competentes”, explica o mestre em Ciências Ambientais.

Com relação ao posicionamento dos ambientalistas, Muchon pesa o tom, defende o direito de exploração da área pelos proprietários da terra e diz que a área está à venda, caso algum ambientalista queira realizar algum projeto de recuperação do brejão.

“O terreno ali tem dono. Esse dono paga imposto, e o dono tem direito de posse e exploração do lugar. Todo o serviço ali está sendo feito em acordo com a lei. Sempre escuto muitas reclamações dos ambientalistas com relação ao brejão. Porque esses ambientalistas não fazem uma vaquinha e compram o brejão? O terreno está à venda. Os donos vendem. Sem problemas”, finaliza Muchon.

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